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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Como destruir a infância?

·       Brincar é coisa de bebê, seu filho precisa estudar: troque a brincadeira criativa com bonecos, massinha e desenho por aulas particulares. Vale reforço escolar, línguas, culinária, coaching;

·       Ocupe a agenda com treinamentos para que ele possa ser um excelente executivo no futuro. Afinal, ele vai viver num mundo altamente competitivo;

·       Nada de brincar livremente com outras crianças: melhor ter um adulto comandando a atividade;

·       Dê um celular aos 8 anos e deixe que ele escolha o que vai fazer. Não se preocupe com o tempo de uso nem com o conteúdo, assim ele se torna rapidamente um viciado;

·       Permita que ele seja exposto ao ódio, à intolerância e ao consumismo que reinam na Internet. Melhor ainda: ele vai interagir com golpistas, predadores sexuais. Talvez acabe até sofrendo ou praticando cyberlbullying. Ou, cereja do bolo, aprendendo sobre sexualidade da forma mais inapropriada possível, com perfis falsos nas redes e aplicativos;

·       A publicidade é muito eficiente para acabar com a infantilidade. Ela é onipresente nas telas, inserida de forma indistinguível com o conteúdo. Passando horas na TV, vídeos e jogos seu filho será educado por publicitários, mais que por professores ou pela família. Imagine se você liberar programas de TV com classificação etária para maiores. O resultado é fácil de prever...

·       Ele vai aprender os melhores valores e ideais do mundo adulto: fama fácil, materialismo, narcisismo, sexismo, preconceito, futilidade, consumismo, hipervalorização da aparência e de marcas. E claro, sem o discernimento de um adulto para que possa proteger a si mesmo;

·       Escolha uma escola de turno integral, conteudista e tradicional, e de preferência muito focada na aprovação no Enem. Coloque-o em atividade de “treinamento” no contraturno escolar: idiomas, computação... Esqueça teatro, expressão corporal e música. É importante também que ele tenha muito dever de casa diariamente – afinal, o ócio é a oficina do diabo;

·       Compre somente roupas e brinquedos da moda; faça festas em casas de luxo ou em limusines e salões de cabeleireiro. Ensine sua filha a se maquiar, a ser magra, afinal de contas ela precisa ser sexy no futuro; mostre ao menino que ele precisa ser forte, agressivo, dominante e que não pode chorar. Se tiverem amizades com o sexo oposto, diga que estão “namorando”;

·       Nada de parque e pracinha, isso é perda de tempo. Se for sair de casa, que seja para um shopping. Leve nas lojas mais caras, compre roupas com logos de marcas e faça um lanche num fast food que associa comida lixo aos super-heróis e personagens infantis. Assim, bem cedo ele terá doenças de adulto também: diabetes, hipertensão e outras;

·       Contrate logo o psicólogo para o resto da vida – ele vai precisar. Começando na adolescência, que vai ser bem difícil e turbulenta. Afinal, o estresse tóxico resultante de todas essas escolhas vai danificar sua saúde física, mental e emocional;

Tem se tornado cada vez mais frequente em nossa sociedade a prática da adultização da infância, ou seja, o extermínio da inocência. A infância é uma fase essencial da vida, determinante para as etapas seguintes, e deveria sem muito bem vivida.

Uma infância saudável e feliz é plena de afeto, simplicidade, natureza, brincadeira livre e movimento, escola boa (que não precisa ser cara), comida natural, convívio com amigos e com a família, estímulos culturais bacanas, histórias. Essa é a melhor maneira de promover uma adolescência e vida adulta mais leves, felizes, produtivas, com bem-estar e cidadania. A gente colhe na vida adulta o que planta na infância. E ela deve ser preservada e cultivada.

Enfim, a infância continua durando os mesmos 12, e é lá que mora a magia.

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