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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

domingo, 27 de janeiro de 2019

Primeiro mês de Governo Bolsonaro:

- crise ética;
- bate-cabeça;
- bandeira de campanha;
- disputas;
- suspeitas sobre filho ou uma crise envolvendo o filho;
- divergências entre integrantes da equipe;
- recuos de medidas importantes;
- um decreto de grande repercussão;
- incertezas sobre a agenda econômica.
- os desdobramentos políticos provocados pelo desastre em Brumadinho (MG).
- posse do novo Congresso (1º de Fevereiro): serão eleitos os presidentes da Câmara e do Senado. O comando das duas Casas e o início da nova Legislatura é fundamental para o futuro político do Governo.
- ainda vai negociar para valer com os congressistas a Reforma da Previdência (crucial para o sucesso de sua gestão).
- há um forte lobby dos militares, que estão em diversos cargos estratégicos de seu governo e no comando de ministérios.
- Pente-fino no INSS;
- Decreto assinado que flexibiliza a posse de armas no Brasil.
- demissão de 320 servidores comissionados da Casa Civil.





Que Deus é esse?


Com o lema de campanha “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, Bolsonaro usou uma ideia de Deus que troca a luta por promessas – um curinga para encobrir políticas de obscurantismo. Dá a impressão de que o Brasil deseja ser governado sob o amparo divino, mais do que sob as Leis e a Constituição. A bandeira de Deus é hasteada por um presidente que parece querer governar em seu nome – nada mais explosivo para a democracia que uma presença obsessiva da sombra de Deus por parte dos que governam um país laico por constituição.

Esse é o verdadeiro Deus de Bolsonaro: obsessivo, ambíguo e politicamente incorreto. Não é o Deus que deve libertar os escravos da pobreza e da injustiça, o Deus dos que sofrem por serem diferentes, o dos excluídos dos privilégios, e sim o que adoram os satisfeitos, o vingador mais que o pacificador. O Deus da violência mais que o desarmado das bem-aventuranças. Um Deus que infunde medo nos que deveria acolher sob sua proteção. É um Deus que se faz ouvir só através das ordens, gritos e armas do poder, não o que fala no silêncio dos corações em busca de paz e de diálogo.

Por que o Brasil é um país com forte presença religiosa nas massas populares? Porque é um país com vasto histórico de pobres e minorias que sofreram (e sofrem) com mais força a injustiça e a violência, a autoridade e o atraso. Assim, é na religião que Deus é visto como refúgio contra a dor e as dificuldades da vida. Por isso é tão aclamado.

A liberação dos oprimidos e marginalizados perpassa pela luta contra a injustiça, ou seja, Deus é uma força de resistência contra as desigualdades sociais e as intolerâncias, mas Bolsonaro insiste à conservadora “teologia da prosperidade” dos evangélicos, que promete novas utopias que adormecem as injustiças. Justo os evangélicos de boa fé, que são a grande maioria, os mais castigados pelas injustiças sociais. Por isso um presidente apaixonado por Deus e pelas armas em igual medida faz o Brasil adentrar em uma fase perigosa – o fundamentalismo idolátrico.

O uso pessoal que Bolsonaro faz do nome de Deus só o transforma em mais uma bandeira nas mãos de conservadores e políticos que o anulam como propriedade.


sábado, 26 de janeiro de 2019

A medicina privada pode matar o SUS no Governo Bolsonaro.


A medicina privada drenou os recursos públicos para si mesma, e quem paga o pato é o povo. Existe todo um sistema para destruir o SUS e entregar a saúde do brasileiro à medicina privada. E por que uma quer matar a outra? Com o fim do serviço público, o sistema privado ganhará mais que o dobro dos pacientes que têm hoje. Isso já está acontecendo, na verdade.

Um ardil estratagema é a entrada das clínicas populares privadas. Elas praticam uma medicina barata e muito benfeita, com bons médicos, exames, consulta com hora marcada e tudo mais. Isso é ruim para os pacientes? Não! Pois é, só que estão cobrindo uma ineficiência do SUS, que está sendo falido para dar espaço à medicina privada. Logo, esse sistema não deveria necessitar de encobrimento e substituição, mas de aprimoramento. Do contrário, estamos correndo um enorme risco de entregarmos totalmente a saúde do país aos meios privados.

Assim, há um grande buraco na relação financeira entre os dois sistemas de saúde – público e privado. Esse buraco é a caixa-preta da saúde pintada de branco. Explicando: quando um paciente se submete a um procedimento de alta complexidade pago pelo SUS mas executado em um hospital privado, o Governo paga a tabela mais alta do serviço privado. No caso de um transplante de fígado, por exemplo, o Governo chega a pagar cerca de 100 000 reais ao hospital privado. Já quando o hospital privado tem de pagar ao SUS, vale a tabela do sistema público, que é muitíssimo mais baixa.

Outro problema de base é de gestão financeira. O SUS precisa de uma boa e urgente gestão. Há, por exemplo, um tremendo desperdício de dinheiro público. Só em medicamentos são desperdiçados milhões de reais por ano. São remédios vencidos, ou que não chegam ao destino, ou compras malfeitas.

Entretanto, o golpe de misericórdia poderá vir da própria Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula os planos de saúde. Ela vem propugnando um modelo de saúde pública baseado em planos básicos de saúde privados para todos. Essa é uma das tentativas de golpe do sistema de saúde privado. Se concretizada, acabará de vez com o SUS.

É preciso também mudar o esquema de trabalho. Médicos precisa m ganhar bem, pois investir em médico não é perder dinheiro, pelo contrário. Depois, é preciso que eles sejam cobrados pelo que fazem. O que não se pode é permitir que os médicos trabalhem no serviço privado e batam ponto no público. Isso é uma barbaridade, apesar de ser permitido pelos conselhos de medicina. Enquanto isso, assistimos nos noticiários os brasileiros nas filas dos hospitais públicos.

O SUS precisa ser ajudado qualificando profissionais, oferecendo novas tecnologias e técnicas de gestão.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

As 13 teses de Bolsonaro


Bolsonaro ainda está em lua de mel com o eleitorado. Mas, até quando? Eleito com 55,2 milhões de votos, a positiva opinião pública foi balançada no primeiro mês no poder com as movimentações financeiras suspeitas de seu filho e senador eleito, Flávio Bolsonaro. Justo um Governo Eleito com um estridente discurso de combate à corrupção.

A principal trincheira comunicacional do clã Bolsonaro são as redes sociais. Então, são delas que vêm o (des)sabor das opiniões da massa – opositores agitados e apoiadores com mal-estar fizeram as menções negativas superarem as positivas sobre o novo ocupante do Planalto.

Então, como anda a inserção do bolsonarismo na sociedade? Vamos resumir e recordar as 13 principais teses defendidas pelo presidente nos seus discursos e o apreço da opinião pública:


Com base nelas, podemos repartir três grupos de bolsonaristas:

1.      heavy (ou intensos, são os que concordam com pelo menos 9 das 13 teses e representam 14% da população brasileira,);
2.      Medium (ou medianos, concordam com 5 a 8 teses e representam 55% da população) e;
3.      Light (ou leves, são os 31% da população que defendem no máximo 4 teses do presidente).

INTERPRETAÇÃO:

·         A maioria da população rejeita a maior parte dos temas. Isso pode dar um descompasso entre o representante e seus representados. O Brasil é conservador, mas há tópicos da agenda que são bastante questionáveis e pouco factíveis.
·         A principal atitude do presidente até agora foi o decreto das armas, mas os brasileiros não concordam com essa liberação, 68% discordam dela. Então Bolsonaro está priorizando nas primeiras semanas uma agenda que é a dos seus eleitores mais fiéis, que são 14% (os heavy), e se esquecendo das maiorias (Medium e Light).
·         A população ficou muito mal informada durante a campanha porque o programa do presidente era sucinto, com muitos chavões que não aprofundavam os temas. Não é de se surpreender que a agenda atual do presidente não esteja alinhada com a opinião pública.
·         Em três semanas de mandato, além da facilitação do acesso às armas e do combate ao que chama de "doutrinação marxista nas escolas", Bolsonaro pouco falou sobre saúde, área considerada prioritária por 40% dos brasileiros e que enfrenta hoje o desafio de preencher mais de 1.400 vagas deixadas pelos cubanos do Programa Mais Médicos.

A FAVOR:

CONTRA:
- o otimismo recorde da população em relação à situação econômica.
- a boa popularidade e a "lua de mel" com o Congresso Nacional, comum nos primeiros meses de mandato.

- falta consenso na maioria do eleitorado em torno das propostas mais controversas do novo presidente.
DUVIDOSO

- Bolsonaro lidará com um Congresso bastante renovado, onde os partidos tradicionais perdem forças e ganham espaço parlamentares de primeira viagem. Nada menos do que 102 políticos eleitos para a Câmara assumem na semana que vem seu primeiro mandato na vida pública enquanto 147 assumem pela primeira vez o posto de deputado federal. Juntos, representam quase a metade das vagas da Casa (e isso pode ser um bem ou um mal). Além do mais, o Governo tem sinalizado por um diálogo com as bancadas temáticas e não mais com os partidos políticos, o que retira poder das lideranças partidárias.
- DR's   muito tensas! Como serão as relações políticas neste ano de 2019?
A) O Poder Executivo costuma ter mais força que o Legislativo quando ele é preponderado por novatos. A gente tem que ver como a pressão do Executivo vai se dar.
B) O novo Congresso será marcado por representantes de ideias mais "extremas" de direita e de esquerda.
C) Há candidaturas coletivas bem sucedidas com pautas mais progressistas, de esquerda. E temos uma direita com mais militares, religiosos e pessoas com perfil mais conservador. Isso certamente vai ter impacto na forma que o Congresso vai lidar com o presidente.



Resta apenas uma saída de sobrevivência ao novo Governo: a área econômica. Embora ainda não tenha anunciado nenhuma medida econômica de impacto, é justamente na seara econômica que a relação do Governo com a opinião pública e com o próprio Congresso vai se definir.  Logo, a  economia é o que vai preponderar. Portanto, vai ter problemas para lidar com questões como a reforma trabalhista, a reforma da Previdência, as privatizações. A população está mais atenta ao tamanho do Estado e ao que ele se propôs a fazer, que é reduzir o gasto público.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Como produzir pobreza em uma geração?


O Brasil que canta “pega a novinha” é o país com o 4º maior número de “casamentos infantis” (expressão usada para designar casais em que um dos integrantes, ou ambos, não atingiu a maioridade). São 3 milhões de brasileiros vivendo nessa condição. A nação também tem a 7ª maior taxa de gravidez na adolescência da América do Sul (empatada com Peru e Suriname). São 65 gestações para cada 1000 meninas entre 15 e 19 anos; na Venezuela são 95 casos (imersa em crise política e humanitária, é a pior do ranking) e na França apenas 6 (país desenvolvido, pai!). Fontes: Unicef e Fundo de População das Nações Unidas.

É a sina das meninas-noivas: garotas de 12 anos casadas com homens de 45, por exemplo. Contraste do Brasil que é explicado por um lado cultural e outro, social. Do lado de lá existe a tradição do controle da sexualidade feminina, a opressão de uma sociedade patriarcal e machista, a manutenção da tradição das linhagens familiares e dogmas religiosos; do lado de cá, há a miséria, o abismo da desigualdade social e um ciclo retroativo da pobreza crescente. Destrinchando nuances de ambos os lados, temos:

·         A prática acontecia em todas as classes sociais. As monarquias se uniam para manter a nobreza, o poder e a fortuna. Pais determinavam os cônjuges dos filhos desde a tenra idade.
·         Ao longo do tempo, o próprio conceito de infância mudou com o aumento da expectativa de vida – um brasileiro vivia apenas 33 anos no início do século XX. Até a década de 50, ainda se considerava que a vida adulta da menina começava no dia seguinte ao início do ciclo menstrual.
·         A migração da população do campo para a cidade, o surgimento da pílula anticoncepcional e os avanços nos direitos das mulheres mudaram o panorama, mas ainda choca o quadro brasileiro.
·         Há também uma raiz fincada na desigualdade de gênero. Em regiões onde o sexo feminino não tem a oportunidade de contribuir para a família, entrando no mercado de trabalho formal para ajudar com as despesas, as filhas são vistas como um fardo. Por isso, os pais acabam consentindo sutilmente o casamento precoce ou se escondem atrás disso para expulsar a filha que “perdeu a virgindade”.
·         Quanto mais a região é paupérrima, mais os envolvidos em casamentos precoces não percebem a situação como absurda. Na pobreza, o conhecimento é substituído pela necessidade e pelas falsas ideias, um terreno perfeitamente propício para a proliferação de relacionamentos tortos. A falta de idade, de dinheiro e de estrutura familiar faz do casamento infantil uma realidade mais frequente em comunidades carentes, com a agravante de haver um alto índice de separação.
·         Em um daqueles atrasos que se perpetuam sem que ninguém saiba exatamente como nem por quê, o casamento infantil não é ilegal no Brasil. Pela lei, qualquer menina pode se casar depois dos 16 anos desde que tenha autorização dos responsáveis. Em caso de gravidez, as garotas têm o direito de casar-se ainda antes disso: a partir dos 14 anos. Se elas não têm maturidade para cuidar de si próprias, como vão tomar conta de uma família? Isso não parece importar para as bancadas conservadoras no Congresso.
·         Nos dias atuais, o fator econômico e social também é muito forte. Quando a mulher não tem perspectiva de estudar, de trabalhar, ganhar seu próprio dinheiro e, então, construir um futuro com autonomia, a única forma de se sentir útil é casar e engravidar. Sem quebrar esse ciclo, sem interromper os casamentos infantis, o Brasil jamais conseguirá chegar ao futuro.

Fica evidente que, quando a pobreza não é a mola propulsora dos casamentos infantis, entram em cena os valores religiosos e familiares.

Casamento monogâmico atual precisa ser consensual, formado por pessoas com maturidade física e emocional e possuidoras do desejo de constituir família. Também precisa de uma base econômica que o sustente. Sem esses aspectos, desmorona mesmo! Agora, como falar de casamento quando surge uma gravidez precoce, na baixa escolaridade, com ausência de trabalho, falta de perspectiva a longo prazo e sob fuga de uma família desestruturada? Faltou a essa gente dois pilares fundamentais para uma vida adulta saudável dos dias atuais: o apoio familiar e o banco da escola – que se resumem na responsabilidade político-social.

Que destino é reservado para essas "mães precoces"? Um possível futuro condenável, pois estudos comprovaram que: elas têm 7 vezes mais riscos de morrer no parto por não terem corpo de adultas; seus bebês têm probabilidade 60% maior de morrer do que a média, exibem alto índice de depressão, ansiedade e agressividade (gera revolta porque se veem presas a uma situação da qual não vislumbram saída).

E em quem descontam a raiva? Geralmente nos filhos, com falta de paciência ou com violência física, isso quando não os relega a parentes próximos. Do que esses pequenos precisarão para não retroalimentar esse ciclo?