As
contradições já existentes se acentuaram e outras surgem (surgirão?) como
consequência da crise...
Caso a crise dos
últimos dias tivesse surtido algum efeito, seria mais provável a saída de
Michel Temer da presidência do país do que a saída de Pedro Parente do poder da
Petrobras. Tratou-se de uma disputa pelo espólio econômico do Estado e, em
segundo lugar, de uma disputa pela direção política do projeto golpista
vigente.
Vamos seguir com o alto
preço dos combustíveis (a vida cotidiana, como gás e gasolina, simplesmente
permanecem como estão, com aumentos permanentes), uma crise econômica acirrada,
a política de austeridade liderada pelo projeto neoliberal de Temer, uma base
de apoio ainda firmada na burguesia interna e o capital financeiro no comando.
Continua em aberto o
espaço que pode ser ocupado pelos setores progressistas. Quem vai pagar a conta
desse acordo em que o governo se comprometeu, de modo escandaloso, a continuar
drenando riqueza nacional para o capital financeiro? E os impactos das perdas
bilionárias oriundas da paralisação?
Um detalhe me chamou a
atenção: o comportamento dos militares e setores de segurança. Estes claramente
fizeram jogo duplo. Apesar dos anúncios bombásticos do uso da força pelo
governo, em muitos lugares foi visível, literalmente, o apoio das forças de
segurança. A demora do alto comando das Forças Armadas em negar de modo firme
os pedidos de intervenção militar também ficou visível. Entretanto, não se
consegue definir se há um apoio amplo em toda a hierarquia ou se é difuso e com
mais peso nos setores de patente baixa. Ainda que componham com o governo,
também flertaram com o golpismo, fizeram seu teste de até onde possuem apoio
popular. As forças militares se consolidaram como força política e com
potencial para se tornar um “poder moderador” dos demais poderes da República.
Não fazem questão de esconder sua falta de apreço com este governo. Porém,
também parece que não querem se arriscar numa aventura golpista.
Enfim, não há respeito
ao povo, à nação, aos trabalhadores, nem a democracia. Agora, resta outro
cenário de disputa – as eleições de 2018. A política nos salvará? O que você
espera do povo? Todas as fichas de desestabilização serão apostadas pelos
setores de direita no processo eleitoral para que legitime a força econômica
atual.
Para onde vamos? Sem
dúvida a conjuntura foi alterada, forças sociais entraram em cena. As eleições
de outubro ainda permanecem uma incógnita, o ponto central segue sendo Lula e a
falta de opções dos setores golpistas. O governo se mantém, mas já não existe.
Não cai porque um novo arranjo neste momento é inviável. Os setores fascistas
saíram à luz do dia e ganharam seu espaço. A esquerda ficou atordoada. A
inquietação social, o desespero de um país que se esfacela, são combustíveis
para novas explosões sociais. Devemos estar preparados!
Neilton Lima
Coordenador Pedagógico Escolar
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