1. O financiamento do ensino básico.
- trata da renegociação
do Fundeb. Cerca de 85% do custo médio de cada aluno do ensino básico público é
pago pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb),
cuja verba vem dos impostos dos três níveis de governo e é redistribuída de
modo a evitar desigualdades entre regiões.
- O valor para este
ano está estimado em R$ 156 bilhões, é estipulado de acordo com o número de
alunos e o segmento em que eles estão.
- Em um cenário
sem o Fundeb, o município mais rico teria cerca de R$ 56 mil anuais por aluno.
Na outra ponta, haveria cidade com R$ 450 anuais por aluno. Com o Fundeb, a
diferença cai para R$ 9,5 mil para o mais rico e R$ 2,9 mil para o mais pobre.
O abismo se reduz enormemente, mas se pode aperfeiçoar ainda mais essa
distribuição.
2. A formação de professores.
- Salários
baixos, jornadas em mais de uma instituição e pouca atratividade.
- Hoje, 42% dos
docentes lecionam um conteúdo sem ter formação específica para ele.
- O MEC deveria
apresentar uma Base Nacional para guiar o que um futuro professor deveria
aprender na faculdade.
- Para ter uma
boa educação, é necessário um bom professor. Hoje, a formação é excessivamente
teórica e não prepara para dar aula.
3. A distorção idade/série.
- no Ensino
Médio, que tem 7,7 milhões de matriculados, 28,2% dos alunos não estão na série
em que deveriam. E, entre aqueles na idade regular, somente 68,4% dos jovens
estavam matriculados em 2017.
- Os cortes
criam um aumento da exclusão escolar e o aprofundamento da má qualidade das
escolas. A falta de investimento em educação impacta em indicadores sociais
decrescentes e no aguçamento das desigualdades sociais e regionais. O índice de
abandono do ensino médio, de 6,1%.
4. O acesso ao ensino superior.
- uma das metas
do PNE é fazer com que, até 2024, 33% dos jovens de 18 a 24 anos estejam
matriculados ou tenham concluído a etapa. Em 2017, o índice era de 23,2%,
segundo a Pnad Contínua.
- Hoje, as
universidades privadas detêm cerca de 88% das matrículas na etapa. Entre as
públicas, as federais ficam com 4,5% das matrículas.
- Neste ano, as
federais tiveram R$ 2,08 bilhões contingenciados, de R$ 6,99 bilhões previstos
no orçamento discricionário.
5. Os cortes de bolsas de pós-graduação.
- Um dos alvos
mais sensíveis da política de contingenciamento do governo, a pesquisa
científica é citada como elemento-chave para a promoção do desenvolvimento do
país.
- Na esteira dos
cortes no MEC, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes), uma das principais agências de fomento à pesquisa, ao lado do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) — que é vinculado
ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) —,
sofreu um bloqueio de mais de R$ 800 milhões em seu orçamento.
- No início do
mês, a Capes anunciou a suspensão de 3.474 bolsas de pesquisa.
- O principal
problema do ensino superior, na minha opinião, é a produção de conhecimento.
Estamos perdendo nossa capacidade de pesquisa, e sem isso não teremos novas
tecnologias, não produziremos soluções para problemas. No Brasil, a pesquisa
está ligada às universidades. Se perdermos essa massa crítica, perdemos
qualquer autonomia no cenário internacional e ficamos dependentes do exterior.
- A estagnação
do país na área já vem sendo percebida pelos rankings. O Brasil ocupa a 64ª
posição no Índice Global de Inovação entre 126 economias listadas. O ranking é
elaborado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI).
6. A alfabetização.
- Segundo o
IBGE, 7% dos brasileiros de 15 anos de idade ou mais (11,5 milhões de pessoas)
eram analfabetos em 2017.
- O
contingenciamento chegou a essa área, que tinha R$ 34 milhões previstos no
orçamento e sofreu bloqueio de R$ 14 milhões.
- mais da metade
dos alunos chega ao terceiro ano do ensino fundamental com níveis insuficientes
em leitura e matemática.
- A
alfabetização infantil também deverá ter impactos. Para economizar, o MEC mudou
o escopo da avaliação que verifica a alfabetização de alunos do ensino
fundamental: antes, o teste era com todos os estudantes do 3º ano; agora,
apenas parte dos alunos do 2º ano será avaliada. A prova, assim como o Enem, é
aplicada pelo Inep, autarquia que acabou de ter seu terceiro presidente nomeado
pelo governo Bolsonaro.
- É necessário
criar um programa de alfabetização que funcione. Mas isso implica olhar com
mais atenção para a pré-escola, por exemplo, e implementar o que está sendo
proposto na BNCC. Essas crianças que não se alfabetizam são os candidatos à
reprovação e a ficarem atrasadas no futuro.