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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Riscos de guerra ampliados.

Putin vai anexar territórios ucranianos reconquistados, mas Ucrânia e Ocidente não os reconhecerão. As 4 áreas juntas representam 15% da Ucrânia e têm o tamanho de Portugal. A confirmação das anexações torna qualquer ação defensiva ucraniana um ataque contra o território russo, abrindo caminho para uma declaração de guerra.



Professor? Ausente!

Tragédia anunciada na Educação.

O presente prenuncia um futuro em que o professor, e não o aluno, faltará nas aulas. Isso porque, o Brasil poderá ficar sem professores se não investir na formação de docentes da Educação Básica. O cenário é de diminuição do número de graduados.

A partir de 2020, com o impacto da pandemia de Covid-19, a formação na modalidade Ensino a Distância ganhou destaque e passou a representar 73,2% dos novos alunos. Mas tem alto índice de abandono. Enquanto isso, o número de ingressantes em cursos presenciais de licenciatura diminuiu 37,6% nos últimos 10 anos. Em média, 1 a cada 3 alunos não termina a faculdade. O percentual de formados em licenciaturas cresceu apenas +4,3%. Assim, seja à distância ou presencial, a verdade é de que não estamos formandos novos professores.

A consequência é o eminente risco de déficit de 235 mil professores do Ensino Básico para daqui 18 anos (2040) no Brasil. Em menos de 20 anos, o paí precisará de 1,97 milhão de docentes. Mas, as projeções apontam que -20,7% desse total sofrerão debandada. Hoje, a proporção é de 20 estudantes com idades entre 3 e 17 anos para cada docente em atividade.

Enfim, motivos? Desinteresse pela carreira, baixos salários, más condições de trabalho, desprestígio ou falta de reconhecimento da importância, precarização ou falta de infraestrutura nas escolas e muito mais. Tudo isso é mais do que suficiente para não romantizar a profissão de professor, que carece de políticas públicas sérias.

Alguns dados importantes... 




quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Tristeza tóxica.

Com a pandemia do coronavírus, há mais pessoas infelizes, solitárias e com altos níveis de ansiedade e depressão. E se isso não é nada bom para a mente, pior para o corpo! A infelicidade causa inflamações crônicas.

Cerca de 322 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão atualmente (dessas, 11 milhões só no Brasil).

Ser solitário e infeliz adianta relógio biológico em mais de 1,8 ano! A infelicidade tem consequências mais prejudiciais à saúde do que fumar (o tabagismo acelera o envelhecimento em 1,3 ano). Ser homem, morar e trabalhar em condições duras e viver sem acesso a serviços de saúde também colabora para o declínio biológico mais rápido. Inclusive não se casar está ligado a uma morte precoce (envelhece alguém mais rápido em até 4 meses). A falta de socialização provoca efeitos na mente e desencadeia alguns processos biológicos com potencial de depreciar a própria qualidade de vida. A falta de interação e conexão social gera processos inflamatórios crônicos no nosso corpo e interfere na nossa capacidade cognitiva. Sozinhos, nosso cérebro fica mais em estado de hiperalerta e aumenta a produção de cortisol e insulina, que desencadeia várias reações químicas e mentais relacionadas ao estresse, gerando maior desgaste do corpo e da mente. E se a qualidade do sono também não estiver boa, a degeneração da pessoa por dentro e por fora também será certa, o que acaba fazendo-a envelhecer. Isso significa que, além do colesterol e da hipertensão arterial, o estresse, a ansiedade e a depressão também aumentam as chances de enfartar (sobe a arterioesclerose, que é o acúmulo de placas de gordura, cálcio e outras substâncias nas artérias, assim como podem levar à atrofia cerebral). Esses depósitos dificultam a passagem de sangue dos vasos, o que chega a causar infartos, derrames, hemorroidas e até morte súbita. A diminuição da imunidade e de fatores inflamatórios também provoca outras doenças crônicas como diabetes, doenças pulmonares, hipertensão arterial... E ainda tem a questão da hereditariedade e das condições financeiras que criam mais vulnerabilidades. Uma vez danificado o relógio biológico, aumentam os riscos de: Alzheimer, diabetes, doenças cardíacas, câncer e inflamações crônicas que causam danos às células e órgãos vitais. Enfim, a falta de uma rede de apoio de amigos e familiares gera todo um mal-estar psíquico, colaborando para afetar o coração e a imunidade.



terça-feira, 27 de setembro de 2022

Máquinas: dominação ou subserviência?

 

Tem muita coisa que a gente está ouvindo, lendo e vendo por aí que não é produção puramente humana, mas artificial. A inteligência tecnológica está cada vez mais presente na música, na literatura e na arte, e nem nos damos conta. As infraestruturas digitais contemporâneas são ousadas e muito presentes.

Dominação ou parceria?

A nossa cultura industrial parte do princípio de que a máquina vai sempre trabalhar para nós, que ela será um escravinho doce. Ou, ao contrário, de que viveremos uma eugenia maquínica. Mas não é nem um nem outro. Não devemos nem ser tecnofílicos, nem tecnofóbicos. Nem amantes nem submissos, nem aversos e medrosos.

Cabe entender qual é a relação entre criador e criatura, humano e máquina. Alguns acham ser de parceria e de aprendizado, deixando para trás as discussões em torno de “autoria” e “inspiração” únicas, e assinando as produções de forma colaborativa e cooparticipativa. É um processo infinito, que amplia nosso olhar artístico e nos faz repensar essa ideia do homem onipotente.

Enfim, a evolução da IA na Arte não indica o fim da Humanidade, como temem muitos artistas, mas uma “mudança na organização das ideias”. A invenção da caneta não transformou todo mundo em um Machado de Assis. Talvez combinar algoritmos com criatividade humana nasça coisas realmente inesperadas e novas, ou não, qual o problema? Para a Arte nenhum, desde que elas não se voltem contra nós.

Cadê a Renovação dos 513?

Há risco do partido do cBozo (PL) e seus aliados (PP e Republicanos) superarem o PT na bancada da Câmara dos Deputados este ano. Os vermes inflaram o número de seus candidatos na corrida eleitoral, investindo no histórico das siglas e popularidade nas redes. E dinheiro público para isso não falta – ao todo, só o PL distribuiu R$ 161 milhões a seus candidatos à Câmara.

Enfim, é nisso que dá o fim das coligações e o aumento do fundo eleitoral: só R$ 4,9 bilhões!


A renovação dos Deputados Estaduais caiu em 17 estados e no DF. A renovação na BA foi pouca coisa. Pelo menos aí a onda bolsonarista foi baixa, mas em outros 5 estados da nossa região foi expressiva. Bom sinal!

Subfinanciamento da merenda escolar

 Faz 5 anos que a verba transferida pelo MEC às escolas pelo PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) está congelada. Ela é calculada entre R$ 0,32 e R$ 2 diários por aluno, a depender da escola (se oferece apenas Ensino Fundamental ou se cobre todo o Ciclo Básico). Nesse intervalo aí, há muitas reduções e cortes. E isso acontece num contexto de crise social, em que a inflação tira muito de um lado e o desemprego nada repõe do outro. A consequência é diariamente desastrosa para 47 milhões de alunos...

FOME NAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA DE ENSINO! Aumenta o número de crianças e adolescentes de famílias de baixa renda que têm na merenda escolar a única alimentação do dia.

O MEC se desconectou dos problemas reais da educação para travar uma “guerra cultural” contra comunistas imaginários. A falta de recursos no PNAE e a omissão das autoridades resumem o governo Bolsonaro: inepto e insensível.


E não só isso...

Há muitas outras tesouradas no orçamento de 2023...

Após o ano de 2022 ficar marcado pelo maior número de mortes causadas pelo excesso de chuvas no Brasil em uma década, o governo Jair Bolsonaro propôs um corte de até 99% nos recursos voltados para obras emergenciais, redução e mitigação de desastres naturais (para cidades afetadas com excesso de chuvas).

A tesourada faz parte da proposta de Orçamento do próximo ano enviada ao Congresso Nacional. O projeto orçamentário distribui cortes também em outras áreas, como segurança hídrica, saneamento básico, infraestrutura e saúde indígena. Repare que o semiárido ou municípios que sofrem com a falta de água também são afetados, pois verbas são retiradas para medidas estruturantes e ações voltadas para a gestão de recursos hídricos, revitalização de bacias hidrográficas, reabilitação de barragens e acesso à água.

Enquanto faltam recursos para uma série de ações, foram reservados R$ 19,4 bilhões para as emendas de relator, que irrigam as negociações entre o Governo e o Congresso por meio do chamado Orçamento Secreto.

Enfim, precisamos de obras de drenagem, de contenção de encostas, de reconstrução de moradias, haja vista as clássicas cenas de políticos liberando recursos logo após o desastre acontecer. Não dá para trabalhar apenas com operações de socorro, isso desperta potencial político, mas não muda nada. É preciso antecipar esses problemas!

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Eleições vigiadas...

Missões estrangeiras. 

Uns 100 observadores internacionais de 7 missões. 

Eleições no Brasil serão acompanhadas de perto por um número recorde de observadores internacionais. São instituições, centros ou organismos internacionais com ampla experiência em análise da transparência no processo eleitoral. Eles conversarão com autoridades e eleitores, visitarão locais de votação e participar de debates.

Ela continua matando os + fracos...

 Quem são os condenados?

A Covid-19 segue matando, agora de forma “aceitável” e silenciosa. Só nos 20 primeiros dias deste mês de setembro, 1.540 brasileiros perderam a vida em decorrência dela. Se por um lado houve o arrefecimento da pandemia, do outro há uma centralização em grupos específicos.

E os óbritos concentram-se em grupos específicos: 9 em 10 mortos pelo coronavírus não se vacinaram 3 vezes. Brasileiros sem 3ª dose são 89% dos mortos por Covid. Além dos que não concluíram o esquema vacinal, fazem parte também desses grupos as pessoas com idade acima de 60 anos (83% das vítimas), os pacientes com doenças crônicas ou imunossuprimidos (79,46% das vítimas).

Quase metade da população brasileira foi mais inteligente e hoje está imunizada de forma tríplice. São 103,7 milhões de brasileiros que garantiram as 3 doses. Porém, de um jeito ou de outro, a Covid-19 veio para condenar os “condenados”. Isso significa que a pandemia ainda inspira cuidados especialmente aos que têm problemas de saúde e sem esquema de vacinação completo.

Precisaremos imunizar as pessoas periodicamente. A pandemia voltou a apresentar uma característica detectada em seu surgimento: a centralização da letalidade em grupos específicos. Para os familiares e contatos de pessoas desses grupos com quadros mais delicados de saúde, a máscar de proteção segue como um artigo fundamental para a preservação.

Enfim, só estamos num relativo controle pandêmico da Covid-19. Essa queda da preocupação com a Covid-19 reflete uma tentativa de retomada da normalidade, embora isso não signifique que a realidade de fato tenha se tornado menos desafiante e perigosa.

Mãe antes dos 14 anos.

Problema Social.

Cresce no Brasil o número de abortos legais feitos em meninas menores de 14 anos. Em 2021, pelo menos 4.240 crianças nasceram de mães nessa faixa etária. Incluindo as mães que já tinham completado os 14, são 17.316.

Quais são os fatores?

1.     Geralmente por conta de violências sofridas no âmbito familiar, ou por pessoas conhecidas, e há todo um tabu;

2.     Em geral são meninas pobres e negras, perféricas, que não têm acesso à informação, à educação em sexualidade;

3.     Os serviços especializados de aborto legal estão concentrados em grandes centros, são poucos e não são acessíveis.

De acordo com a legislação brasileira, qualquer relação sexual com menor de 14 anos é considerada estupro de vulnerável. A interrupção da gravidez é permitida no país em três situações: risco de morte para a mãe, feto anencéfalo e gravidez fruto de estupro.

Embora haja somente 114 centros especializados em aborto legal, todos os serviços hospitalares com atendimento em ginecologia e obstetrícia deveriam atender às mulheres que demandam o procedimento, quando se fizer necessário e de acordo com a lei. Entretanto, o baixo número de abortos legais em comparação com o universo de nascimentos nesta faixa etária sugere que a realidade afasta meninas de exercerem seu direito.

Há uma falha na formação dos profissionais da saúde e também do Direito, seja por negligência ou omissão deste tema nos currículos ou por parte do Estado em não colocar o assunto em pauta. Isso tudo acontece porque aborto é crime no Brasil, e a criminalização incentiva uma estigmatização social. Profissionais de saúde não querem lidar com o tema por medo de serem estigmatizados. Isso aconteceu com muito mais força no governo Bolsonaro. O governo busca criar obstáculos ao direito de interrupção da gravidez nos casos assegurados pela lei. A proibição do aborto é uma das pautas conservadoras defendidas pelo presidente que são reforçadas na campanha deste ano.

Despesas Eleitorais

Candidatos investiram mais neste ano em impulsionamento em redes sociais do que na eleição de 2018. As despesas com pessoal também explodiram.

Isso mostra que as redes sociais continuam tendo papel de protagonismo na disputa eleitoral. A campanha virtual está turbinada de conteúdos eleitorais. Também, com o fundo eleitoral de R$ 4,9 bilhões... A publicidade no Google passou de R$ 4,6 milhões para R$ 24,9 milhões. O Facebook recebeu R$ 19,4 milhões para R$ 39,7 milhões.


Do que não se falou na campanha?

 

1.     Transição climática;

2.     Digitalização dos meios de produção;

3.     Estado social;

4.     Água;

5. Campanhas de vacinação.

A questão econômica tem sido a mais aclamada pelo Mercado nessas campanhas eleitorais de 2022. Não por menos, fábricas sem trabalhadores, processos industriais reduzidos, robôs no telemarketing, autoatendimento nos supermercados e lojas, sensores substituindo vigilância humana etc. Para não lembrar os exércitos quase sem soldados ameaçando a Rússia. A robotização e o encurtamento das etapas de produção chegaram para tirar o sono de trabalhadores e governos. A digitalização se apresenta como uma opção tentadora para a fome de produtividade do mercado. Diante dela, qualquer meta de produtividade do trabalhador brasileiro será considerada preguiçosa, ociosa e baixíssima. É um dos maiores problemas sociais a ser enfrentados pelo país.

Mas, e a questão sanitária que diz respeito à saúde e a vida de todos nós? As campanhas eleitorais abafaram essa questão gravíssima e importantíssima: o aumento de casos de sarampo e outras viroses, sobretudo o perigo da Covid-19 que ainda não cessou definitivamente. Só estamos num relativo controle pandêmico do cornavírus e é urgentemente necessário reorganizar as campanhas de vacinação, resgatando a confiança das famílias nas vacinas que foi prejudicada no governo Bolsonaro.

O país precisa de remédios mais baratos e vacinas. E não podemos esperar isso de um novo governo bozolóide, que na pasta da Saúde para 2023 já anunciou cortes no Farmácia Popular (de 60%) e uma redução no Orçamento de 5,5% para aquisição de vacinas – são R$ 8,6 bilhões reservados para esse fim.

Enfim, só estamos num relativo controle pandêmico da Covid-19. Essa queda da preocupação com a Covid-19 reflete uma tentativa de retomada da normalidade, embora isso não signifique que a realidade de fato tenha se tornado menos desafiante e perigosa.

“Mais do que fornecer gratuitamente pelo SUS ou vender medicamentos com redução de até 85% do preço de mercado, o programa se fundamenta na prevença de agravamento de doenças crônicas que dependem do uso permanente de fármacos, como o diabetes, a hipertensão arterial e a asma brônquica. Pode-se dizer que qualquer redução nesse investimento pela vida não é nem inteligente, na medida em que forçosamente vai resultar em aumento de demanda de consultas médicas e uso de emergências, nem justo, numa população que empobreceu em taxas que hoj atingem creca de 20 milhões de brasileiros” (Margareth Dalcolmo). 


Como evitar que aconteça de novo?

 Bolsonaro, o capitão ufanista do agronegócio, chegou inspirado no governo militar. Sua ida marca a passagem da extrema direita no poder, baseada no discurso anticomunista e centrada nos temas culturais: Deus, Pátria e Família. Elementos morais.

Essa experiência traumática nos mostrou que há espaço para a extrema direita e que teremos de conviver com ela como uma força considerável. Então temos que nos perguntar: qual é o combustível que incendeia a extrema direita aqui no Brasil? Para se ter uma ideia, lá na França são os fluxos migratórios (porque são vistos como ameaças ao emprego e ao modo de vida local).

Lula, e todos nós, precisamos evitar tudo aquilo que alimenta a extrema direita, pois eles ficarão à espreita, esperando os erros do governo como fermento para seu crescimento. Seria então o campo dos costumes? Ou é o campo econômico (o mercado vive de olho, e se a economia não encontrar espaço privado para ser neoliberal os magnatas têm finanças e manhas para jogar uns contra os outros e, contra-atacará)? Ou os dois juntos?

A miséria antes de tudo é uma decisão política – não é destino. A desigualdade não nasce em árvore; ela é cevada com afinco pelas elites e corporações. Simples assim: o governo preferiu zerar imposto de importação do suplemento whey e não mexer na alíquota de produtos da cesta básica para depois dizer que o brasileiro não passa fome. Ora, o imposto que as igrejas evangélicas não pagam, a aposentadoria privilegiada dos militares, a alíquota menor para o airbag dos motoqueiros, etc. Tudo faz falta para comprar merenda escolar, não?

Enfim, a chuvarada vai passar, mas ainda viveremos num clima de tempestade perfeita. Logo, necessitamos de intensos estudos sobre como começa, o que come, onde a serpente bota os ovos e qual o antídoto para movimentos tão raivosos. Solidariedade e compaixão, raridades!



domingo, 25 de setembro de 2022

Parece emprego, mas é só informalidade.

Há um número recorde de 98,8 milhões de ocupados no mercado de trabalho no Brasil, mas é gigantesca a taxa de informalidade e precariedade dos baixos salários. Quase 70% (66,7 milhões) recebem até dois salários mínimos, sendo que desses 35,5 milhões ganham só até R$ 1.212, com postos sem carteira assinada e por conta própria atingindo o maior patamar da série do IBGE.




Enfim, o trabalho ficou mais barato. Muita gente com pouca qualificação.




Cadê o povo na rua?

Elementos de dominação e de discriminação...

Embora quem mais influiu em nossa história não tenha sido o “povo votante”, mas o “povo na rua”, essa gente parece ter trocado a importante presença física na rua pela participação virtual nas redes. Talvez isso nem seja mero acaso ou simples fenômeno moderno, mas uma estratégia do sistema que não suporta a entrada formal e massiva de povo na política.

De qualquer forma, o peso da participação popular no nosso processo histórico é inegável. Seja muito mais do ponto de vista das manifestações de rua do que da ampliação cada vez maior do eleitorado, hoje precisamos dessas duas manifestações para mudar o Brasil. E onde elas estão?

A miséria da participação popular novamente é histórica. Esse escândalo que mantém a maioria nesse estado de inércia e expectativas tem “legado da Casa Grande”. De um lado, nossas tentações autoritárias, nosso racismo, nosso patriarcalismo; do outro lado, a persistência de um sentimento de dominância e posse masculinas, ranço do patriarcalismo e do escravismo. Um fardo que apequena o processo democrático e republicano no Brasil. Embora histórica, sua vívida presença se faz sentir nos dias de hoje:

1.     Está aí a postura de Bolsonaro em relação às mulheres, acompanhada pelas estatísticas da crescente violência contra a mulher hoje.

2.     Na outra ponta, de 1995 até 2021, mais de 57 mil trabalhadores foram libertados de situações análogas à de escravidão em atividades nas zonas rural e urbana do Brasil.

Enfim, a democracia brasileira tem muita elite e pouco povo. Afinal, a história é categórica nesse empurra e não vai:

sábado, 24 de setembro de 2022

Suicídio: um problema de saúde pública!

 Discutindo saúde mental...

Desde 1990, a OMS considera o suicídio um problema de saúde pública.

- na faixa etária acima dos 60 anos, a taxa de brasileiros que tiraram a própria vida saltou de 6,8 a cada 100 mil habitantes em 2010 para 7,8 em 2019. Neste período, os idosos representaram 15,2% do total de 112.230 mortes por suicídio no país.

- e no país, é crescente o número de idosos. Os brasileiros com 60 anos ou mais representavam 14,7% da população em 2021 (são 1,2 milhões de pessoas).

- enfim, é preciso conscientizar e prevenir o suicídio. Existe a psicoterapia, a intervenção medicamentosa e políticas públicas para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Ampliar a rede de suporte social e familiar e estimular à prática de exercícios físicos e mentais. O Estado deve dispor de mais iniciativas para estimular a pessoa idosa a sair de casa, como melhorias na mobilidade urbana e espaços mais seguros. Afinal, não existe envelhecimento saudável sem assistência de saúde com atenção integrada que atenda todas as necessidades da pessoa humana.

- é preciso não tirar dos idosos a capacidade que eles têm de entender seus diagnósticos, impor limites aos filhos, viver dignamente dentro do perfil econômico que eles encaram.

- O que pode levar um idoso ao suicídio?

A) o sentimento de “menos valia” ou a noção persistente de que a pessoa se tornou um peso para a família, seja por limitações físicas, econômicas ou a convivência com doenças crônicas e incapacitantes;

B) o isolamento social, muito agravado pela pandemia de Covid-19;

C) doenças;

D) perda de pertencimento a um núcleo familiar e social;

E) dependência de álcool;

F) questões cerebrais (descontrole emocional, depressão e outros transtornos com sintomas, tais como: tristeza, desinteresse, tontura, dores, insônia, falta de energia e apetite, déficit cognitivo...);

G) perdas (de um ente querido, financeira e a disfunção social);

H) a negação, a repressão, o bloqueio de comunicação;

I) situações de vulnerabilidade, que expõem a riscos de sofrer golpes e violências diárias.  

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Cabe ao Estado proteger a população!

Isso é assistência social – é um direito constitucional. É direito do cidadão e dever do Estado. Não é nenhum favor, pois cabe essa provisão quando em momento de necessidade. A pessoa humana e a sua dignidade está acima do Estado – os direitos e garantias fundamentais que são necessários para que o ser humano tenha dignidade.

 A volta do país ao mapa da fome mostra a necessidade de que haja não somente mais investimentos eficientes na Assistência Social, mas que sejam implementados mecanismos de controle, que garantam a saída de quem não precisa mais do benefício e que assegure o acesso de todos os brasileiros que realmente necessitam. A inclusão social, o enfrentamento da pobreza e o combate às desigualdades injustas ainda precisa ser a grande causa brasileira.



“Tempestade Perfeita”

O golpe da crise global.

Um ‘inverno de descontentamento” paira sobre o globo. Mas, não é para todos. As crises econômica, ambiental e social simultâneas vieram para apodrecer de ricos as já abastadas fortunas da elite mundial. No ano passado, o mundo tinha 62,5 milhões de pessoas com pelo menos US$ 1 milhão. Daqui 04 anos esse número vai saltar para 87,5 milhões (um crescimento de +40% até 2026).

E, aqui no Brasil, vai mais do que dobrar (saltar dos atuais 266 mil para 572 mil). Duplica também na China, Índia, Hong Kong e África. Mais nada se compara com os EUA, que tiveram o maior número de indivíduos com partimônio líquido ultra-alto (mais de 140 mil)! O 1% mais rico detinha 46% de toda a riqueza privada o mundo, enquanto os 10% mais ricos dos adultos detinham 82% da fortuna global.

Funcionou assim: a emergência de saúde generalizadas e os reveses econômicos tiveram um efeito negativo na riqueza das famílias (que já viviam em desalento). Grandes empresários e bancos entraram em cena rapidamente para “socorrer” essas famílias e empresas. Ou seja, a crise afetou mais gravemente os pequenos enquanto serviços, produtos e juros da crise deram um toque especial nas riquezas da elite.

Enfim, o Projeto Coronavírus aprofundou a miséria e inflou a bonança da elite mundial!

Dois Brasis...

Onde estão os brasileiros mais afetados pela crise?

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Artificial

O Ideb/2021 saiu, e junto com ele lições do pós-pandemia. A mais esperada:

- um recuo na aprendizagem dos alunos, e um aumento da aprovação. Ou seja, de um lado, perda de desempenho, do outro, “passou de ano”.

- motivo: a maioria das redes flexibilizou suas políticas de reprovação durante o contexto da pandemia.

- desafios: 

1) há uma soma de alunos reprovados e que abondonaram os estudos. Ou seja, reprovar é péssima estratégia pedagógica, pois não aumenta a chance de aprendizagem no ano seguinte, e ainda eleva consideravelmente o risco de evasão; 

2) é preciso aliar a melhoria na aprendizagem com o aumento da aprovação.

Crise, trabalho e sindicato.

Pressão de custos, inflação, perda de poder aquisitivo e velocidade de transformação da indústria (mudanças tecnológicas e eletrificação) sacodem o setor.

·       9,7 milhões de pessoas ainda procurando emprego e não encontrando. População ocupada: 99 milhões de pessoas. O número de trabalhadores informais está em 13,2 milhões – um recorde na série histórica! 

A indústria brasileira está passando por uma forte crise, em especial a indústria automotiva. Em São Bernardo do Campos (ABC paulista), a Ford e a Toyota saíram da cidade. A Mercedes ficou, mas decidiu terceirizar parte da produção de peças para caminhões e ônibus, não renovar contratos de funcionários temporários e vendeu sua fábrica aos chineses (tudo isso vai causar 3,6 mil demissões!). 

“Com alta dos custos, gargalos no fornecimento de peças e mudanças teconológicas, as montadoras estão se reinventando. No novo modelo de negócios, procuram terceirizar fases da produção, buscam torná-la mais flexível à demanda e desenvolver fornecedores locais”.

Quem tem capital, que estratégias estão usando para sobreviver frente à inovação do mercado?

1.     Trabalhar com um número maior de fornecedores de peças;

2.     Investir em robotização elevada nas linhas de produção;

3.     Terceirização;

4.     Investimentos e preparo para a eletrificação de veículos nos últimos anos;

5.     Investimento em plataformas de montagem flexíveis (montar diferentes produtos na mesma linha de montagem);

6.     Busca por fornecedores locais (próximos ou na região da montadora);

7.     Reestruturação: busca de competitividade e enxugando quadro de funcionários.

Diante de tudo isso, o trabalhador terá que se atualizar ou sentirá dificuldades de recolocação no mercado. O Estado/Governo precisa atuar para ajudar a garantir os empregos durante essa transição. Precisamos de uma política para o setor.

Enfim, as montadoras já não são mais as grandes geradoras de emprego. Essa gama de gente demitida está tentando se recolocar no capitalismo de plataforma, ser motorista de aplicativo ou entregador de comida. E nessa nova realidade nem se tem ainda sequer uma regulação. O sindicato precisa acompanhar e avançar nessas questões.

domingo, 18 de setembro de 2022

Números, Oração e Voto.

A força política da fé.

*TESE:* a pobreza material aumenta a riqueza espiritual. Enquanto o Mercado tira de um lado e a Igreja ganha do outro, a Política media o jogo da fé. A transição religiosa começa pela periferia, onde poder público e outras religiões não se fizeram presentes no mesmo ritmo da concentração populacional. Ou seja, as igrejas evangélicas vêm assumindo o papel do Estado e da Família, com tração especial entre a população pobre e negra, alijada dos espaços hegemônicos. 

Os evangélicos ampliaram a presença na sociedade (hoje eles têm 178.511 igrejas com CNPJs cadastrados). E o aumento não foi só de templos e fiéis, mas também de parlamentares na bancada da fé no Congresso (ao todo, já elegeram 332 parlamentares). Dois partidos de centro-direita, Republicanos e PL, foram a principal guarida deles.

De todos os templos abertos na última década, 80% deles são evangélicos (só de 2013 a 2022 foram abertos 71.745 novos templos evangélicos do total de 89,2 mil igrejas abertas no país inteiro). Estamos falando de *21 igrejas evangélicas abertas por dia (é quase 1 por hora)!* Nesse ritmo, é esperado que esse grupo ultrapasse os católicos nos próximos dez anos (os evangélicos serão maioria no ano de 2032!).

Como explicar esse “Boom Protestante”? Ora, além dos processos de formação de pastores, da forte abertura de igrejas, da pluralidade e descentralização do movimento protestante e da interpretação do texto bíblico atrelado à carência do fiel, ele também  está atrelado à comunicação de massa, como a forte presença do gênero religioso na TV, no rádio e nas redes sociais além da forte emoção da música gospel. Porém, *a investida mais certeira foi nos vácuos de assistência espiritual e material* (as chagas abertas pelo crime organizado, a pobreza e o esvaziamento econômico foram consoladas pelo atendimento de igrejas evangélicas em cultos e ações sociais, que incluíam alfabetização e distribuição de cestas básicas). Nesses locais, poder público e Igreja Católica não conseguiram se fazer representar com a intensidade dos evangélicos. Enfim, tudo isso alimenta a potência eleitoral dessa gente e fortes impactos na política (só a Assembleia de Deus, com 43.578 templos, elegeu sozinha 110 deputados e senadores de 2002 para cá).

Não subestimem! Os evangélicos eram 6,6% da população em 1980, e hoje são uns 30%. *Essa galerona vem “garantindo o seu” no Legislativo.* Desde a imunidade tributária de templos, o perdão de dívidas de igrejas, e demandas como a isenções em remessas para o exterior e até a imunidade sobre todos os imóveis e serviços com vínculo religioso. Houve até uma série de passaportes diplomáticos concedidos a líderes religiosos.

Enfim, se dos pobres é o Reino de Deus a quem pertence o Congresso, o Senado e o Judiciário? A política pertence à fé ou a fé pertence à política? A Igreja é um lugar bem politizado assim como o Parlamento deva ser um lugar sagrado? Qual o limite da atuação política e da atuação da igreja? *Estado Laico, cadê você? Balela!*

·       A “Assembleia de Deus” é a maior rede de igrejas evangélicas do país. Presente em todos os estados da Federação e com 43,5 mil registros em vigor na Receita Federal, tem mais templos no país do que a quantidade de agências dos Correios (11 mil) ou lotéricas (13 mil). A cada 4 igrejas evangélicas abertas na última década, 1 carrega “Assembleia de Deus” no nome. 


Ameaça ao caráter laico do Estado.

Estima-se que 25% dos eleitores brasileiros sejam evangélicos – e essa relevância merece atenção! Eles não são um bloco monolítico, mas um grupo plural. Porém, suas diferenças teológicas parecem sumir diante de pautas comuns, como o perdão às dívidas de igrejas e a conquista da bancada evangélica no Congresso – que não deixa de ser um tipo de demanda de interesse pecuniário. Ora, não há problema se candidatos defendam valores de sua religião ou se pastores prestam apoio a candidaturas fora de suas atribuições sacerdotais. O problema começa quando se usa o púlpito para pedir votos ou quando se quer influir em políticas públicas em favor de medidas que ameaçam o caráter laico do Estado. Nesse quesito estão as guerras culturais – ideologia sobre modelo de família e sexualidade.

Como reagirão os pastores hoje colados em Bolsonaro com a vitória de Lula na eleição? Continuarão fiéis à pauta bolsonarista de costumes, ainda que isso represente um lugar na oposição? Ou serão parte da base governista em troca do apoio a decisões que os beneficiem? 

Enfim, a aproximação entre os religiosos e a política merece atenção permanente. Afinal, ficou impossível analisar a política brasileira sem levar em conta os evangélicos e católicos.