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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

domingo, 21 de agosto de 2022

A volta de Donald Trump?

 “Eu poderia ficar parado no meio da Quinta Avenida e atirar em alguém e, ainda assim, não perderia nenhum eleitor” (Trump, em campanha de 2016).

Após a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, políticos do próprio partido de Donald Trump se voltaram contra ele. Acontece que, 8 dos 12 deputados do partido que chegaram até votar a favor do impeachment dele ou anunciaram aposentadoria da política ou foram derrotados por trumpistas nas primárias. É que neste ano os EUA estão por primárias que renovarão o Congresso norte-americano. Teve até senadores, com alta voz antitrumpista dentro do partido, que foi derrotada.

De onde Trump retira tanto controle?

·       Principalmente do enorme fascínio que exerce sobre os eleitores identificados com a legenda (65%);

·       Ele também conhece como poucos a máquina republicana;

·       É competente na costura meticulosa de conchavos políticos;

·       E ainda tem 70% dos republicanos que dizem acreditar na mentira de que Trump foi roubado na última eleição e consideram Joe Biden um presidente ilegítimo.

Donald Trump conquistou o domínio incontestável do Partido Republicano, e muitos apostam que será o candidato a presidente da legenda em 2024. Mas, é preciso pressionar essa sombra a adiar o lançamento de sua candidatura, além de fortalecer o antitrumprismo antes que seja tarde demais.

Enfim, a democracia mais longeva do mundo continua em grande perigo. E nós também!

sábado, 20 de agosto de 2022

Somos o que conseguimos digerir e absorver.

“Toda doença começa no intestino” (Hipócrates, pai da medicina, 2000 anos atrás).

O intestino não tem apenas as funções de digestão e excreção das fezes. É também responsável pela absorção dos nutrientes, produção hormonal, síntese de neurotransmissores, eliminação das toxinas e imunidade. Existe uma ligação estreita entre o intestino e o cérebro: substâncias produzidas no intestino impactam o humor, os níveis de estresse, a ansiedade e a depressão.

A responsabilidade disso tudo é da nossa microbiota (flora intestinal). Ela é o conjunto dos microrganismos que habitam o nosso corpo: bactérias, fungos, vírus, parasitas. Temos microbiota no intestino, na pele, nos pulmões, na vagina. Como o intestino concentra a maior parte das bactérias, a saúde intestinal afeta a saúde como um todo. Todas as doenças crônicas têm alguma relação com alterações na microbiota intestinal.

Nesse nosso ecossistema existem as bactérias do bem (que produzem substâncias importantes para a digestão, absorção de nutrientes e para equilibrar vários processos do organismo) e existem as bactérias do mal (que podem causar doenças). Nossa saúde depende do equilíbrio entre esses dois polos: o desequilíbrio dessas bactérias (excesso de bactérias do mal) tem o nome de disbiose, relacionada a várias doenças: inflamação crônica, síndrome metabólica, infecções de repetição (sinusite, infecção urinária, candidíase, cistite), obesidade, doenças inflamatórias gastrointestinais e articulares, diabetes, problemas de pele, alergias, depressão, ansiedade, doenças autoimunes, doenças cardíacas e no fígado, Parkinson e Alzheimer. A principal causa da disbiose é um estilo de vida pouco saudável: má alimentação, sedentarismo, estresse, consumo de álcool e tabaco, e o uso de medicamentos: antiácido, antibióticos, anti-inflamatórios e corticoides.

São sintomas da disbiose: azia, má digestão, gases, distensão abdominal, gastrite, refluxo, cansaço crônico, alergias, intolerâncias alimentares, doenças autoimunes, dores crônicas.

Daí a importância da alimentação: tudo o que comemos e bebemos vai alimentar bactérias do bem ou do mal.

Existem alimentos que favorecem o crescimento das bactérias do mal: açúcar, doces, sorvete, gordura saturada (presente nos alimentos de origem animal, como carne, bacon, linguiça, embutidos) e excesso de proteína animal.

Existem alimentos que estimulam as bactérias do bem: frutas, legumes, hortaliças, raízes, grãos integrais, sementes, castanhas...

Portanto, adote hábitos mais saudáveis: alimentação que priorize legumes, frutas e produtos frescos, prática regular de atividade física, controle do estresse e melhora da qualidade do sono.

Enfim, o alimento é muito mais do que caloria: ele é informação para o organismo, ele conversa com o DNA através dos nutrientes, trazendo saúde ou doenças. No intestino, as bactérias ajudam a digerir, metabolizar e absorver esses nutrientes.

A vitamina B12 é muito importante para o nosso organismo, pois ela está envolvida na formação das nossas células sanguíneas e atua diretamente sobre o sistema nervoso, ajudando na formação dos neurônios. Outra vitamina essencial para nossa saúde é a vitamina D, responsável por fortificar nosso sistema imunológico.



Retrocessos na Vacinação.

A vacinação contra a paralisia infantil não atingiu nem 7% do público alvo (se a cobertura não for superior +95%, a doença pode voltar). Há mais de 30 anos o Brasil está livre da paralisia infantil. Mas, a baixa procura da vacina contra a Poliomielite pode mudar essa realidade para pior. Retrocesso!






Brasil fora da bolha: Mulheres.

Brasileiras pagam um preço pela recuperação mais lenta do Mercado de Trabalho.

- 8 em cada 10 mulheres têm conta a pagar. Uma proporção maior que a dos homens.

- a inadimplência (dívida ou conta atrasada) também é maior entre elas (31%) do que entre eles (28%).

Brasil fora da bolha – Mulheres.

Tanto entre o sexo feminino e o sexo masculino, Luta bate em Bolsonaro. Porém, apanha menos entre os homens. Entre as mulheres, Lula ganha de 47% a 29% de Bolsonaro. Já entre os homens, a diferença cai de 46% a 35% (o homem, evangélico ou não, se reconhece muito mais na figura do presidente do que as mulheres).

As mulheres repudiam a crise econômica, de gestão e a agressividade (postura grosseira, com falas misóginas), sendo contra o incentivo às armas do presidente. Cerca de 72% dos postos de trabalho assalariados fechados em 2020 eram ocupados por mulheres. São elas também que costumam manejar dentro das famílias os recursos de programas sociais.

Enfim, as mulhres respresentam 53% do eleitorado brasileiro. Portanto, são a cabeça que pode decidir a eleição mais importante desde a redemocratização.




Aumenta a violência nas escolas.

Desaprenderam o convívio social.

07 em cada 10 educadores dizem que os estudantes estão mais agressivos após o pico da pandemia.

 

Profissionais da Educação constataram um aumento da violência nas escolas com o retorno das aulas presenciais.

- está ainda mais difícil respeitar regras, ouvir, controlar as emoções...

- a escola está com um problema social e emocional muito grande.

- o resultado é o mesmo nas redes pública e privada, nos centros e periferias das cidades. E em todas as regiões do país.

- a solução pode vir dos próprios alunos: formar uma “comissão de mediadores” com os próprios alunos.

- é preciso reaprender a lidar com as diferenças e pensar antes de agir.

- o conflito não deixa de ser importante, mas precisa ser trabalhado dentro do aceitável, que não agrida ao outro.

- Nos EUA, o último ano letivo teve o maior número de tiroteio em escolas já registrado. Em 60% dos casos o atirador é aluno ou ex-aluno da escola. E de 4 incidente, 3 deles as armas são dos pais ou de parentes próximos.

- Qual seria a solução: treinar e armar os professores para que eles ajam em caso de tiroteio (como queria Trump) ou dificultar o acesso das crianças às armas de fogo? Uma reação pode resolver ou agravar a situação?






sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Eleição ou “Guerra Santa”?

Religiosos na Política...

O uso político de igrejas: 

A fé disputa espaço com a política ou a política disputa espaço através da fé. 

“Projetja o nosso presidente Jair Bolsonaro e toda a sua família, Senhor. Deus e as famílias têm seido alvo de ataques. O inimigo, com sutileza, tem atacado as famílias e está querendo desconstruir aquilo que acreditamos com ideias progressistas” (pastor Danilo Albrile, fazendo a abertura do Culto de Santa Ceia, na Assembleia de deus Vitória em Cristo, na Penha, Zona Norte do RJ). 

“Pastores estão sendo perseguidos no mundo inteiro pelo comunismo e pela esquerda por defenderem a família e serem contra o aborto” (Silas Malafaia). 

·       Ao final da cerimônia, panfletagem dentro da igreja (o que é propaganda irregular): com os números de Bolsonaro; do Governador Cláudio Castro, do senador Romário, do deputado federal Sóstenes Cavalcante e do deputado estadual Samuel Malafia, todos do PL (Nota: a Lei Eleitoral veda o pedido de votos dentro dos templos). 

·       De cada 10 eleitores de Bolsonaro 04 são evangélicos (Ipec). Ele pode até apostar no segmento, o que a campanha não pode é praticar crime. Quando a mulher do presidente, Michelle, diz que o Planalto estava consagrado aos demônios, está cometendo calúnia e difamação. O bolsonarismo tem promovido a intolerância religiosa e a manipulação dos símbolos da doutrina cristã. Isso não é marketing, beira o terrorismo religioso. 

·       Quem ver guerra em todos os lugares, como o Bolsonaro, possivelmente porque a vive dentro de si próprio. Além do mais, não tem nada de santa: apenas uma tática para assustar as pessoas. 

Ao todo, 902 candidatos nessas eleições se apresentam com alguma ocupação religiosa (pastor, bispo, padre ou membro de alguma ordem ou seita religiosa). E é no Centrão (Republicanos, PP, PTB e PL) que concentra a maioria dessas candidaturas. Há tempos Bozo vem observando isso e usando a massa religiosa como principal estratégia política. Ele já havia premeditado que essa não seria só uma eleição, mas “uma guerra do Bem contra o Mal”. Isso significa que a campanha suja e criminosa de Bozo terá a Fake News associada à pregação religiosa, uma típica “Mentira de Satã”. Michelles, Damares, Felicianos, Duartes estão à solta... 

Isso não é um bom sinal. É possível que tenhamos um Congresso bastante conservador, seja pelo aumento dessa bancada religiosa ou porque esses candidatos podem puxar outros nomes dessas siglas. O que fará essa bancada religiosa no poder político do país? Será que vai interditar estabelecimentos caça-níqueis, que enriquecem os empresários da fém com “doações” obtidas mediante fraude? Será que vai evitar a venda de caneta azul ungida (para passar em concurso)? Ou será que vai vender feijão que cura Covid-19? Se essa futura bancada não tiver ação legítima contra o estelionato, para dar cabo dos vendilhões do templo, só Jesus na causa!

Enfim, no inferno dessa guerra simbólica, precisamos mostrar que o maior dos pecados é votar em Bolsonaro.

NOTA: A liderança de Bolsonaro entre evangélicos é compensada, por outro lado, pela vantagem de Lula entre os católicos. Neste grupo, o petista tem 52% a 27% no primeiro turno. Os católicos são a maior fatia do eleitorado do ponto de vista religioso: cerca de 50% dos brasileiros, enquanto os evangélicos respondem por aproximadamente 25% da população. 

Templos evangélicos: cultos e campanhas com mensagens e propagandas de cBozo. Igrejas evangélicas ativam campanha. No eleitorado evangélico, Bozo bate de 47% a 29% em Lula. Porém, no geral, a população brasileira é mais católica e também mais pró-PT, o que leva Lula a revidar de 44% a 32% contra Bozo. De qualquer forma, templo é o limite: obstáculos à esquerda. Enfim, é preciso que a Igreja reaja. Cadê o Papa Francisco?

·      "Não quero parecer oportunista. Os líderes de igrejas sabem que não têm motivos para se preocupar comigo" - disse Lula (foi Lula quem sancionou a Lei da Liberdade Religiosa e a lei que criou o dia da Marcha para Jesus). A principal estratégia é apostar num discurso focado na economia para ganhar apoio dos evangélicos. 

Chamar pelo nome.

 O poder da linguagem...

O constrangimento a que meninas e mulheres são submetidas silenciosamente no transporte público tem nome – importunação sexual. As cantadas indesejáveis nos ambientes acadêmcios e corporativos têm identidade – assédio sexual. Os que sequestram infâncias e adolescência com abusos cometidos em igrejas, escolas, famílias e vizinhanças têm identificação – estupradores. Os que não perdem a chance de chamar de macacos pessoas negras de todas as idades, dolosamente desumanizando-as – são os racistas.

Ainda existem outros crimes mais velados. Pessoas que não se veem representadas pelos gêneros feminino e masculino (agênero) – são os não binários intersexo, propõem a "linguagem neutra" - uma variação da norma gramatical. Ela consiste no uso da letra "e" ou "o", e dos pronomes "elu", "delu", "ile" e "dile". Em vez de ela e ele, “elu”; de amiga e amigo, “amigue”; de todas e todos, “todes”. Nessa mesma linha de revelar identidades, um dado que revela conquistas: o TSE informou que, no pleito deste ano de 2022, 37.646 brasileiros e brasileiras se habilitarão a vota com nome social. No público dos candidatos, 34 dos 28 mil exibirão nas urnas identificação diferente dos registros de nascimento. Desde 2018, pessoas transgênero, travestis e transexuais podem incluir o nome social no título de eleitor. Tudo isso revela a dimensão política de expressões usadas para identificar indivíduos!

De fato, o nome (ou a ausência dele), tem o poder de revelar ou ocultar a realidade. Por exemplo, substituir a palavra lepra por hanseníase ajudou a reduzir o estigma da doença. Trocar superlotação por superencarceramento guarda a intenção de, em vez de construir novas unidades para receber mais detentos, faz é reduzir a aplicação de penas de privação da liberdade ou oferecer sanções alternativas. É o poder das palavras! A terminologia pode legitimar discursos e procedimentos médico-sanitários, como também jurídico-penais.

E que nome dá ao comportamento do presidente Bolsonaro quando, para evitar o impeachment, o governo cedeu à pressão do Centrão e ampliou enormemente os recursos controlados pelo Congresso por meio do Orçamento Secreto? Como apelidar uma atitude dessa natureza que reduziu as verbas discricionárias e ainda as liberou para uso livre dos ministérios, degradando ainda mais a qualidade das políticas públicas? Não bastasse, como nomear o que ele fez neste ano, por meio da PEC que não é Kamikaze, mas sim Eleitoral, que estourou o teto de gastos e criou benefícios novos em ano de eleições, o que desrespeita a lei? Vamos chamar pelo nome – “Tchutchuca do Centrão”. 

Também tem um nome a indiferença a quase 700 mil mortes por Covid-19, quando boa parte desses brasileiros e brasileiras estaria viva se não houvesse sabotagem oficial ao isolamento, às máscaras, às vacinas. Que nome dar a um líder máximo de um país em que um litro de leite custa mais do que um de gasolina? A quem ignora 33 milhões de famintos, minimiza recorde de desmatamento na Amazônia, negar território aos povos tradicionais e ainda autoriza (tácita ou explicitamente) crimes de ódio, violência política, ataques à democracia e aos sistema eleitoral? É esse mesmo – genocida!

Enfim, esse é um bom debate – o do uso da “linguagem neutra” para incluir pessoas e grupos. Chamar pelo nome realmente importa, porque empodera, coíbe violações, promove respeito. Ainda que alguns não tenham sido incorporados formalmente pela norma padrão da língua portuguesa, o “gênero nêutro” sinaliza, nas relações pessoais, sociais, institucionais, o respeito à identidade e o enfrentamento a crimes e à exclusão. Portanto, chame pelo nome!   

Enfim, são todos termos ora enquadrados como crimes para coibir violações de direitos, ainda persistentes numa vida que não deve ser mais anônima.

Qual a melhor maneira de informar o eleitor?

 

Toda campanha eleitoral é marcada por propaganda e pesquisas de intenção de voto. Embora escassas, encontramos também algumas sabatinas e entrevistas, com poucos debates sérios entre os candidatos. O problema está em quem media, pois as regras não costumam ser claras nem colocadas com equilíbrio por quem conduz. Então a mídia e as manchetes viram o árbitro, e já vimos o quanto juízes têm sido parciais.

Mas, tudo isso é secundário! Nem nos tais princípios do dito “jornalismo profissional” devemos confiar. Tal como as promessas de candidato ruim, o produto da grande mídia também deve ser analisado como parte das campanhas, nunca material neutro sobre elas. Veja que o leitor/espectador também se transforma em um eleitor diante das informações. Ele também precisa saber escolher qual a melhor fonte para se informar. E aí se descobre que, no final das contas, as mídias também concorrem ao cargo-chefe de vender as melhores notícias sobre os fatos. E diante das promessas, não colocam o leitor como eleitor protagonista da informação, mas um consumidor passivo dos formatos que dão aos eventos eleitorais.

Dadas as dimensões do Brasil, feliz do eleitor que consegue acompanhar presencialmente esses eventos eleitorais. Viver só de fórmulas, edições e ideologias editadas por jornalistas credenciados é muito limitante. Afinal, não queremos saber apenas “como” as campanhas acontecem, mas refletir criticamente “o quê” acontece nos bastidores da informação. Mas esse tipo de debate eles não farão, porque os estúdios aos diretores pertencem. São eles o melhor instrumento para formar a opinião pública?

A melhor maneira de informar um leitor/espectador/eleitor é fazendo cada um avaliar as condições materiais de existência, pessoal e coletiva. A democracia representativa deveria perpassar pelo crivo da democracia participativa, pois nada nem ninguém substitui a cidadania. Os municípios deveriam ter fóruns perenes de debates públicos e coletivos, mas nem isso observamos no período das eleições municipais. 

Enfim, não é a notícia que faz os fatos, os fatos que fazem a notícia. Logo, a experiência precede a informação. É dela que o eleitor deve partir na hora de escolher o destino da coletividade.

O impacto da maternidade.

 

Pesquisa estima em -38% a queda de renda das brasileiras nos anos seguintes à chegada de um filho. Essas dificuldades das mães no mercado de trabalho empobrecem o país. É mais um aspecto dos obstáculos enfrentados por mulheres no mercado de trabalho. Essa distorção é global, mas dado o nível de desenvolvimento do Brasil, aqui ela é ainda mais forte (13 p.p mais negativa). As razões são muitas. Existe o fator da escolha, do peso cultural machista e da falta de políticas públicas.

Quando a dedicação maior aos filhos por parte da mãe é opção do casal, menos mal. Mas raramente é o que acontece. Socialmente, as mulheres são impelidas a interromper ou modificar drasticamente seus planos de carreira com a chegada das crianças. Como se não bastasse, para famílias de baixa renda ainda há o drama adicional de faltar creches. Isso explica porque mulheres ocupam uma proporção menor do que homens em cargos de média gerência, são raridade no comando de grandes empresas e quase inexistentes em conselhos de administração. Seria também esse o motivo de pouco encabeçarem as chapas de campanha ou de ainda estarem aquém da participação nos cargos de liderança política?

A maternidade é um ponto de inflexão na carreira de muitas executivas. As que não têm apoio do parceiro nem querem ou não podem terceirizar o cuidado com os filhos se veem forçadas a tirar o pé do acelerador. Isso significa que é um destino natural selado? Não! É possível atacar o problema. Empresas deveriam criar condições para que as profissionais possam passar mais tempo com filhos pequenos sem perder cargo, salário ou promoções. O trabalho remoto popularizado pela pandemia mostra que jornadas flexíveis costumam ser mais produtivas. É preciso também reeducar os homens, para que dividam as tarefas, de modo a permitir às mulheres a permanência no mercado de trabalho. É uma questão de justiça e equidade, mas também de não perder a valiosa contribuição de profissionais competentes no crescimento econômico do país.

Enfim, existe, claro, preconceito, mas ele não explica tudo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Menos feijão, mais bolacha.

Cai a qualidade das refeições de crianças e adolescentes no Brasil.

Enquanto diminuiu o consumo de feijão numa ponta (e também de arroz e leite), na outra aumentou a ingestão de ultraprocessados (bolacha e macarrão instantâneo, por exemplo). Enquanto isso, 1 em 3 tem sobrepeso.

Enfim, tanto desnutrição quanto sobrepeso causam impactos ruins no desenvolvimento geral do indivíduo.




terça-feira, 16 de agosto de 2022

Emoção, medo e Voto.

 Há uma sombra de medo rondando o Brasil – o medo de um novo regime autoritário. É possível?

Os recursos da moderna propaganda estão mais uma vez sendo usados à exaustão nesta campanha para explorar as descobertas mais recentes da neurociência: o eleitor vota mais com a emoção que com a razão. E sabem que o medo é a emoção primária fundamental, a mais importante de nossa vida a influenciar as informações que recebemos. Assim, potencializados pelas redes sociais, os boatos e notícias fraudulentas exacerbam o medo do cidadão: “Se Lula ganhar, fechará as igrejas”. “Se Lula ganhar, será implantada a ditadura comunista no Brasil”;“Se eu perder, as pessoas poderão ser proibidas de falar em Deus”; "É a luta do bem contra o mal"; "Lula é sinônimo de liberação das drogas, liberação geral do aborto e perseguição de cristãos"; "O PT tem preconceito com evangélicos"; "Se ele vencer, retirará benefícios sociais"; "Se ele vencer, a economia brasileira vai virar a da Argentina e da Venezuela"; "Se..."

Porque a maioria do eleitorado é muito necessitada, é uma gente que vive, especialmente hoje que a fome voltou e a crise piorou, na beira da necessidade, abaixo da linha de pobreza, e qualquer promessa, ou qualquer ameaça, mexe com suas incertezas. Logo, vota-se pela barriga, pelo bolso, pelo medo de perder o pouco que se tem. Se não tivermos um presidente como o Lula que se preocupe com a educação como missão prioritária de seu governo, em vez de confiança e segurança, continuaremos nessa toada amedrontada.

É uma tristeza constatar mais uma vez que a campanha eleitoral no Brasil não tem nada a ver com projetos e programas partidários, que se tornam fatores secundários em meio aos ataques, mentiras e ameaças para que o eleitor vote com medo. Desse modo, não é um projeto de país, mas um projeto pessoal de poder.

Assustar e distrair.

·       A eleição 2022 foi transformada da eleição da fome para a eleição do medo. O debate sobre a carestia perdeu espaço para a discussão se o capitão aceitará uma possível derrota, se os militares apoiarão uma tentativa de golpe, se o eleitor poderá votar em paz e segurança.

·       7 em cada 10 brasileiros temem sofrer agressões por causa de sua opinião política. O medo tem razão de ser: eleitores do PT assassinados a tiros e facadas, somados a casos diversos de intimidações e ameaças pelo país. Jornalistas e funcionários hostilizados. Haverá atos violentos no dia das eleições? Acontecerão tumultos nas seções eleitorais? Muitas abstenções por medo de votar?

·       A violência é um velho expediente da extrema direita. Serve para acuar adversários, apavorar eleitores, garantir apoio popular e eventuais medidas de exceção. O incentivo ao medo também serve como tática diversionista. Paralisada pelo temor da violência, a sociedade deixa de discutir problemas como o aumento da pobreza extrema, a precarização das relações de trabalho, os cortes em programas sociais.

Enfim, se é para meter medo de verdade, saiba que todo esse comportamento denota um fato triste: o Brasil vive na mão de um "presidente terrorista" que usa o medo dos desvalidos para tentar ganhar-lhes o voto. Coragem! Lula presidente! 



Armas mais baratas.

Corrida Armamentista

Mais de 20 atos presidenciais que vêm facilitando a importação, a compra e a posse de armas do país... Seus decretos já fizeram o número de registro para armas de fogo crescer 473% no Brasil – hoje, são 605,3 mil pessoas com acesso a armamentos, mais que o efetivo de PMs no país e de militares da ativa das Forças Armadas.

 Em Estados, assembleias estão legislando sobre as armas. Agora querem reduzir ou isentar o ICMS para porte. Um Lobby escancarado, influenciado por Deputados.

Quais Deputados estaduais (os que têm origem nas polícias) então envolvidos nessa ideia de redução de impostos para compra de armas? O que os Deputados Federais e Estaduais estão fazendo com os Governadores para inserir esse tipo de política nos Estados?

É descabido o movimento para tentar reduzir ou isentar o ICMS cobrado sobre armas de fogo. Em 23 estados há projetos de lei debatidos em assembleia propondo redução ou o fim da alíquota. Quatro já transformaram a medida em lei. Em Alagoas (o pioneiro), Rondônia, Roraima e Rio Grande do Norte já foi aprovada legislação nesses termos para compra de armas por profissionais da segurança pública (policiais civis e militares, bombeiros, agentes penitenciários e guardas municipais). Em Alagoas, também foram beneficiados os amadores do grupo conhecido por CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores).

Dos 35 projetos de lei existentes propondo a alteração da alíquota, 14 incluem essa categoria (os outros 21 são voltados para os profissionais da segurança pública acima citados). É uma vergonha baratear a compra de armamentos que contribuirão para piorar os já escandalosos índices de violência.

Pleitear a isenção de impostos para armas e uniformes de agentes de segurança não é uma demanda tão recente, em especial por parte de estados que sofrem com a falta de equipamentos. Todavia, a novida é a inclusão de CACs, categoria amplamente beneficiada na facilitação do acesso a armas de fogo e munições.

Armas são uma das bandeiras transloucadas do bolsonarismo. Desde 2019, o Governo Federal anunciou mais de 30 atos normativos entre decretos, portarias e resoluções para facilitar a compra, o registro, a posse e o porte de armas (um lobby armamentista). O número de registros de CACs disparou de 117 mil em 2018 para 605 mil. O “Proarmas” é um grupo de ativistas que defende armar a população, alimentado pelos bolsonaristas. O Grupo se inspira no NRA dos EUA que divulga a lista de candidatos simpáticos à causa. Todos defensores de que, não se tributa a liberdade de ter uma arma para defender a família (um argumento inconstitucional, com viés político). Com a filiação de cBozo ao PL, a legenda recebeu um influxo de parlamentares estaduais: saiu de 43 para mais de cem, tornando-se a maior bancada nos estados do RJ e SP. Um dos cabeças que lidera essa ideia é o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que disse ser a missão de deputados estaduais entrar com projetos de lei para reduzir o ICMS sobre as armas. Ele é um do grandes defensores da expansão do armamento entre a população.

Enfim, mais umas vez, o lobby armamentista está direcionando o Estado para longe de onde o povo quer. Os estados deveriam discutir a melhoria da educação, do acesso à alimentação e ao trabalho. As armas, assim como o tabaco e o álcool, precisam ter um imposto diferenciado e legislação de difícil acesso pelas consequência que trazem à sociedade. Se essas leis alimentarem ainda mais os CACs de armas, cairemos nos problemas já conhecidos, como aumento da violência, desvio das armas para a criminalidade e ainda mais falta de controle do Exército.

Nós, eleitores contrários ao aumento da venda de pistolas, carabinas, fuzis e outros armamentos devemos fiscalizar e não votar nesses candidatos aos legislativos locais.

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

A representatividade na política 2022.

As mulheres representam quase 52% da população brasileira, e os negros mais de 56%. Do total de 27.667 candidaturas registradas, apenas 9.415 são de mulheres (34% do total) e 49,6% são de negros (48,8% de brancos). Em 21 dos 32 partidos, mais da metade dos candidatos serão negros (em 2018, eram 13 em 36).

CONCLUSÕES:

·       É a primeira eleição em que os negros superam os brancos;

·       O número de mulheres candidatas aumentou, mas ainda está aquém do ideal.

·       As legendas à esquerda apresentam maior participação de negros entre os candidatos: PSOL (60,7%), União Popular (60%) e PCdoB (58,7%). E também de mulheres: União Popular (68%), PCdoB (45%), PSTU (41%) e PSOL (40%), bem acima dos 30% estabelecidos em Lei para disputar cargos no Legislativo e destinar recursos do Fundo Eleitoral para elas.

·       A entrada de indígenas na política também aumentou (mas ainda é baixa, 0,62% dos candidatos): foram 84 candidatos (ano de 2014); 134 candidatos (em 2018) e agora 175 candidatos (em 2022). As políticas contrárias aos interesses dos índios e da Amazônia, sobretudo no governo Bolsonaro, podem ter estimulado lideranças indígenas a se candidatar.

Enfim, as eleições de outubro de 2022 terão um número recorde de candidaturas de negros, mulheres e indígenas. O aumento da diversidade na política fortalece a democracia representativa brasileira. Embora os números tenham aumentado, ainda estão aquém do tamanho da nossa pluralidade. Entretanto, é um bom passo para superar a tradição do poder sempre reservado a uma elite em sua quase totalidade branca e masculina. 


1.     Como está a atual composição no Congresso Nacional?

- Desafio é o Congresso ter a cara da sociedade.

- Deputados e Senadores (o Poder Legislativo), fazem as leis que regem o País.

- O Senado traduz as demandas dos Estados; a Câmara representa os interesses do Povo.

- A população elege seus representantes para que eles façam aquilo que não podem fazer por si próprios.

- O papel do Parlamentar (papel complexo e diversificado, que exige articulação Câmara/Senado/STF): viabilizar recursos para sua base, participar da aprovação de Leis, sugerir fiscalizações do poder Executivo...

- Para algumas Leis o Congresso dá a palavra final; outras, o Presidente da República precisa concordar.

- O STF é quem garante que a Constituição Brasileira seja cumprida e respeitada (em meio ao jogo das pressões políticas);

- Deve haver equilíbrio entre os 3 poderes.

- Logo, a Câmara é a “Casa da Representatividade” (é a proporção que existe na composição dos espaços políticos, de grupos e de interesses que compõem a sociedade, precisando espelhar e pluralidade da sociedade).

- 54% da população brasileira é formada por negros e 51% por mulheres. Mas, na atual composição do Congresso (Câmara e Senado), temos:




37 x 180:Mulher como quebra galho nessas eleições de 2022.  

- Em 2018, foi instituída a cota feminina no Fundo Eleitoral de 30% para mulheres, e que virou Emenda Constitucional pelo STF neste ano. Mas, são as legendas que definem a distribuição, e aí a verba muitas vezes acaba sendo direcionada a chapas encabeçadas por homens.

- Elas são 53% do eleitorado brasileiro.

- É a maior representação feminina na disputa por governos estaduais ou distrital (52% ou 122 das 217 chapas pelo Executivo estadual), mas a maioria é vice (85 ou 39%). Elas só encabeçam a candidatura em 17% dos casos (37 candidatas a governadoras nos 26 estados e no DF x 180 candidatos). Ou seja, homens ainda são 8 em 10 cabeças de chapa. 

- Num país plural como o Brasil, se um grupo não está chegando ao Poder, nem está conseguindo ser ouvido, significa que essa “Democracia” não está sendo o plural suficiente.

- O poder público deveria estar fazendo mais por nós! 

Enfim, a diversidade brasileira precisa ocupar o seu lugar da/na representatividade. 



2. Mulheres e indígenas buscam mais representatividade na política

·        Um levantamento preliminar mostra que houve um aumento de candidatos que se autodeclararam indígenas: neste ano serão 173, pouco mais do que o dobro registrado em 2014. Ainda de acordo com os números do TSE, este ano serão 9.353 mulheres candidatas a cargos públicos, índice superior ao registrado nas eleições de 2018 e nas eleições de 2014.




3.    Eleições 2022: Negros e LGBTQIA+ buscam por maior representatividade na política brasileira.

Nas últimas eleições, em 2018, quase 48% dos candidatos que concorreram eram negros. Apenas 28% foram eleitos. Hoje no Congresso, negros e negras ocupam 24,16% das cadeiras na Câmara e 22% das cadeiras no Senado. No Legislativo brasileiro existem apenas 5 parlamentares autodeclarados gays entre 594 deputados e senadores. Igualdade e diversidade na hora do voto podem fazer da política um ambiente mais democrático. 



4. A importância do voto de cada eleitor na urna.

Todos nós, mesmo sendo iguais do ponto de vista legal, somos diferentes por escolhas e preferência. E essas diferenças não é algo ruim, mas positivo. 

Não existe democracia sem representação e pluralidade. Sentimento comum a todos os brasileiros. Quem vota espera resultados e identificação. É preciso levar as escolhas muito a sério! Democracia se faz com diversidade.