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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

A questão do voto obrigatório: “A Favor” ou “Contra”?

 

ARGUMENTOS

CONTRA:

1.      Muitos são contra o voto obrigatório pelo fato de se sentirem incomodados pelos aspectos práticos da obrigatoriedade, como apresentar o comprovante de que votou ao retirar o passaporte ou ter que ir justificar a abstenção no cartório eleitoral.

2.      Alguns argumentam que, se o voto fosse facultativo, cada partido, além de nos convencer de que “ele é melhor que os outros”, teria de nos convencer também de que “vale a pena votar.”

3.      Se o sistema é democrático, não cabe a ele interferir nas liberdades individuais. Obrigar é violar o meu desejo de simplesmente não querer votar, e pronto. Dane-se o resto!


A FAVOR:

1.      O voto deve ser obrigatório por um motivo básico: só os ausentes nunca têm razão. Afinal, existe a liberdade individual e existe a liberdade política. SEM a obrigatoriedade do voto, a liberdade individual pode ser idiota e abrir mão do voto. COM a obrigatoriedade, a lei lembra que todos têm compromisso com o coletivo no qual exerce as liberdades.

2.      Numa democracia, em que o poder é essencialmente do povo, cada cidadão tem o dever inalienável de participar da construção da coisa pública. O voto obrigatório só ratifica isso.

3.      Voto não é artigo de consumo, que você compra ou não, dá ou descarta. O voto constitui a sociedade política, e sua obrigatoriedade quer reforçar isso.

4.      É perigoso não ser obrigatório, principalmente quando consultamos a História. Na Ditatura Militar, durante quase todo o período entre 1964 e 1984, as eleições diretas foram suspensas e não se votava para presidente, governadores e prefeitos de capitais e certas cidades consideradas de segurança nacional (fronteiras, portos, estâncias balneárias etc.). Porém, entre as “eleições permitidas”, votar era obrigatório. Desse modo, havia um controle e seleção de quem podia votar.

5.      Se o cidadão não tem consciência de que “vale a pena votar” (porque é manipulado pela mídia, por uma força fascista ou um interesse outro), a obrigatoriedade já salva pelo menos o ato. Claro que ele não votará com consciência, mas pelo menos será motivado a expressar sua opinião seja ela qual for. O ato já salva a metade do cidadão. A outra metade, que é a importância de votar consciente, precisa ser moldada pela educação, pela militância e pela vida social ativa – o compromisso com a coisa política.

6.      Se for facultativo, principalmente dentro da cultura brasileira, perderá o sentido mais ainda. Partidos só preocuparão em conquistar a vaga (que já está lá). Mais do que nunca, convencer o povo de que votar é importante não será preocupação nenhuma. Os partidos precisam militar em favor da política, e não somente pela política deles.

7.      Diante da obrigatoriedade, temos todo o compromisso de explicar porque é obrigatório. Até os próprios partidos têm de mostrar que a política significa alguma coisa. Hoje, quem mais faz esse tipo de campanha é a Justiça Eleitoral, quando deveriam ser também os próprios partidos e seus candidatos, e não mero “ôba ôba”. Hoje, todos deveriam explicar e viver a Democracia, não somente o TSE.  

8.      A obrigatoriedade serve para lembrar ao cidadão que ele precisa se reconhecer num Estado que é construção dele. Ele é parte do Estado que ajudou a eleger, não algo estranho e fora dele. Assim, o voto facultativo causaria um fosso ainda maior entre duas coisas que são inseparáveis, ou na verdade uma coisa só: o indivíduo e o Estado.

9.      A sociedade brasileira tem uma noção bastante limitada de responsabilidade. É culturalmente construído o hábito do “jeitinho”. Se você disser DEVE, ainda vai enfrentar o tal jeitinho de não cumprir, imagine só se você permitir um “PODE OU NÃO PODE”?

10.  O ato de votar é uma “obrigação natural” na vida política. Pode pecar por ser redundante (a obrigatoriedade legal só lembra que ele já é obrigatório por Natureza), mas não peca por parecer impositivo. A participação política deveria ser gratuita e espontânea, portanto, todo ônus aplicado a uma omissão é razoável por descumprir uma obrigação.