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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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sábado, 27 de dezembro de 2025

Ética e Liberdade.

 

O grande tema da ética, desde que ela se tornou questão filosófica é: o que está e o que não está em nosso poder? Até onde se estende o poder de nossa vontade, de nosso desejo, de nossa consciência? Até onde alcança o poder de nossa liberdade? Podemos mais do que o mundo ou este pode mais do que nossa liberdade? O que está inteiramente em nosso poder e o que depende inteiramente de causas e forças exteriores que agem sobre nós?

Filosoficamente, a questão da liberdade se apresenta na forma de dois pares de opostos:

1.     O par “necessidade-liberdade”: Possuem leis causais (da natureza) e normas-regras obrigatórias (da cultura), o necessário é aquilo que acontece por si mesmo, sem nossa intervenção ou interferência; é o que não depende de nós para ser tal como é (o todo da realidade, existente em si e por si, que age sem nós e nos insere em sua rede de causas e efeitos, condições e consequências).

- nesse par encaixam termos religiosos: fatalidade-liberdade (forças transcendentes superiores); e termos científicos: determinismo-liberdade (homem determinado pelas leis e causas químicas, biológicas, etc.).

2.     O par “contingência-liberdade”: Contingência ou milagre, vontade sobrenatural, força divinizada ou desconhecida, acaso, boa e má sorte, acidental, indeterminado (a realidade é imprevisível e mutável).

Ambos os pares opostos impossibilitam deliberação e decisão racionais, definidoras da liberdade. Aí parece que todos os possíveis foram fechados para o humano, que ficará anestesiado, impotente, resignado, conformado, passivo e omisso. Ou existe saída? Como escreveu Sartre, o que importa não é saber o que fizeram de nós e sim o que fazemos com o que quiseram fazer conosco. Onde fica o campo da liberdade possível?

Do ponto de vista ético, a liberdade só será ética quando o exercício da vontade estiver em harmonia com a direção apontada pela razão. Outra constatação importante: há uma tensão entre nossa liberdade e as condições – naturais, culturais, psíquicas – que nos determinam (a liberdade como possibilidade objetiva).

O farol abriu, siga: buscar eliminar a violência na relação com o outro, manter a fidelidade a nós mesmos, a coerência de nossa vida e a inteireza de nosso caráter. Não desaprender a linguagem com que os homens se comunicam, deixar o coração crescer para sermos mais nós mesmos quanto mais formos capazes de reciprocidade e solidariedade.

Interiorizar e Criar.

A ética se move no campo das paixões, dos desejos, das ações e dos princípios, possuindo uma dimensão valorativa e normativa (que são exteriores e anteriores a nós, definidos pela cultura e pela sociedade em que vivemos). Mas, como sujeitos éticos, somos tanto capazes de interiorizar valores e normas existentes como de criar novos valores e normas. Ou seja, com atos de liberdade, interpretamos nossa situação (valores, normas, princípios) e dessa interpretação nasce em nós a aceitação ou a recusa, a interiorização ou a transgressão, a continuação ou a criação.

“Minha liberdade é o poder fundamental que tenho de ser o sujeito de todas as minhas experiências” (Merleau-Ponty).

“A ação mais alta da vida livre é nosso poder para avaliar os valores” (Nietszche).

“O essencial para nossa felicidade é nossa condição íntima e dela somos senhores” (Epicuro).

“A justiça não existe por si própria, mas encontra-se sempre nas relações recíprocas, em qualquer tempo e lugar em que exista entre os humanos o pacto de não causar nem sofrer dano” (Epicuro).

Enfim, o núcleo da vida ética é ser senhor de si (ser autônomo) e ser capaz de philia (reciprocidade, relação intersubjetiva como coexistência e não-violência).

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