Quem sou eu

Minha foto
São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
Obrigado pela visita!
Deixe seus comentários, e volte sempre!

"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Democracia ao capiroto.

Esse coletivo bandido...  

Ampliar a participação e o respeito às diferenças tem sido o tom democrático no Brasil. Essa expansão deve ser tomada com cuidado, pois as liberdades democráticas têm limites legais e constitucionais.

Há coisas erradas que podem acontecer no consenso do coletivo e deixar todos felizes e, ao mesmo tempo, comprometidos entre si. A pior delas é tomar como natural o domínio dos abastados ou a perpetuação do patrimonialismo sobre a superfície do Estado. O vício segue infiltrado em brechas corrompidas da sociedade enquanto o discurso democrático afirma querer superar. Uma sabotagem coletiva.

A democracia enfraquece com irregularidades ao passo que se fortalece com posturas constitucionais. Colocar o livro da Constituição debaixo do braço e pregar discursos democráticos não será suficiente para excomungar o capiroto que possui práticas corruptas.

Veja a comunicação potencializada pelos aplicativos, outro ponto importante. O WhatsApp, por exemplo, deixou de ser um espaço de comunicação interpessoal para se transformar em grandes comunidades de comunicação de massa, no meios das quais sobrevivem perfis sem identificação segura. Um meio potente de viralização de fake news. Enfraqueceu a coesão presencial e fortaleceu a distância política das (e entre as) pessoas. Menos democracia nos espaços públicos e mais atos antidemocráticos na Internet. Viver ativamente em grupo passou a ser a falsa sensação de estar inserido num conglomerado passivo de participantes, expostos a desinformação. 

Bolsonaro usava episódios de desolação (desabrigados, mortos) para colocar em prática seu projeto de dilapidar a política – adversários políticos eram transformados em inimigos reais; o coronavírus foi adotado pelo governo; muita propagação do ódio e da intolerância e uma conduta antirrepublicana na vida em sociedade que alimentou a irracionalidade extremista. Herdamos uma corrosão do ambiente político. O diabo verde e amarelo vestiu paletó e gravata. 

Aí vem 2023, já marcado por pelo menos dois episódios principais que funcionam como teste de convivência institucional entre entes federativos: o da resposta aos atos terroristas de 08 de janeiro e a calamidade pública no litoral Norte de São Paulo. Qualquer posição ideológica que seja democrática atenderá a política como ambiente de debate ideológico e visões de mundo, mas não de aniquilação dos diferentes. Essa construção passa pelo rompimento do cordão umbilical de toda uma linhagem de políticos que se elegeram graças ao sobrenome do ex-presidente que tentou dinamitar a democracia. Até aqui, ninguém conseguiu fazer essa ruptura e continuar viável eleitoralmente. Veremos!

Enfim, o capiroto não é mais vermelho nem está isolado num lugar longínquo. Ele é verde e amarelo e vive infiltrado entre nós, esperando uma oportunidade de (des)construção. Cabe ao coletivo democrático exorcizá-lo até a próxima eleição presidencial em vez de abrir cada vez mais o seu corpo para uma perigosa possessão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário