Quem sou eu

Minha foto
São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
Obrigado pela visita!
Deixe seus comentários, e volte sempre!

"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

O que aconteceu com o “Bolsa Família” em um ano de governo Bolsonaro?


Uma grande jogada: o Governo usou o argumento de combate às fraldes para passar um pente fino. Nem o argumento da crise fiscal justificaria o esfacelamento do programa. E ainda há a ameaça de reformulação que ainda não está clara de como e quando será.  

Principal Programa Social do Brasil, do qual 01 em cada 05 brasileiros depende para sobreviver, tem lugar especial na fala dos políticos, e não foi diferente quando Jair Bolsonaro disputou a presidência. Porém, uma vez instalado o Governo, a ordem foi fazer um pente fino no cadastro do Programa, na suposta busca por irregularidades. Na metade do ano, a nova gestão introduziu o 13º, ainda não garantido para os próximos anos. A anunciada revitalização do programa, por enquanto, é só “uma palavra”. Na vida real, o que se tem são filas tentando obter o benefício. O número de beneficiados caiu, e a fila dos que esperam ser incluídos no programa tem hoje cerca de 500 mil pessoas.

A fila que está se desenhando no Programa Bolsa Família é tão grave quanto a fila do INSS. O programa vem se definhando, tanto no número de famílias beneficiadas, quanto nos valores mensais repassados e até mesmo na quantidade de benefícios. O Governo Bolsonaro tem dado muitas justificativas, nenhuma delas tem sido aceitável diante da realidade.

Comparando os números de 2018/2019... 14,1 milhões de famílias beneficiadas em Dez/2018. Já em Nov/2019 com 13,2 milhões. Ou seja, uma diferença, para menos, de -953.197 famílias (quase 1 milhão a menos de famílias beneficiadas). Comparado o valor mensal repassado de 2018/2019, ele foi reduzido de R$ 2,6 bilhões para R$ 2,5 bilhões. Sabemos que o Bolsa Família tem diversos tipos de benefícios: benefício básico, benefício variável, para a gestante, para o jovem... Houve aí também uma queda de Dez-2018/2019 de 41,1 milhões de benefícios para 38,9 milhões. Com uma redução do número de famílias, de benefícios e também do valor mensal repassado, o programa despencou no Governo Bolsonaro.

Qual a diferença de “extrema pobreza” e “pobreza” no Brasil? É “extremamente pobre” a pessoa ou família com renda de até R$ 89,00 per capta (por pessoa). Quem está acima disso e abaixo de R$ 178,00 é considerado “pobre”. A lógica de ajuda dos benefícios para essas famílias “extremamente pobres” é que ajudem a elas a alcançarem pelo menos esses R$ 89,00. E, para as famílias pobres, é variável pelo número de crianças e jovens. A média do Bolsa Família hoje é de R$ 190,00 para toda a família. Para isso, as crianças precisam frequentar 85% das aulas e estar com as vacinas em dias.

Como funciona o cadastro do Bolsa Família? A família extremamente pobre ou pobre, vai até um posto de atendimento da prefeitura e preenche um cadastro único do Governo Federal. Uma das coisas que ela responde é “qual é a renda dela naquele mês?” (é uma renda autodeclarada). O Governo faz um processo de verificação para saber se o que foi declarado faz sentido – é o “batimento” que cruza a informação com várias outras fontes de dados. E aí por diante o Governo autoriza ou não o pagamento.

Nos últimos anos, o Bolsa Família tem gerado um custo de R$ 31 bilhões de reais. Parece muito, mas é apenas 0,4% do PIB do Brasil. E ele beneficia mais de 13 milhões de famílias. Assim, do ponto de vista Federal é um programa pequeno e barato. Vários Governos que passaram, gastaram 300 a 400 bilhões de reais ano pagando juros de dívida sem tentativa de corrigir as desigualdades. Lula pegou apenas 10 bilhões e atingiu 40 milhões de famílias. Sabemos que o Bolsa Família nasceu em 2003, no Governo Lula, da junção de diversos programas sociais. É um dos melhores programas com custo benefício de transferência de renda do Brasil: chega nas pessoas que mais precisam (70% dos recursos do Bolsa Família chegam nos 20% mais pobres), deixa pouca gente de fora, alivia a pobreza das famílias carentes, incentiva as crianças a irem para a escola, não tem consequências negativas no mercado de trabalho (como queriam provar o “efeito preguiça”), melhora a frequência e o aprendizado na escola, bem como a saúde dessas crianças, além da queda da mortalidade infantil, etc.