Padrão de mortalidade foi afetado pela Covid-19.
A pandemia afetou o padrão de mortalidade de várias outras causas de morte, direta e indiretamente.
De forma direta, temos as comorbidades ou condições específicas que aumentaram o risco de morrer por Covid-19, como câncer, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, diabetes, hipertensão, transtornos mentais e comportamentais, obesidade, gravidez, doenças pulmonares e doenças do sistema renal. Portanto, as mortes por Covid-19 podem levar à redução da mortalidade por essas causas no curto prazo.
De forma indireta, algumas causas podem ter tido um excesso de mortalidade durante a pandemia devido às consequência da Covid longa, interrupções na atenção básica e ações preventivas, atendimento inadequado (escassez de equipamentos, pessoal e falta de leitos), aumento da má nutrição, redução da prática de exercícios físicos, diagnóstico tardio e potenciais consequências decorrentes da perda de emprego e redução de laços sociais.
De um modo geral:
· Quedas na esperança de vida ao nascer em 2020, 2021 ou ambos os anos foram observadas na grande maioria dos países (uma exceção é a Austrália).
No Brasil: (obs: essas
mudanças não foram uniformes).
·
Observamos
um aumento nas taxas de mortalidade por gravidez,
parto e puerpério, diabetes, hipertensão arterial e doenças renais;
·
A
tendência de declínio das taxas de mortalidade por transtornos mentais se reverteu. O aumento das taxas de mortalidade
por transtornos mentais e comportamentais foi mais acentuado entre homens na
região Nordeste;
·
Flutuações
típicas nas taxas por gripe, pneumonia e outras doenças respiratórias não foram
observadas;
· Houve redução para grupos de causas relacionadas ao sistema digestivo, rim e sistema urinário, neoplasias e coração e acidente vascular cerebral (enquanto mortes por doenças cardiovasculares aumentaram nos EUA durante a pandemia, no Brasil houve redução);
O Brasil retornará em 2023 aos níveis de mortalidade observados antes da pandemia. Entretanto, permanece a incerteza sobre a magnitude e a duração das consequências da Covid longa e do aumento da pobreza e da fome.
Enfim, vamos precisar de ações fundamentais para mitigar as consequências indiretas da Covid-19 em outras causas de morte. Entre elas:
A)
a
equidade;
B)
a
normalização dos atendimentos e serviços que foram interrompidos durante a
pandemia;
C)
a
melhoria do atendimento à saúde mental;
D)
o
fortalecimento da atenção básica;
E) a vigilância e o uso da informação para guinar políticas e programas.
Todo um investimento necessário para
garantir a melhoria da saúde da população e a sustentabilidade futura do SUS!