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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

quinta-feira, 31 de maio de 2018

O mercado continua no poder.


As contradições já existentes se acentuaram e outras surgem (surgirão?) como consequência da crise...

Caso a crise dos últimos dias tivesse surtido algum efeito, seria mais provável a saída de Michel Temer da presidência do país do que a saída de Pedro Parente do poder da Petrobras. Tratou-se de uma disputa pelo espólio econômico do Estado e, em segundo lugar, de uma disputa pela direção política do projeto golpista vigente.

Vamos seguir com o alto preço dos combustíveis (a vida cotidiana, como gás e gasolina, simplesmente permanecem como estão, com aumentos permanentes), uma crise econômica acirrada, a política de austeridade liderada pelo projeto neoliberal de Temer, uma base de apoio ainda firmada na burguesia interna e o capital financeiro no comando.

Continua em aberto o espaço que pode ser ocupado pelos setores progressistas. Quem vai pagar a conta desse acordo em que o governo se comprometeu, de modo escandaloso, a continuar drenando riqueza nacional para o capital financeiro? E os impactos das perdas bilionárias oriundas da paralisação?

Um detalhe me chamou a atenção: o comportamento dos militares e setores de segurança. Estes claramente fizeram jogo duplo. Apesar dos anúncios bombásticos do uso da força pelo governo, em muitos lugares foi visível, literalmente, o apoio das forças de segurança. A demora do alto comando das Forças Armadas em negar de modo firme os pedidos de intervenção militar também ficou visível. Entretanto, não se consegue definir se há um apoio amplo em toda a hierarquia ou se é difuso e com mais peso nos setores de patente baixa. Ainda que componham com o governo, também flertaram com o golpismo, fizeram seu teste de até onde possuem apoio popular. As forças militares se consolidaram como força política e com potencial para se tornar um “poder moderador” dos demais poderes da República. Não fazem questão de esconder sua falta de apreço com este governo. Porém, também parece que não querem se arriscar numa aventura golpista.

Enfim, não há respeito ao povo, à nação, aos trabalhadores, nem a democracia. Agora, resta outro cenário de disputa – as eleições de 2018. A política nos salvará? O que você espera do povo? Todas as fichas de desestabilização serão apostadas pelos setores de direita no processo eleitoral para que legitime a força econômica atual.

Para onde vamos? Sem dúvida a conjuntura foi alterada, forças sociais entraram em cena. As eleições de outubro ainda permanecem uma incógnita, o ponto central segue sendo Lula e a falta de opções dos setores golpistas. O governo se mantém, mas já não existe. Não cai porque um novo arranjo neste momento é inviável. Os setores fascistas saíram à luz do dia e ganharam seu espaço. A esquerda ficou atordoada. A inquietação social, o desespero de um país que se esfacela, são combustíveis para novas explosões sociais. Devemos estar preparados!
Neilton Lima
Coordenador Pedagógico Escolar

ESQUERDA x DIREITA

Brilhante texto. Assinei lá embaixo!
(Por Ariano Suassuna)

Não concordo com a afirmação, hoje muito comum, de que não mais existem esquerda e direita. Acho até que quem diz isso normalmente é de direita.

Talvez eu pense assim porque mantenho, ainda hoje, uma visão religiosa do mundo e do homem, visão que, muito moço, alguns mestres me ajudaram a encontrar. Entre eles, talvez os mais importantes tenham sido Dostoiévski e aquela grande mulher que foi santa Teresa de Ávila.

Como consequência, também minha visão política tem substrato religioso. Olhando para o futuro, acredito que enquanto houver um desvalido, enquanto perdurar a injustiça com os infortunados de qualquer natureza, teremos que pensar e repensar a história em termos de esquerda e direita.

Temos também que olhar para trás e constatar que Herodes e Pilatos eram de direita, enquanto o Cristo e são João Batista eram de esquerda. Judas inicialmente era da esquerda. Traiu e passou para o outro lado: o de Barrabás, aquele criminoso que, com apoio da direita e do povo por ela enganado, na primeira grande “assembléia geral” da história moderna, ganhou contra o Cristo uma eleição decisiva.

De esquerda eram também os apóstolos que estabeleceram a primeira comunidade cristã, em bases muito parecidas com as do pré-socialismo organizado em Canudos por Antônio Conselheiro. Para demonstrar isso, basta comparar o texto de são Lucas, nos “Atos dos Apóstolos”, com o de Euclydes da Cunha em “Os Sertões”. Escreve o primeiro: “Ninguém considerava exclusivamente seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum. Não havia entre eles necessitado algum. Os que possuíam terras e casas, vendiam-nas, traziam os valores das vendas e os depunham aos pés dos apóstolos.

Distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade”. Afirma o segundo, sobre o pré-socialismo dos seguidores de Antônio Conselheiro: “A propriedade tornou-se-lhes uma forma exagerada do coletivismo tribal dos beduínos: apropriação pessoal apenas de objetos móveis e das casas, comunidade absoluta da terra, das pastagens, dos rebanhos e dos escassos produtos das culturas, cujos donos recebiam exígua quota parte, revertendo o resto para a companhia” (isto é, para a comunidade).

Concluo recordando que, no Brasil atual, outra maneira fácil de manter clara a distinção é a seguinte: quem é de esquerda, luta para manter a soberania nacional e é socialista; quem é de direita, é entreguista e capitalista. Quem, na sua visão do social, coloca a ênfase na justiça, é de esquerda. Quem a coloca na eficácia e no lucro, é de direita.

Ariano Suassuna (1927 – 2014).
Neilton Lima da Silva (2018).

A Verdade da Petrobras.


Eles querem algo que todos nós também queremos. Então, por que não nos juntamos a eles?

A informação é um dos grandes e atuais problemas do mundo. Guerras são feitas com base nela, principalmente as falsas ou distorcidas. E tudo se agrava quando uma das partes perde o direito da réplica e do contraditório.  

Os petroleiros estão hoje no centro do furacão que está o Brasil. A greve de advertência (de 72 horas) por eles decretada tem o objetivo de protestar sobre a criminosa política de preços praticada na Petrobras, que já provocou aumentos absurdos nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. Isso quer dizer que a greve não tem pauta corporativa (petroleiro não quer aumento de salário ou algo pessoal para a categoria). A greve do petroleiro quer algo que todos nós queremos.

Qual é o custo da Petrobras para refinar derivado hoje no Brasil? Em média, R$ 0,92 o litro. Se você for importar o litro, ele vem custando R$ 1,47 (repare, estamos falando de R$ 0,55 de diferença). Hoje, a empresa tem a capacidade de refinar 2,4 milhões de barris por dia (o que o Brasil consome hoje). O que acontece, a Petrobras está refinando hoje apenas 1,6 milhão de barris por dia (abrindo uma carência de 800 mil barris, que são importados). O Brasil está pendurado no agronegócio. Ou seja, temos capacidade de produzir o necessário para abastecer o mercado interno, tranquilamente (é o que chamaríamos de autossuficiência). Logo, por que o preço no momento tem que está tão alto?

De novo: por que a Petrobras faz esse sucateamento da sua capacidade de refino, e opta pelas importações? Para atender a venda do mercado externo.

Se você é um país que não tem petróleo nem refino, você precisaria importar derivado e seguir o preço internacional. Não é o nosso caso, porque o Brasil tem petróleo e tem refinaria. O país que mais exporta para o Brasil (gasolina e óleo diesel) é os EUA. Nós não temos necessidade de importar derivados. Logo, a Petrobras está subutilizando sua capacidade de refinar petróleo para atender um interesse externo. Então a Petrobras não quer mexer no preço para forçar aqueles que estão importando petróleo, continuar importando.

Tudo agora se coloca o exército na rua. Ora, o exército tem outra missão nobre que não é a de confrontar com o povo brasileiro. O que o povo brasileiro precisa é de uma intervenção social, de reativar sua indústria de óleo e gás, de construção civil, habitação, saúde, educação e segurança pública. Renegociar as dívidas de forma sustentável, e oferecer oportunidades.

Assim, as eleições 2018 tem um foco para quem vai governar e gerir o setor petróleo: mudança de orientação na Petrobras, revisão dos cronogramas de leilões do petróleo, garantia da participação da Petrobras em todos os leilões do Pré-Sal, controle da Petrobras sobre a produção brasileira seguindo nossos interesses e não os ditames estrangeiros, retomada dos investimentos em refino interno e autossuficiente de petróleo, a importância em retomar investimentos em fertilizantes (importamos 80% dos fertilizantes que precisamos, num país de alta agricultura), garantir o controle sobre os nossos ativos e suprir nossas demandas internas. Enfim, atacar e reduzir nossas vulnerabilidades, a maior delas, a desigualdade social.

A Petrobras precisa ser colocada nos trilhos da sociedade brasileira, voltando a trabalhar acreditando e servindo ao povo do país. Podemos reativar a indústria naval, o nosso parque de refino e voltar a investir em pesquisa e desenvolvimento para garantir nosso futuro. Tudo isso aos interesses do Estado, colocando a empresa como Operadora Única.
Neilton Lima
Coordenador Pedagógico Escolar

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Justiça Escroque!


A Polícia Federal já está emitindo multas no valor de R$ 100 mil para as transportadoras de empresários e R$ 10 mil para motoristas autônomos que insistirem nas paralisações. Sobre o anúncio da greve dos petroleiros (aí sim, greve de trabalhadores, e não locaute de empresários), foi como se estivéssemos em outro País, com outra Constituição e outro Judiciário. A justiça mostrou uma agilidade admirável para declarar a greve ilegal e estipular uma multa de R$ 500 mil por dia em caso de descumprimento.

Claro que essa, agora, se trata de uma greve política. Afinal, além da saída do macabro Pedro Parente (e do projeto que está por traz da sua política de preços internacionais – a privatização da Petrobras), a lista de reivindicações dos petroleiros traz a redução dos preços do gás e dos combustíveis, o fim do sucateamento das refinarias e do patrimônio da Petrobras.

Caberia agora à sociedade e seus movimentos organizados assumirem a greve ao lado dos caminhoneiros. Afinal, eles não conseguirão segurar a barra sozinhos. Todavia, parece que a população em massa só irá para rua quando a fome apertar ou se bloquear o Whatsapp.

A política de preços praticada e a importação da gasolina e do diesel têm um objetivo claro que precisamos todos juntos evitar: a volta ao fogão a lenha e o suicídio da Petrobras.
Neilton Lima
Coordenador Pedagógico Escolar. 



terça-feira, 29 de maio de 2018

Casos bizarros e engraçados...


Nesse exato momento em São Paulo, e em vários outros lugares do Brasil, estão acontecendo esses ricos e hilários episódios. 
- Em São Paulo, tem gente seguindo os caminhões tanques pela cidade para saber onde está chegando gasolina.
- Motorista de caminhão virou uma grande estrela, porque todo mundo está perguntando para onde ele vai e onde quer parar.
- Tem gente dormindo em posto de combustível.
- Gente empurrando o carro ou a moto até o posto para abastecer, ou seja, o transporte virou motorista e o motorista o transporte.
- Galões de água de lojas de conveniência estão acabando porque as pessoas estão comprando os galões cheios e jogando a água mineral fora para substituir por gasolina.
- Tem posto que nem previsão tem de chegar combustível, mas tem gente na fila dormindo desde 17:30h da tarde de domingo passado.
- Tem gente dormindo no carro perto do posto de gasolina mais próximo na expectativa de quando a gasolina vai chegar, porque se sair com o carro para outro lugar a gasolina acaba no caminho.


segunda-feira, 28 de maio de 2018

Herança Maldita...


Sou um Coordenador Pedagógico, mas não precisaria ser economista para chamar atenção aos ajustes econômicos para enfrentar a crise. As finanças públicas acumulam déficits bilionários, e a dívida pública não para de crescer (clique em cima da imagem lá embaixo para ampliar)

Os recursos obtidos com a venda de títulos públicos (ou seja, por meio do aumento da dívida pública) podem ser empregados só para dois fins: fazer investimentos e rolar os vencimentos da própria dívida. O Governo não pode se endividar para pagar os aposentados nem suas próprias contas. Acontece que, o Governo de Michel Temer está deixando uma herança gigantesca de dívidas para o seu sucessor. Agora imaginem com essa paralisação já de 8 dias pelo país? Além da queda de produtividade, o Governo arrecada menos em tributos, ao ponto que negocia com os caminhoneiros de empresários um desconto no diesel que renderá um prejuízo de R$ 10 bilhões aos cofres públicos.
Não me parece nem um pouco casual essa paralisação prolongada do locaute dos caminhoneiros. Defendo a teoria da conspiração, se é assim que poderia chamá-la, como um fato orquestrado por lideranças poderosas do país (Governo Temer, Empresários e Mídia) contra a sociedade brasileira, visando empurrar-lhe goela abaixo a Reforma da Previdência. Ou seja, estamos com a faca no pescoço.

Querem nos convencer de que é necessário um corte profundo nos gastos públicos ou haverá o risco de todo o país passar por uma situação similar à do Rio de Janeiro, e outros estados quebrados. Agora pensem comigo: imaginem a suspensão do pagamento de aposentadorias? E a interrupção temporária de serviços de saúde e educação, como as de agora, só que mais prolongadas e sem prazos previstos de retorno? Cadê o dinheiro para investimentos em obras? Estão tocando um prévio terror na sociedade brasileira como aviso prévio.

Entrando no 8º dia de greve, imprevisível, um sintoma de gravidade do quadro que aprofunda é a probabilidade de, a partir de 2019, seja qual for o Governo eleito nessas eleições (se é que elas acontecerão), ficar impossibilitado de cumprir a chamada “regra de ouro” das finanças públicas – o que seria uma violação da Constituição.

O Governo Temer tentou um primeiro chamado para a Reforma da Previdência, não conseguiu. O que está acontecendo agora é outro chamamento, da pior forma. Se não conseguiu o apoio da população por bem, conseguirá por mal?


Neilton Lima
Coordenador Pedagógico Escolar. 

Conspiração Total...

Qual é o caráter dessa paralisação no Brasil, e que força a dirige?

Todo mundo dando uma de mocinho ingênuo e desentendido para algo muito bem montado e orquestrado. Uma armadilha criada pelo Governo e Empresários e jogada para a Sociedade Brasileira. Colocou o povo no paredão com a ameaça de crise de abastecimento e a paralisação dos serviços públicos para empurrar goela abaixo a Reforma da Previdência.

Montando o quebra-cabeça da coisa:
- De um lado, os 70% dos caminhoneiros de empresários que causaram o locaute, puxando os outros 30% de caminhoneiros autônomos.
- Do outro lado, o Governo dando uma de acuado e tentando negociar a pauta de reinvindicação.
- O suposto foco da coisa: carga tributária como fim do imposto dos combustíveis (êpa!? Impostos? PIS/Cofins não servem ao financiamento da Seguridade Social brasileira?). Isso não ataca um conjunto de impostos que servem ao atendimento de políticas sociais utilizadas amplamente pela população, especialmente pelos trabalhadores mais pobres?
- No meio, a mídia, como o Fantástico de ontem (27/05), mostrando o caos que está se instalando e tocando o terror na sociedade, pressionada pela crise de abastecimento eminente e a paralisação dos serviços públicos.
- O significado de tudo: redução do preço do diesel (ganham, principalmente, os empresários); o Governo (que fica com a imagem lavada de bom negociador, segurando seus últimos dias no poder) e a sociedade (única prejudicada, pois além de servir de massa de manobra é a que vai pagar o pato, com um rombo de R$ 10 bilhões das cargas tributárias que alimentam a seguridade social, ou seja, mais pressionada à Reforma da Previdência).
- Ainda vale ressaltar outro aspecto: tudo favorável ao ano eleitoral decisório. Se a direita se mantiver no poder, já estará no cenário perfeito para orquestrar a continuidade da entrega da Petrobras e do Brasil.

Esse governo golpista descobriu a maneira de fazer a reforma na previdência sem a necessidade de aprovação pelo Congresso.

Neilton Lima
Coordenador Pedagógico Escolar.

domingo, 27 de maio de 2018

Quem decide o acesso a direitos básicos como educação, saúde e transporte?


O poder econômico ou o Estado?

O liberalismo econômico é uma fraude. Quem detém o poder de fato, no mundo, é o capital transnacional. Algumas poucas megacorporações sugam loucamente os recursos naturais e controlam os mercados do planeta inteiro. O poder econômico coopta, pressiona e, se necessário, ataca os governos dos Estados nacionais para que estes adotem as políticas econômicas que facilitam, e muito, a sua atuação predatória. Abertura dos mercados, desregulamentação da economia e Estado mínimo são expressões que soam como música aos ouvidos dos donos do poder.

“Os governos que elegemos, no fundo, são correias de transmissão das decisões e das necessidades do poder econômico (representado pelo FMI, OMC e pelo Banco Mundial), e os governos não só funcionam como correias de transmissão, mas também como os agentes que preparam as leis, como as que levam ao emprego precário”. Em um cenário como esse, dizer que o livre mercado é a solução para os problemas da sociedade só pode ser uma de duas opções: picaretagem ou inocência.

O Estado, cujo poder político e econômico permite que se faça algum enfrentamento com o capital, tem – ou deveria ter – o dever de proteger as pessoas da fome insaciável por lucro dos tubarões do capitalismo. A submissão total de um governo ao mercado dá no desastre que estamos vivenciando. Os preços de produtos que afetam a economia inteira do país aumentam descontroladamente e o governo, com sua fé cega nos dogmas liberais, só faz alguma coisa quando a situação sai completamente do controle.

Deixar o poder econômico decidir quem tem acesso a direitos básicos como educação, saúde e transporte é condenar à indignidade bilhões de seres humanos.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Inveja (Parte III): Um dos 07 pecados capitais.


Os aspectos amedrontadores e corrosivos da inveja.
A inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o Sol. Nenhum vento o atravessa; ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre trevas espessas. A palidez cobre seu rosto, seu corpo é descarnado, o olhar não se fixa em parte alguma. Tem os dentes manchados de tártaro, o ventre esverdeado pela bile, a língua úmida de veneno. Ela ignora o sorriso, salvo aquele que é excitado pela visão da dor. Assiste com despeito ao sucesso dos homens e esse espetáculo a corrói; ao dilacerar os outros, ela se dilacera a si mesma, e este é seu suplício. (Ovídio, Metamorfoses).

1.      Soberba – Humildade. É conhecida também como vaidade ou orgulho. Está associada a orgulho excessivo, arrogância e vaidade. A Soberba consiste em ser superior a todos, isso fez com que Lúcifer se sentisse mais alto que o próprio Deus. Vanglória.
2.      Avareza – Generosidade. Ou ganância, é o apego excessivo e descontrolado aos bens materiais e ao dinheiro. Ela conduz à idolatria, que significa tratar como se fosse Deus algo que não o é. É considerado o pecado mais tolo, por se firmar em possibilidades.
3.      Luxúria – Castidade. É o desejo passional e egoísta por todo o prazer corporal e material. É definida, por vezes, como desejo perante o prazer sexual mal administrado, embora incorpore outros tipos de desejo, como o da comida, o da bebida e o da superioridade em relação aos demais. Também pode ser entendida em seu sentido original: “deixar-se dominar pelas paixões”.
4.      Inveja – Caridade. (do latim invidia) é o desejo exagerado por posses, status, habilidades e tudo que outra pessoa tem e consegue. Uma pessoa invejosa ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de outra pessoa no lugar do próprio crescimento espiritual. O invejoso ignora tudo com que foi abençoado e que possui, para cobiçar o que é do próximo. A inveja é frequentemente confundida com o pecado capital da avareza, um desejo por riqueza material que pode ou não pertencer a outrem. Na forma de ciúme, a inveja é proibida pelos Dez Mandamentos da Bíblia.
5.      Gula – Temperança. Desejo insaciável por comida e por bebida. A gula também está relacionada com o egoísmo humano: querer adquirir sempre mais e mais, não se contentando com o que já tem, uma forma de cobiça. A gula seria controlada pelo recurso à virtude da temperança.
6.      Ira –Paciência. Ou cólera, é o sentimento humano de externar raiva e ódio por alguma coisa ou alguém. É o forte desejo de causar mal a outrem e um dos grandes responsáveis pela maior parte dos conflitos humanos no transcorrer das gerações. Sua virtude é o Perdão.
7.      Preguiça – Diligência. Alguém que vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência, desleixo, morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a leva a uma inatividade acentuada.

Inveja (Parte II)


“A fraqueza dos membros infantis é inocente, mas não a alma das crianças... Vi uma, cheia de inveja, que ainda não falava, mas já olhava, pálida e colérica, seu irmãozinho mamar”. (Santo Agostinho, Livro I das Confissões).

“Nada distingue o mundo grego do nosso tanto quanto o juízo a respeito dos conceitos éticos individuais, como discórdia e inveja. O grego é invejoso e não considera tal qualidade vergonhosa, mas como dom de uma deidade benéfica. Por meio do ciúme, ódio e inveja, impulsiona os homens à atividade: não a de destruição, mas a de disputa. Que abismo de juízo ético separa-os de nós!”. (Friedrich Nietzsche).  

A inveja é um problema sério na infância. Ela impede a criança de viver a própria vida. Se não for trabalhada, pode gerar um adulto inseguro e infeliz. Ou seja, a inveja que foi descontrolada numa fase inicial reaparece nos momentos de tensão (épocas difíceis, como de doenças ou adversidades, ou ainda de mudanças e desafios) e precisa ser superada para que haja criatividade e otimismo.

Isso acontece principalmente diante de situações novas, pois fazem aflorar cicatrizes e sentimentos antigos, que precisam ser superados de novo. No entanto, as experiências novas também proporcionam a possibilidade de mudança ou de aturar melhor os antigos sentimentos primitivos. Em qualquer idade, é doloroso se conscientizar da própria inveja, tanto que sempre tentamos desmenti-la.

“Quando atacamos um objeto externo admirado, atacamos também a representação dele em nossa mente. Isso nos deixa sem um apoio interno, e a culpa do ataque afeta o nosso senso de valor pessoal. O ataque interno às pessoas e às qualidades que prezamos – os nossos ‘objetos bons’, como dizem os psicanalistas – pode provocar um sentimento de destruição e desolação interna”.

Às vezes o indivíduo não suporta não ser o melhor. Então, o ataque ao que é bom talvez não se deva apenas ao desejo gratuito de prejudicar e tenha outra motivação: destruir algo ou alguém cuja qualidade o indivíduo entende de um modo que o faz se sentir mal. Na inveja sempre existe uma comparação – inveja-se aquilo que não se tem. A inveja destrutiva é frequentemente acompanhada de uma consciência persecutória (mania de perseguição), que por sua vez implica solidão e sensação de abandono.

O invejoso não pode aceitar ajuda por não suportar que lhe deem nada. A dificuldade em ambos os sexos é aceitar algo que venha de outras pessoas.

O mundo interior das pessoas é criado em parte pelos sentimentos e em parte pela convivência com os outros. Todos temos dois tipos de consciência (a compreensiva e a impiedosa) e os usamos em momentos diferentes. Eles são constituídos por uma mistura dos nossos sentimentos e da bondade ou da severidade real das pessoas ao redor.


Como se livrar da inveja?

Os invejosos parecem ter perdido ou reprimido na origem a capacidade de se preocupar com o outro admirado. A própria capacidade de se arrepender é projetada em terceiros, como parentes ou autoridades. Eles não têm compaixão pelas vítimas, e ainda manipulam os sentimentos de outras pessoas para acabar com a vida delas.

A aflição provocada pela inveja e pela perda pode ser compensada no prazer com a vida dos outros e na gratidão para com a vida. Uma das melhores maneiras de tentar se livrar da inveja é a “troca de papeis” ou “identificação projetiva”. É uma maneira de nos livrarmos dos sentimentos indesejáveis e tentar dominar os sentimentos que queremos ter. Quando procuramos nos livrar da inveja, nós a projetamos em outra pessoa, enfatizando sutilmente as falhas dela e apontando para a nossa pretensa superioridade.

A inveja pode apontar com precisão as fraquezas e exagerá-las, em detrimento da pessoa ou da qualidade admirada. E esse processo é quase sempre inconsciente. Isso não significa que não existam outras pessoas bem conscientes da própria inveja e que parece não ter remorso dos seus ataques invejosos. Obviamente, é bem mais difícil lidar com pessoas assim, uma vez que elas são incapazes de sentir culpa ou compaixão, que podem levar à mudança, ou pelo menos a vontade de não prejudicar os outros com a sua inveja.

A paz de espírito é uma das qualidades mais invejadas. Outras são a bondade, a sexualidade pura e a inocência emocional – a inexistência de inveja. Inclusive, essas qualidades são os principais alvos de destruição da inveja avassaladora (que não mostra remorso algum). A inveja abomina o relacionamento sexual afetuoso (talvez pela raridade e beleza que possui). Espiar a relação sexual dos outros ou no mínimo pensar nisso é outra ocupação da inveja, que acredita ser toda relação amorosa submissão da vontade às paixões ignóbeis do corpo. Daí os ataques racistas e a linguagem chula que sugerem a projeção de uma sexualidade proibida, que é invejada e depois atacada.

A inveja é venenosa. Ela é constituída de ideias perigosas que, por natureza, são venenos. A princípio raramente provocam desgosto, mas logo que agem no sangue, queimam como minas de enxofre. Pessoas dominadas pela invídia são peritas em usar a inveja para manipular e devastar, pois sabe exatamente como seduzir o adversário e o faz sem remorso. É gente que se serve de planos pervertidos e cheios de intrigas, sabia de que não conseguirá nada além da vitória da destruição. O invejoso é uma ameaça a outras pessoas, pois é capaz de controlar os acontecimentos e arruinar tudo de que ele se sente excluído, como se enfrentasse o sentimento de inveja eliminando as pessoas que se inveja.

O lado invejoso e sequioso priva o indivíduo da sua capacidade de avaliação (ter senso de responsabilidade e sentimento de culpa). A inveja costuma enfraquecer os sentimentos bons sem que o invejoso se dê conta (a pessoa não consegue refrear os seus sentimentos e nem dar valor à vida dos outros). É esse caráter oculto que pode fazer a inveja tão difícil de controlar e tão perniciosa. Ela é como uma cobra no mato, o inimigo oculto que se infiltra sem ser visto.

A ocorrência simultânea da inveja e da culpa pode ser muito dolorosa, desesperadora e temida. Daí o indivíduo tentar se livrar das responsabilidades e dos danos, projetando-as. Pode-se chegar perto do remorso, sentir a dor da culpa e depois recuar, achando que o dano é grande demais para ser enfrentado. Então o indivíduo divide os seus sentimentos, livrando-se da inveja ou da preocupação, a fim de não ter o sentimento incômodo causado pela consciência das duas. Quase sempre não temos consciência de que renegamos nossos sentimentos. Constantemente estamos negando involuntariamente aspectos nossos. Ora, o restabelecimento dos aspectos indesejáveis do eu, além de doloroso, pode trazer uma boa dose de verdade, que talvez pareça mais significativa que a dor do reconhecimento.

Há uma sensação de choque quando duas partes separadas do eu se juntam. Esse choque pode ser o resultado de um passo importante para a cura da cisão das partes do eu. A inveja é capaz de sabotar o seu eu mais solidário e construtivo.

Frequentemente a inveja é sentida de um modo mais insidioso (que arma insídias, prepara ciladas, que parece benigno, mas pode ser ou tornar-se grave e perigoso) contagiando o ambiente gradativamente. Esse veneno lento é o lado sutil da inveja, e a dúvida que ela cria é uma das suas marcas registradas. Seu mundo interior é atacado dissimuladamente, pois a inveja visa destruir as próprias qualidades que a pessoa invejosa deveria, ao contrário, valorizar e usufruir.

Ao lidar com a inveja nas relações diárias, há um vaivém inevitável entre as forças da criatividade e da vida e as da inveja e da destrutividade.

O que provoca inveja?

1.      Como as coisas são dadas e recebidas? Se aquele que dá gosta de fazê-lo e não está tentando diminuir o que recebe, este pode ser capaz de aceitar com gratidão o que se oferece e ter a vontade de fazer o mesmo, dando algo em troca. É importante que o indivíduo que dá sinta felicidade com o prazer daquele que recebe e se interesse pelo que este faz com o presente.
2.      Pode ser estimulada inconscientemente. É sempre importante estar atento ao que acontece nos dois lados da relação em que ela surge. Se aquele que dá consegue transmitir que não se considera perfeito, é mais provável que o recebedor note o espírito humano existente, o que torna mais fácil aceitar o que se deu e enfrentar qualquer inveja que ele sinta.
3.      Inveja motivada por privação ou desigualdade. É a relação inveja-sociedade. Onde existem desigualdades gritantes há inveja, que, contudo, pode ser causada mais por privação do que por dificuldades individuais para tolerar a felicidade dos outros. Tem-se usado o termo “políticas de inveja” como justificativa das enormes desigualdades de riqueza e privilégios, como se os menos privilegiados devessem se esforçar para não ter inveja.
- Por exemplo, o vandalismo é de certa maneira uma manifestação de inveja provocada por desigualdades sociais flagrantes, e não simplesmente um problema de destrutividade de vândalos individualizados.
- Há ainda a questão de por que algumas pessoas recorrem ao vandalismo, outras procuram emprego e outras tentam mudar a sociedade.
- O problema da inveja na sociedade diz respeito a uma mistura de fatores pessoais e sociais. Os ataques de inveja a bens materiais podem ser tão complexos quanto a própria sociedade. Estão imbuídos de fatores concretos e psicológicos:
A) o vândalo adolescente talvez não tenha emprego nem perspectiva de trabalho ou de escolaridade maior;
B) o vândalo adolescente pode ser um garoto desajustado que tem boas oportunidades de estudo, mas acha que recebe uma educação padronizada que não lhe dá espaço como indivíduo, tanto pelo que ele tenha para oferecer como por suas limitações.
C) O vândalo adolescente já é um ser invejoso, bem como fatores que contribuíram para isso na sua infância e no seu temperamento.

- Entretanto, pode-se constatar na sociedade certos ataques por inveja que não parecem ter relação com a injustiça social. Ex: os hackers da internet, por exemplo: são inteligentes e têm o conhecimento e os computadores necessários para sabotar a comunicação entre outras pessoas. O objetivo deles é disseminar a destruição arbitrariamente, só por prazer (faz lembrar uma versão muito mais destrutiva da criança que insiste em interromper a conversa dos pais). O hacker quer danificar o equipamento de modo que nenhuma comunicação seja possível, e o prazer dele se encontra no saque invejoso e na satisfação de vencer o sistema.

- As manifestações sociais de inveja não se restringem de forma alguma a atividades criminosas. Existem várias maneiras de expressar inveja na sociedade. Por meio da mídia e de outras instituições como times de futebol, as empresas de música e de cinema, nós elevamos as celebridades e depois tentamos destruí-las com fofocas e escândalos e tirando-lhes a privacidade – uma intrusão invejosa em vidas que ajudamos a construir.
- Permitimos que os publicitários provoquem a ganância e o desejo de bens materiais, de artigos da moda a carros chiques. Pode-se argumentar que a publicidade incentiva a imitação, mas quase sempre parece se tratar de uma imitação fundada na insatisfação com nós mesmos e com a nossa imagem produzida pelo comércio, um ataque invejoso à nossa autoestima e a outros valores. Isso nos leva à necessidade de comprar determinada coisa para nos sentirmos valorizados, em vez de dar valor ao que já temos ou nos atermos ao interesse e ao envolvimento naquilo que está além de nós e das posses materiais.

4. Inveja relativa à intolerância à diferença. Trata-se de outra manifestação social da inveja existente na discriminação de grupos humanos diferentes do nosso. As diversas divisões da sociedade podem levar à suspeita e à desconfiança deles. Isso nos faz voltar à inveja destrutiva que se deve não só à privação ou à competição por recursos, mas ao fato de ser difícil de aceitar o que as outras pessoas têm para oferecer.
- É mais fácil desmerecer um grupo diferente do nosso e procurar falhas neles do que sermos receptivos ao novo.
- O preconceito consiste principalmente na projeção de sentimentos indesejáveis em grupos ou indivíduos.

Se o mal já aconteceu, o reconhecimento pode levar à reparação e à reconciliação. Desde que se consiga assumir a responsabilidade pela própria inveja, pode-se iniciar um ciclo benéfico, em que a amargura e a culpa deem lugar ao prazer, à gratidão e à conscientização de que a outra pessoa ou coletividade têm oferecido algo que era difícil aceitar. A gratidão, o alívio proporcionado pela preocupação com outra pessoa e o prazer com o que essa pessoa tem para dar servem para contrabalançar os efeitos nocivos da inveja. 

Inveja (Parte I)


Eu tenho que confiar sempre! Primeiramente em Deus; depois em mim mesmo, e no meu discernimento. O coordenador se encontra diante de um ataque tão violento que nem o discernimento vai curá-lo. Retomar sempre o contato com o meu lado construtivo, o alvo de enfraquecimento.

A desigualdade de riqueza e de oportunidades na sociedade e entre as sociedades costuma provocar inveja nas pessoas e nas comunidades desprovidas, e culpa a negação nas abastadas. A onipresença da televisão, com programas e anúncios em que a propaganda impera, também aumenta a inveja nas regiões em que a maioria dos produtos comerciais é inalcançável por causa da pobreza.

Podemos tentar rejeitar os nossos traços negativos em vez de sermos capazes de suportar o fato de que outro grupo tem características que não temos e de aceitar e usufruir a riqueza e a diversidade da diferença.

Decerto, então, o amor é o remédio que purga o coração do homem do veneno da inveja. Ou seja, é a capacidade de amar que permite vencer a inveja. E há dor nisso, pois reconhecer a inveja e tentar remediá-la implica sofrimento.

O reconhecimento da inveja e a preocupação com os seus efeitos na vida coletiva e individual é uma manifestação de amor, no sentido de proteger aqueles que seriam prejudicados pela inveja. O ruim da inveja é o fato de que ela investe contra a bondade; o bom de saber enfrentar a inveja é que a bondade pode ser apreciada e desfrutada.  

Conclusões:

  A inveja está presente já na primeira relação de dependência para com a mãe e o peito ou a mamadeira, bem como com a relação inicial do pai.
  Quando a criança mama, ela alimenta o corpo e também o ego. Os desejos instintivos do bebê e suas fantasias inconscientes atribuem ao seio qualidades que vão muito além do alimento que ele proporciona: ali está o alicerce da esperança, da confiança e da crença na bondade.
  A inveja tem a faculdade de estar ou existir concomitantemente em todos os lugares, pessoas e coisas (ubiquidade). O pior é que a inveja é uma manifestação da pulsão de morte, ou seja, uma das forças destrutivas na natureza humana. Isso se deve à investida da inveja contra a bondade e, assim, contra a própria vida.
  A capacidade de dar e de preservar a vida é tida como a maior das dádivas, e portanto a criatividade se torna a causa mais forte da inveja.
  Há ligação entre as perturbações concretas com o seio e as perturbações simbólicas com a criatividade e a realização.
  Por que alguém se voltaria contra o seu potencial? Lembre-se de que é impossível atacar a pessoa que tem o que se quer sem atacar também a capacidade de se relacionar com essa pessoa e de aceitar o que venha dela – que são faculdades importantes.