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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

domingo, 14 de abril de 2019

A criação de um exército de adultos psicóticos.


Enquanto se mostra crescente a aceitação, legalização e descriminalização da maconha, o mais completo estudo já conduzido sobre a droga (Jama e Unifesp) traz evidências do grande mal que ela causa no cérebro, sobretudo dos adolescentes.

O namoro de Bolsonaro com Trump aponta para outra breve polêmica brasileira – a liberação da erva por aqui. Mais um tema que costuma dividir as gerações e provocar opiniões apaixonadas. Afinal, ela já esteve em discussão no Supremo Tribunal Federal com um placar de 3 a 0 a favor da descriminalização, mas felizmente foi paralisada. Dos 50 estados existentes nos EUA, 33 deles já descriminalizaram o porte da maconha para uso recreativo ou medicinal — e em 11 houve liberação de venda. Nesse precipício já se jogou o Uruguai, um país que se tornou o primeiro a legalizar a produção, o comércio e o uso (em 2013). Se o Brasil tomar como exemplos, estamos maconhados (quer dizer, perdidos!).

Saber que um dos componentes da maconha faz bem tem o mesmo valor de entender, em detalhes, os mecanismos químicos que levam ao mal, sobretudo até o início da vida adulta. Então, vamos lá...

A maconha é originária da planta asiática Cannabis sativa, que contém 480 compostos. Nunca se usou tanta maconha como agora. Dos 180 milhões de consumidores no mundo, 3 milhões estão no Brasil — o dobro em relação há uma década. 6 em cada 10 usuários são adolescentes — dos quais cerca de 30% fumam acima de um cigarro por semana. Em média, estima-se que no Brasil são cerca de 540 000 adolescentes que estão consumindo a droga.

Enquanto as autoridades discutem a questão no campo jurídico e comportamental, fica de escanteio o hábito dos jovens e sua saúde física e mental. Aliás, as consequências tardias podem contribuir para a maconha ser subestimada e ter fama de inofensiva – e esse é o maior perigo da droga. O mais recente estudo científico baseado em evidências comprova que:

1.      É na adolescência que a maconha inflige seus maiores danos. Os efeitos deletérios são detectados a partir de 4 cigarros semanais, ao longo de pelo menos 1 ano — quantidade que define o consumo crônico da droga.
2.      Explicação científica: “O motivo da agressão tem origem na própria constituição do organismo humano. Nenhuma droga encontra tantos receptores prontos para interagir com o cérebro como a maconha. Tal efeito vem sobretudo de um dos compostos da erva, o tetraidro­canabinol (o THC, isolado e reconhecido como o principal responsável pelo efeito há apenas meio século, pelo Centro de Pesquisas de Dor da Faculdade de Medicina da Universidade Hebraica de Jerusalém). Ele imita a ação de substâncias produzidas naturalmente, os endocanabinoides, neurotransmissores que participam da comunicação entre os neurônios, as chamadas sinapses. Interferir nesse mecanismo pode tornar as sinapses ineficientes. É o que faz o THC, ao ocupar o lugar dos endocanabinoides. No corpo jovem, isso pode deixar marcas indeléveis. Da puberdade até por volta dos 25 anos, o cérebro vive um processo conhecido no jargão científico como poda neural. Nela, as sinapses modificam-se intensamente, para se consolidar na fase adulta. A presença da maconha, nessa sinfonia, desafina a orquestra, e os neurônios passam a fabricar sinapses frágeis. É ineficiência que, tendo começado cedo, pode se perpetuar.
3.      O usuário adolescente pode vir a ter, mais tarde, também dificuldades permanentes de concentração, raciocínio e planejamento, mesmo quando deixa de usar a droga. Assim, se o adulto que fumou maconha de modo crônico na juventude se considera bem, intelectualmente apto e ágil, a medicina revela que ele muito possivelmente está aquém do que poderia ter sido.
4.      Há áreas em que a perigosa afinidade neural com a maconha é ainda mais intensa. Uma delas é o córtex frontal, associado a habilidades como aprendizado, memória, atenção e tomada de decisões. Ou a região parietal, que responde pela percepção de estímulos sensoriais. Quando essas áreas são afetadas pelo THC, dá-se o aumento do risco de depressão e tentativa de suicídio na vida adulta. Pessoas que usam maconha quando jovens têm risco maior de se tornar adultos com depressão (37% acima da média populacional), ter pensamentos suicidas (50% a mais) e são três vezes mais propensas a tentar tirar a própria vida.
5.      Se compararmos os efeitos do álcool e da cocaína com o da maconha... Os efeitos diretos do álcool e da cocaína sobre o cérebro é o de liberar grandes quantidades de dopamina, o hormônio do prazer, quese dissipam, na maioria das vezes, com mais facilidade, poucos dias depois de interrompido o consumo — embora, ressalve-se, os distúrbios provocados pelo uso contínuo de álcool e cocaína sejam devastadores. Já os efeitos da maconha, o relaxamento e o torpor, caem como uma luva para o adolescente, que está numa fase da vida em que não se encaram grandes responsabilidades práticas mas se experi­menta uma montanha-russa de comportamentos e emoções provocados pelas alterações hormonais. Mais: a maconha é barata. Com cerca de 4 reais compra-se 1 grama, o suficiente para um cigarro.
6.      Alguns anos pra cá alastrou entre os usuários jovens o skunk (gambá, em português), uma variedade de planta da maconha com maior concentração de THC. O skunk costuma conter mais de 10% de THC. A maconha comum, por volta de 2% a 4%. O preço de 1 grama de skunk chega a ser até vinte vezes mais alto — e a ação, muito mais agressiva. O risco de consumidores do skunk ser acometidos de psicoses, como delírios e alucinações, pode ser até três vezes maior em relação aos jovens que nunca usaram a maconha.
7.      A outra maneira agressiva de consumo é pelo estômago. Proliferam (nos EUA e Europa) alimentos preparados com maconha. Há de tudo: balas, pirulitos, bolos, cereais matinais, doces. No Brasil, proliferam em festas e grupos de amigos os alimentos feitos de modo caseiro com a erva. Na internet, há receitas do “chocotonha”, “brigadonha” e “bolonha”. Parte do sucesso nesse tipo de uso é a crença de se tratar de uma via menos agressiva em relação à droga fumada. Não é verdade. O estômago absorve o THC mais lentamente que os pulmões — após a ingestão, uma pessoa pode levar de meia a uma hora completa para sentir os efeitos. E tende-se a comer mais porque não se sente o efeito imediato da droga.

Apesar de a maconha conter algumas propriedades medicinais, como o CBD, principal composto responsável pela ação terapêutica da planta, Marijuana faz mal, muito mal!