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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Surrealismo Político: prognósticos, poder e realidade...

Sobre as eleições de 2º turno no Brasil...

Sou leitor assíduo das publicações Abril e telespectador fiel do telejornalismo da Rede Globo. Também procuro saber como pensa a vanguarda midiática brasileira porque sou adepto da máxima conheça bem o inimigo para combatê-lo. Aliás, sirvo do mesmo estratagema, só que às avessas, do que hoje eu chamaria #ElesNão! (no plural, porque o candidato fascista que não merece ser chamado pelo nome, ou seja, B, não chegou sozinho, nem acidentalmente, na posição em que se econtra). Ele é uma cobra criada pela mídia, sim, e pactua com ela sob máscaras e bons disfarces. Mas, como?

Vejamos:
  1. Teoria da Conspiração. A mídia não fracassou nem é vítima. Pelo contrário, vem tendo êxito com a utilização da mesma "psicologia obscura e dissimulada" que elegeu Donald Trump, sob a falsa alegação do “também não esperávamos por essa”. Isso mesmo, para driblar o povo e os intelectuais, a mídia se transformou no “inimigo oculto”. A revista Veja, por exemplo, nasceu na Ditadura Militar que a Globo apoiou. E o motivo maior de assumir esse papel está no tópico seguinte:
  2. O Capital. As partes mais produtivas do pré-sal já foram entregues previamente, por meio de leilões, a grandes empresas estrangeiras, retirando o protagonismo da Petrobras. Essa eleição não significa apenas uma eleição. Estamos falando de algo muito maior: a garantia do entreguismo do país, da privatização e dos lucros de grandes empresas e empresários sugados a longo prazo.
  3. A ditadura da subjetividade. A cultura do ódio que “legitimou” o impeachment de Dilma Rousseff é o sussurro do “inimigo oculto”, pois se relaciona pela voz íntima que fala ao inconsciente. Sempre me questionei sobre o interesse da Globo “defender” abertamente a homossexualidade e supostamente “combater” o machismo e o racismo (esses dias a novela "O Segundo Sol" estava dizendo que "negro combina com pobreza", a um título de exemplo). Hoje, encontro três razões para a questão:
A) conquistar confiança e legitimar seus fiéis telespectadores consumidores;
B) “unir sem se juntar” com a sua concorrente cristã, Rede Record;
C) e agora utilizar as minorias como massa de manobra política para avolumar votos para B alegando resgatar os antigos valores perdidos da família heterossexual branca (sim, fomos e estamos sendo usados esse tempo todo pela psicologia reversa!).
  1. Globo alia a B e “une sem se juntar” com a Record (sem declarações: estão no centro do palco, mas "invisíveis" aos telespectadores distraídos com novela e muita música). É verdade que, politicamente, a Globo se enfraqueceu bastante batendo injustamente no PT. Por isso mesmo ela deixou de fazer cerimônia com o PSDB (com quem veio dividindo o poder econômico, mas que agora o quer só para si. Aliás, a ideia de pacto com B é justamente essa: a Globo quer conduzir a economia do país, coisa que B já deixou bem claro nas entrelinhas). É verdade que B não é esperto o suficiente para imaginar um “pacto perfeito” com a Record (a ideia foi da Globo). Também é verdade que há anos ela vem disputando o mercado televisivo no Brasil com a Record. Particularmente, do ponto de vista técnico, as produções da Globo são muito melhores que as da Record (o nível de produção das telenovelas, dos telejornais e dos programas de entretenimento como a nova plataforma do Gshow que está investindo pesado em séries). Entretanto, a força da Record vem do aspecto religioso, ponto que a Globo encontrou os mecanismos para se aliar temporariamente (vide a ditadura da subjetividade acima). Em resumo, a Globo engoliu a Record nessa eleição para colocar B lá. Ela bateu politicamente em parte da população petista/esquerda e agora está USANDO a outra parte (o das minorias historicamente excluídas) pelo viés religioso moralista da Record (xeque-mate!). E todo mundo acreditando que a Globo não tem lado, que apenas está fazendo a mediação do processo eleitoral, e que realmente se importa com os negros, os marginalizados da periferia e os homossexuais, como vem discursando de forma rala nos últimos anos (isso só até o segundo turno passar).
  2. Conhecer o inimigo. A direita não só conhece bem os princípios neoliberais e capitalistas, como estuda a miúdo e detalhadamente a esquerda (e nesse ponto acho que o PT/Esquerda ainda não soube fazer o mesmo a seu favor, estratagema que sigo). Depois, infiltra-se nela para trazer à tona todas as suas fraquezas. Duvido de espiões infiltrados na esquerda para desmoralizar sua reputação ética. Parte da corrupção, dos escândalos e das delações foi forjada pelo inimigo. A morte de Eduardo Campos nas eleições passadas, mas, também, a morte de Marielle Franco e do Ministro Teori Zavascki, bem como a manipulação do STF pela presidente Cármen Lúcia que por lá passou e agora a estratégica posição da ministra Rosa Weber na presidência do TSE (que, diga-se de passagem, foi o voto fatal da prisão de Lula) são indícios disso. Essa questão leva à pior de todas:
  3. Manipulação do TSE. O maior risco que corremos é o de uma (parte, um empurrãozinho) votação fraudulenta em B diante de um segundo turno bem pareado e disputadíssimo. O impeachment, ou melhor dizendo, o golpe em Dilma e a prisão injusta de Lula são sinais evidentes de que farão de tudo para evitar a vitória de Fernando Haddad. Essa lição veio da reeleição de Dilma, pois eles sabem claramente da chance do PT voltar ao poder. Não está descartado o “crime perfeito” de uma eleição muito bem forjada. Portanto, se todos os aspectos anteriores não forem suficientes para garantir a permanência da mídia/B/direita no poder pelo viés "legítimo, transparente, democrático", esse mecanismo não está descartado como “última alternativa” (pois, é muito mais interessante um ditador no poder pelas próprias vias “democráticas”, muito bem forjadas, mas “justamente democráticas” e justificáveis. Todavia, se fizer necessário...). Quero dizer que, numa primeira tentativa, a ideia é eleger Bolsonaro pela via “legítima” da Democracia pelo termômetro das pesquisas de intenção de voto. Se não for possível, virá o plano B (fraude das urnas que tentaram nos vender como 100% seguras).
  4. Quero muito errar, e acreditar com firmeza que a nossa jovem democracia é confiável e segura em seus sistemas de apuração com a vitória de Haddad. Pois, se ele vencer, cairá por terra o sentimento que tenho de que “tudo está dominado e sob controle nas mãos deles”.
  5. A grande verdade. A mídia está montando um grande cenário de "novela nacional" com desfecho incerto de final de capítulo, o mesmo clima criado nas eleições dos EUA. “Todo mundo esperançoso, primando por um resultado (Hillary Clinton) e veio outro (Trump)”, supostamente surpreendendo as próprias agências de notícias (mentira!). A mídia que joga no Brasil é prima-irmã da dos EUA (tudo farinha do mesmo saco). Estou muito pessimista, e se eu dormir hoje e acordar na próxima segunda-feira com Bolsonaro no poder, não ficarei surpreso. Tomara que esse pesadelo não aconteça! Mas, seria preciso não dormir, e permanecer em vigília constante porque TODOS ELES ESTÃO AGINDO NA CALADA DA NOITE. Conseguiremos permanecer acordados até ao final do segundo turno? E depois dele, teremos alguma noite de sono tranquilo?
  6. Religião não serve para justificar pobreza. Quando o governo ignora o povo e o desespero bate à porta das pessoas o consolo vem da religião. A carência absoluta (de bens, de educação, de trabalho e das condições dignas de vida) empurra o povo para a fé porque ela simboliza a esperança em dias melhores. É preciso acreditar em uma força superior, divina, que supostamente oferecerá solução para problemas sociais de responsabilidade do Estado e do Poder Público? São nos lugares muito pobres que costuma reinar a “fé cega”. Portanto, a religião é uma resposta a alta necessidade de esperança que pode até servir para a morte, o sentido da vida, a doença, o medo... Mas, imprestável para canalizar a desigualdade social humana. Até nossa crença precisa ser crítica, pois uma coisa é ter fé; outra coisa é ser manipulado por ela. Empobreceu o povo brasileiro, de recursos e de espírito, para então pregar o nacionalismo e os valores como salvação, apelando à religião o golpe de misericórdia na democracia. Sendo assim, não deixa sua fé colocar um ditador fascista no poder. É preciso observar o contraste entre os que professam o amor pela pátria e aqueles que de fato o praticam. Vote 13!

Atenciosamente (e muito aflito),


Neilton Lima da Silva.
(Coordenador Pedagógico Escolar)