1. Segundo as cosmogonias
iorubás, Exu foi criado por Olorum com uma série de potências, inclusive a de
dar movimento a deuses e homens e de fazer a mediação entre eles.
2. Exu é o princípio
dinâmico, símbolo de mudança, da comunicação, da liberdade.
3. A rua, a esquina e a
encruzilhada são seus templos. É o que cobra e dá. É o que abre os caminhos.
“Nunca foi sorte, sempre foi Exu”.
4. Exu é a energia que
dinamiza as trocas, povoando mercados e feiras. Esses intercâmbios, não possuem
o sentido da acumulação capitalista, mas estão apoiados na ideia de
sociabilidade.
5. Mercado e terreiro
estão juntos porque Exu transborda a dicotomia entre espaços sagrados e
profanos.
6. Associado a símbolos de
virilidade, potência, fecundidade – e criação. Nas noites de Exu, povoadas de
malandros, damas da noite, tranca-ruas, marias padilhas, zés pelintras, as
pombagiras levam homens e mulheres ao delírio, à embriaguez e aos jogos de
sedução. Por isso no desfile aparecem oferendas de fartos alimentos e cachaça,
que o Exu da comissão de frente comia e bebia com gosto.
7. O carteado, os
botequins, os cabarés, a embriaguez, o desvario, os anéis, os batons, os dados,
as taças… Todos esses personagens e ícones dos prazeres terrenos foram
exaltados no carnaval da Grande Rio… porque Exu é carnaval. Um dos seus títulos
é Odará, o Senhor da Felicidade.
8. Exu expressa as
contradições humanas; adquire incontáveis corpos e nomes – Exu é a boca que
tudo come, e na composição o Carnaval deglute a si mesmo.
9. Ainda compõe a energia
de Exu a “linha do lixo”, pois ele circula por espaços associados ao que é
rejeitado pela sociedade. A Grande Rio teve uma seção celebrando os
marginalizados, os silenciados, os descartados, os “loucos”, os narradores
cujas visões desafiam as certezas. Exu é diversidade que desafia qualquer
pretensão de razão unificada.
10. A reinvenção é possível
pela resistência, catalisada por Exu, porque resistência – e eis aí mais um
paradoxo – é movimento de transformação do mundo. E assim uma alegoria é
destinada ao Exu-liberdade, ao Exu-luta, que não se deixa amordaçar ou
aprisionar por amarras. Se ganhasse uma representação seria “Zumbi dos Palmares”.