Como identificá-las?
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O
saber é usado como exercício de autoridade;
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Em
vez de ensinar ser uma ação política, passa a ser qualquer outra coisa (cuidar,
instruir, depositar, etc.);
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Os
estudantes são reduzidos à condição de coisas;
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Retira
do estudante o direito de ser sujeito
de seu próprio pensamento e discurso;
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A
relação professor-aluno é assimétrica;
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Essa
assimetria é lançada no currículo oculto:
a) fingimento do diálogo e da não diferença professor-aluno; b) admite a
diferença, mas para justificar a
desigualdade e o exercício da
autoridade.
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A
relação aluno-professor é pautada em extremos, enrijecimento autoritário, sem
franquear ao estudante um diálogo com o saber.
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Força
e centraliza o diálogo dos estudantes conosco, com os professores (não com o pensamento e a cultura, ou a práxis cultural passada e presente, corporificada
em obras);
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Os
alunos estão ali para consumir
cultura e ciência, não produzi-las;
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O
lugar do saber é o professor (quando a relação pedagógica deveria situar o lugar
do saber sempre vazio e que todos
podem aspirar por ele – o direito de produzir cultura e ciência);
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Fica
em um pêndulo entre o paternalismo
democratista e o autoritarismo,
nunca em uma relação pedagógica democrática.
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Acentua
a desigualdade do acesso ao
conhecimento;
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A
ditadura, em primeiro lugar, e a política neoliberal, em segundo,
corromperam a estrutura;
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Ode
ao tecnicismo, burocracia, ideologia e autoritarismo;
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É
devorada pela dominação crescente da ideologia
da competência;
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Os
únicos convidados a participar da reformulação do ensino são os especialistas que silenciam o discurso
da educação e dos educadores;
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Convida
a pensar para, e não a pensar com (os
educadores, os alunos, as famílias...);
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É
instalada, o tempo todo e em todo lugar, uma relação hierárquica, uma relação
de poder e uma relação de autoridade, sobretudo na estipulação daquilo que os
jovens devem aprender e daquilo que lhes é cerceado.
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Está
sempre prezando por uma reforma ditatorial do currículo, suprimindo disciplinas
que fazem pensar, obrigando uma educação moral e cívica, um ensino
profissionalizante redutor, e outros;
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Sofre
constantemente um rebaixamento interesseiro das funções da educação e da
cultura, concebidas apenas como transmissão de informações e adestramento para
o mundo do trabalho;
· Não preza por formações, sobretudo aquelas que exigem o trabalho da interrogação, da reflexão crítica, ou qualquer outra coisa que possibilite elevar ao plano do conceito o que foi experimentado como questão, pergunta, problema, dificuldade.
Enfim, o autoritarismo está fortemente presente em nosso sistema de ensino, embora menos visível, a ponto de possibilitar a contínua reprodução das estruturas da sociedade autoritária brasileira. Entretanto, do mesmo modo que o ato de educar pode ser o mecanismo de reprodução do passado, também pode ser a possibilidade de transformação do presente.
“O mau
professor de natação faz duas coisas: primeiro, se joga sozinho na água e diz
aos alunos ‘façam como eu’, depois ensina os alunos a nadar na areia, como se
areia e água fossem o mesmo; ao contrário, o bom professor de natação é aquele
que se joga na água com os alunos e lhes diz ‘façam comigo’, porque a relação não
é dos alunos com o professor, mas com a água” (Maurice Merleau-Ponty).



