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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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sexta-feira, 31 de maio de 2024

Insurgência contra o Direito.


Romper o círculo viscoso de degradação da legalidade é hoje nosso maior desafio. Sem o enraizamento do império da lei, dificilmente alcançaremos soluções para os outros enormes desafios que temos pela frente.

As campanhas chegaram...

·       Completa falta de cerimônia, manipulação ostensiva e desrespeito à legalidade têm aprofundado uma perigosa sensação de anomia – de ausência de regras –, gerando um ambiente em que prevalecem apenas as lógicas da dominação, do arbítrio e do ardil;

·       Festival de deslealdades com o nosso combalido estado de direito (patrocinadas por maiorias parlamentares, governadores de estado e até ministro do Supremo);

·       Desenraizamento institucional ou o preocupante processo de degradação do ambiente institucional;

·       Dificuldade cada vez maior de a lei servir como instrumento de determinação de condutas e estabilização de expectativas;

·       E onde a lei não impera, prevalecem o arbítrio, a violência, o oportunismo, o mandonismo e uma perversa forma de extrativismo institucional;

·       O direito não tem força própria. Sua efetividade depende, primariamente, dum delicado equilíbrio entre aqueles que têm poder na sociedade. Sem que os poderosos se convençam de que é mais vantajoso resolver suas disputas e conflitos por intermédio das regras do jogo, o estado de direito não para de pé. Quando esse equilíbrio político não é alcançado ou se rompe, a vida social, política e econômica se degradam. Sem que os detentores do poder vejam vantagem em resolver seus conflitos de acordo com as regras do jogo, o estado de direito não sobrevive.

·       A efetividade do governo das leis também depende da disposição daqueles que habitam as suas instituições em cumprir com suas responsabilidade de elaborar, implementar e aplicar as leis de maneira correta e consistente. Quando as instituições responsáveis pela produção e aplicação do direito não cumprem com suas atribuições, o direito deixa de ser um instrumento crível para contribuir com a coordenação pacífica da sociedade.

 

A fragilidade do Direito ou da Lei, e suas consequências:

·       Brutaliza a vida das pessoas, especialmente daquelas que estão mais vulneráveis ao crime, ao arbítrio e à negligência do Estado ou mesmo à ação predatória de algumas poderosas corporações;

·       Deteriora a eficácia das políticas públicas, das instituições democráticas e, por consequência, a confiança na democracia;

·       Reduz a eficiência dos mecanismos de mercado, inibe investimentos e emperra processos de desenvolvimento econômico e social mais sustentáveis e equitativos;

·       Aprofunda a indecente e persistente desigualdade, a perversa “cordialidade” e o patrimonialismo entre nós;

·       Desagua na tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, como vimos no 8 de janeiro de 2023;

·       Alguns exemplos: resistência às câmeras policiais, implosão de acordos de delação, jogos perversos de vetos, etc.

 

Enfim, por mais forte que seja o Direito e suas Leis, defendê-los e garanti-los depende de uma jura. Eis o problema: juras podem ser facilmente quebradas, o tempo todo!

Condenado: Donald Trump.

 

Criminoso condenado. Donald John Trump (77 anos) é condenado por um crime, mas a acusação de fraude contábil não o impede de concorrer à Casa Branca em novembro (é improvável que seja preso). Ao contrário do Brasil, os EUA não têm uma legislação equiparável à Lei da Ficha Limpa, que veda a participação de candidatos condenados na Justiça. Pena ainda é incerta (o juiz do caso a definirá em 11 de julho). Republicano é 1º ex-presidente dos EUA julgado culpado (condenado) por crimes na História dos EUA desde a independência do país, 248 anos atrás. O caso tratou de falsificação de registros de negócios para encobrir um escândalo sexual que ameaçava prejudicar sua campanha presidencial em 2016.

A condenação criminal prevê uma pena de ao menos 4 anos de prisão, mas Trump poderá nunca ver o interior de uma cela de prisão. O juiz (Juan Merchan) pode só multá-lo e impor uma pena de liberdade condicional, citando a sua idade e estatuto de réu primário. Como é certo que Trump apelará do veredicto, deve levar anos até que o caso seja resolvido. Ainda assim, a decisão do júri é um momento marcante na História americana, concluindo o único dos 4 processos criminais – incluindo 2 que acusaram Trump de tentar anular as eleições de 2020 – que provavelmente vai a julgamento antes do dia das eleições.

Outros destaques:

- O “Tribunal Criminal de Manhattan”, em Nova York, condenou o ex-presidente dos EUA Donald Trump por fraude contábil ao ocultar o pagamento para comprar o silêncio de uma atriz pornô durante a eleição de 2016, quando saiu vencedor. Os 12 membros do júri o consideraram culpado pelas 34 alegações relativas ao episódio.

- Hoje, Trump e Biden estão numa disputa equilibrada segundo as pesquisas.

- O julgamento testou a resiliência do sistema de justiça americano.

- Ele perpetrou uma fraude contra o povo americano ao privá-lo de informação vital antes das eleições de 2016. O caso, cheio de intrigas de tabloides, recompensas secretas e um pacto no Salão Oval, ecoou o escândalo político de Watergate, de 1972, que levou à renúncia de Richard Nixon dois anos depois.

- O júri concordou que Trump cometeu fraudes contábeis para esconder o real propósito de um dinheiro dado a seu então advogado Michael D. Cohen. Apesar de disfarçados de gastos legais comuns, os pagamentos na verdade eram o reembolso por US$ 130 mil dados por Cohen como suborno à atriz pornô Stormy Daniels para que não revelasse ter mantido uma relação sexual com Trump quando ele era casado.

quinta-feira, 30 de maio de 2024

A crise política brasileira.


A opinião pública foi substituída pelo caos das redes sociais.

A sociedade civil organizada, como a conhecemos, morreu.

O Brasil está dominado pelo “coronelismo, emenda e voto” e por parlamentares que se comportam como “vereadores federais” e distorcem a relação legislativa. Desapareceram os congressistas que pensavam as grandes questões nacionais.

Enquanto o legislativo está inflado, o executivo está atrofiado. Lula está fadado a executar o Orçamento e já não consegue pelo crescimento das emendas parlamentares. A lógica hoje no Congresso Nacional é basicamente de interesses dos parlamentares em relação aos municípios. O que é muito ruim para o presidente.

A dinâmica municipal está ligada a atender aos interesses fisiológicos e mais imediatos do município para levar votos para os parlamentares de Brasília. Os partidos que fazem isso acabam constituindo uma grande bancada e ter uma grande bancada dá muito poder no presidencialismo de coalizão para pressionar o presidente da República. E o que agrava este caso é que as emendas passaram a ser impositivas e aumentaram de valor.  

Antes, o executivo negociava, segurava as emendas, fazia um jogo de “toma lá, dá cá” mais efetivo de sua parte. Depois da matéria votada, ele liberava. Agora, mudou. Hoje tem uma lógica do “coronelismo, emenda e voto”. Esse parlamentar com tantos recursos, o prefeito fica dependente dele, o governo fica dependente dele. O prefeito depende da emenda, o governo do voto. É o novo coronel.

Aliás, foi assim que o Arthur Lira, presidente da Câmara, se referiu outro dia com a expressão “nos meus municípios”. É o velho patrimonialismo. Há deputados que carregam recursos em emendas para os seus municípios, seus currais eleitorais, fazem prefeitos, fazem vereadores e, portanto, garantem a base política, os cabos eleitorais, que vão reelegê-los.  

Quando se dá tanto poder de execução orçamentária aos parlamentares é criada distorção o tempo todo. Eles acham que o processo não passa mais pelos governadores e muito menos pelas políticas públicas. Assim, um deputado pode mandar emenda para um município construir uma escola e, nessa altura das mudanças demográficas, ser mais necessário, naquele mesmo município, um hospital.

E há outro forte agravante. Na vitória de Bolsonaro nas fake news’ houve além de populismo, estupidez, e a força bruta que mora no caos das redes sociais, que tem substituído o que um dia chamamos de opinião pública. A sociedade civil organizada, como a conhecemos, morreu. Houve aí uma clara aliança do Centrão com a extrema direita em nome daquilo que hipocritamente chamam de ‘liberdade de expressão’. Vários desses parlamentares fazem política pelas redes.

Enfim, na eleição deste ano, apesar de o pleito municipal ter sempre questões locais, a polarização permanecerá como uma sombra na disputa. E onde fica o debate nacional? Onde ficam as grandes questões da política, da saúde, do meio ambiente e da educação?

Mercado de trabalho aquecido.

 

·       A renda média do trabalhador cresceu 4,7% em relação ao ano passado e está em R$ 3,151 mil por mês (a massa salarial – soma dos ganhos de todos os trabalhadores do país – chegou a R$ 313,1 bilhões mensais, novo recorde da série histórica);

·       A ocupação bate recorde. O número de brasileiros ocupados (100,8 milhões) é o maior da série histórica, desde 2012. Desses, são 38,1 milhões com carteira assinada no setor privado, índice mais alto já registrado;

·       O desemprego ficou estável: 7,5% (melhor que as previsões do mercado 7,7%), com 8,2 milhões de brasileiros em busca de uma vaga;

·       Também bateu recorde o número de trabalhadores sem carteira no setor privado, com 13,6 milhões de brasileiros nesta forma de inserção no mercado. Foi registrada estabilidade no trimestre e alta de 6,4% (mais 813 mil pessoas) no ano. 

·       No acumulado do ano (janeiro a abril), o saldo foi de 958.425 empregos criados. Em abril, as contratações foram puxadas pelos setores de serviços, com 138.309 postos e pela indústria, que criou 35.990 vagas. A agropecuária teve o desempenho mais fraco entre os cinco principais setores.

·       Atualmente, há 46,475 milhões de pessoas trabalhando com carteira assinada.

 

·       O que ajuda a explicar os números?

1.     Medidas que injetam dinheiro na economia;

2.     A política de aumento real do salário mínimo;

3.     Pagamento de precatórios pelo governo;

4.     Retomada dos serviços às famílias;

5.     A alta do consumo pode forçar uma atuação mais cautelosa do BC para conter a inflação;

6.     A queda dos juros e da inflação têm contribuído para o bom desempenho do mercado de trabalho quando se compara com o ano passado;

7.     Outro fator é a informalidade, que é muito significativa na composição da população ocupada no país, e tem ficado estável nos últimos trimestres. A forma de inserção que tem crescido é o dos trabalhadores formais;

8.     Parte desse movimento pode ser explicado pela política fiscal expansionista, reajuste real do salário mínimo, pagamento de precatórios (dívidas da União sem possibilidade de recurso na Justiça) e retomada gradual dos serviços prestados às famílias, mais intensivos em mão de obra. 

9.     A estabilidade da taxa de desemprego é reflexo da redução no número de dispensas no comércio, movimento mais forte no primeiro trimestre.

10.     Foi observado um aumento da ocupação na administração pública, saúde e educação. É neste período (eleitoral) que são recontratados os profissionais da educação pública, sobretudo do ensino fundamental. 

·       Desemprego tem menor taxa em 10 anos, desde 2014 (trimestre encerrado em abril)! Mercado aquecido leva a maior índice de empregos com e sem carteira no setor privado.

·       Todos esses dados confirmam o cenário de aquecimento do mercado de trabalho no primeiro semestre em linha com a atividade econômica – o que é muito bom para o trabalhador.

·       Mas, essa alta dos salários pode fazer o BC manter os juros altos por mais tempo. Com mais renda disponível, aumenta o consumo e isso pode ter reflexo nos preços. Ou seja, isso impõe alguma restrição à política monetária. Com o mercado de trabalho mais aquecido, os empregadores devem reajustar os salários acima dos ganhos de produtividade e repassar o aumento de custo aos preços. Por isso, o mercado de trabalho deve pressionar a inflação de serviços, que por enquanto tem se mantido comportada, apesar de as previsões estarem subindo. Assim, a contínua piora das expectativas de inflação pode levar a autoridade monetária a pausar o ciclo de cortes no atual patamar de 10,5% ao ano da Selic (juros básicos da economia).

·       Opa! Um mercado de trabalho forte para o período de fevereiro e abril, época tradicionalmente fraca para criação de vagas, é um ótimo sinal. A questão é se essa melhora continuará nos próximos meses, afinal, o mercado formal mostra uma nova dinâmica depois da saída da crise da pandemia. E gerar muito emprego e de forma consistente depende do PIB. 

domingo, 26 de maio de 2024

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Trilogia “A Era da Informação” e a "Democracia".

 

Do Velho Mundo não tem saída fácil. Hoje, ele se traduz como a dinâmica entre identidade normativa x identidades de resistência. Assim, eis as duas grandes tendências conflitantes que moldam o mundo de hoje: a globalização e a identidade.

Essas categorias básicas da existência vêm sendo ameaçadas pelos assaltos, ao mesmo tempo combinados e conflitantes, de forças tecnoeconômicas e de movimentos sociais transformadores, cada um usando o novo poder da mídia para promover suas ambições. Disso resultam dois movimentos: 

1) as origens, os propósitos e os efeitos de movimentos ativistas como o feminismo e o ambientalismo, que visam a transformar as relações humanas em seu nível mais fundamental;

2) movimentos conservadores, que constroem trincheiras de resistência em nome de Deus, da nação, da etnia, da família ou da localidade. 

Entre essas duas tendências opostas, o Estado-Nação é posto em questão, arrastando em sua crise a própria noção de democracia política. Daí o crescimento da desigualdade, da polarização e da exclusão social em todo o mundo. 

·       Identidades em jogo:

1)     Legitimadora: é normatizadora (é a comunidade europeia), rica, representada pelos liberais ocidentais e que realizaram a globalização e tinha como dinâmica o capital, travestido de anjo da liberdade e da igualdade. A inteligência pública é transformada num nicho específico dentro da identidade normativa “rica”.

2)     A de Projeto: exemplificada pelo feminismo e pelo ambientalismo (pelo movimento LGBTQIA+), infelizmente se caracteriza não como uma negação da identidade normativa, mas como um esforço para fazer essa identidade normativa convidá-la para seus círculos de poder (esse foi propósito do show de Madona x Pablo Vittar). Os departamentos de diversidade do capitalismo hoje estão nessa direção. A identidade de projeto está sendo melado para só querer ter um capitalismo para chamar de seu. Uma sacada para levar a esquerda. O problema é que, identidades sem reprodução são condenadas à extinção. Se seguir essa linha, a direita vai engolir as identidades de projeto e depois digeri-las, ficando apenas com seus nutrientes. Na atualidade, para dar conta disso, há um “cordão sanitário” sendo posto ao redor dessas identidades, para que elas não contaminem as democracias, escancarando como os demais no fundo ver esse “projeto”: de massa de manobra.

3)     A de Resistência: com vocação à defesa das comunidades que recusavam a globalização. Sombra, no sentido junguiano, diferente da identidade de projeto, teria como intenção pôr fogo no parquinho do capitalismo globalizado festivo. São “nativos” por oposição às invasões bárbaras.

- são inimigos da “sociedade aberta”; com liberdade para ser “nós mesmos”, com nossos hábitos “ancestrais”...

- O que fazer com os refugiados? E a população muçulmana?

·       Os perigos que a democracia enfrenta hoje.

Partindo da democracia norte-americana, 2 movimentos:

1)     o capitalismo liberal de paz e prosperidade, anseios de liberdade, liderança e de autogoverno;

2)     as crenças do mercado corroendo os laços comunitários e um sentimento crescente de impotência, que tomou conta de boa parte da população subitamente excluída da divisão da riqueza, consolidaria insatisfações que se materializaram em uma radical retomada de valores nacionalistas e conservadores

É essa reação que vemos, agora, encarnada em disputas políticas nos EUA, uma nação dividida a qual, muitas vezes, parece se posicionar contra si mesma – polarização política e empurraram as instituições americanas à beira do precipício, como o furor conspiratório que culminou na invasão do Capitólio, em 2021, mas também a batalha entre as benesses do Estado de direito e o obscurantismo das redes de ódio, das fake news e da intolerância política.

Enfim, passamos por processos de mudança social global induzida pela transição da antiga sociedade industrial para a emergente sociedade em rede global. Na “Era da Informação” os processos de globalização que antes já marginalizavam, agora ameaçam tornar insignificantes países e povos inteiros – excluídos das redes de informação. Nas economias avançadas, a produção se concentra hoje em uma parcela instruída da população com idade entre 25 e 40 anos. O resultado dessa tendência progressiva pode não ser o desemprego em massa, mas sim:

A) a flexibilização extrema do trabalho

B) a individualização da mão de obra 

C) uma estrutura social altamente segmentada.

domingo, 19 de maio de 2024

A semântica nas redes.

 

As redes sociais transformam a mesquinhez da exibição na nobreza da partilha. Significado mole em palavra dura.

Alguém que compartilha a fotografia de um pão não oferece nada aos outros. Quem compartilha uma foto do seu carro novo não dá carona a quem vê. Quando alguém compartilha imagens das suas férias, normalmente até ganha dinheiro com isso, porque uma agência de viagens, uma companhia aérea ou um hotel estão pagando. Esse dinheiro também não é compartilhado.

As palavras perderam o sentido nas redes sociais. Uma novilingua cruel em operação. A esmagadora maioria é um festival de exibição. Fora quem precisa divulgar o seu negócio, vender o próprio peixe ou dividir algum ensinamento sério e verdadeiro, o resto é só futilidade, mentiras, emburrecimento e alienação coletivas.

Dentro e fora das redes sociais, extremista-direita nunca se assume como tal. Alguns dizem ser conservadores, quando na verdade são reacionários ou fascistas. Fascistas também nunca se consideram fascistas. No Brasil, fascista não assumidos tentaram divulgar que nazismo era esquerda. Não era burrice ou ignorância, mas estilo fascista de tentar confundir incautos.

Luz e cafuné para os oprimidos. São muitas as injustiças da vida contemporânea, como escolher sempre o pior sentido. Essa é a linguagem da sociedade do espetáculo e do simulacro – miséria linguística! As contradições das redes insaciáveis são expostas visceralmente. Hoje significam quase tudo de ruim que nos restou das interações ditas sociais. 

As palavras só têm significado mais ou menos precisos. O mundo digital tem uma semântica própria. Lá, as palavras significam o contrário do que querem dizer na vida real.

Exemplos:

1.     Conteúdo: “ausência de conteúdo”, produzir vácuo;

2.     Amigo: nutrir sentimento por pessoas que nem conhecemos.

3.     Seguidor: pessoa que nos observa porque tem interesse na nossa queda. Pessoas que vão atrás pretendendo dá uma rasteira.

4.     Compartilhar: exibir.

Enfim, o alambique das redes sociais transforma a mesquinhez da exibição na nobreza da partilha.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Novidades, 2024.

 

·       Mudanças climáticas forçam empresas a contratar previsão. Afinal, as variações do clima afetam operações das empresas e têm de estar na “planilha de custos e riscos” das empresas. Varejo, delivery, agro, energia e construtoras (que precisam justificar atraso de obras), hospitais que não querem ficar sem luz, concessionárias de estradas são alguns dos setores que buscam consultorias meteorológicas para guiar negócios e reduzir riscos. Climatempo é a maior consultoria do gênero na América Latina (presidente: Patrícia Madeira). São empresas de diferentes setores da economia querendo dados para:

A)   Quando lançar uma coleção de roupas?

B)    Reforçar o estoque de ventiladores?

C)    Contratar mais motoboys para dias de chuva? 

·       Caramelo, tchê, é civilidade! 60% das famílias brasileiras possuem pets. Todo animal, além da emoção doméstica, provoca pensamento. Porque resiste, mais do que o ser humano, ao artificialismo tornado padrão de referência para qualquer forma de existência. Cada um tende a ser apreciado por seu ajustamento aos costumes do capital, disso escapa o animal. No culto de si exacerbado pelas máquinas, em que tanto a solidão quanto a presença do outro parece insuportável, animal é fetiche de alteridade: nem gente, nem coisa, um ser vivo confortável. Estátuas equestres estão espalhadas por aí, sempre para exaltar quem monta o cavalo. Mas, Caramelo conquistou o afeto de todos pela beleza interior. Valente! Nossos castelos de areia e nossas visões turvas da realidade... Nas lutas pela sobrevivência e independência o gênero ou a cor da pele é o que menos importa. Há questões mais urgentes, como matar a fome e lutar contra os poderosos. 

·       A 3ª maior geradora de energia do País. A Auren Energia compra AES Brasil; negócio cria 3ª maior geradora de energia do País (com 8,8 gigawatts de capacidade), e se consolida como a maior comercializadora. Ela terá um parque gerador diversificado: 54% hidrelétrico, 36% eólico e 10% solar.). A companhia nasce com receita líquida anual de quase R$ 10 bilhões e fica atrás apenas da Eletrobras e da Engie (em capacidade de geração elétrica). A Auren é controlada pelo grupo Votorantim e pelo fundo canadense CCP Investments. 

·       Apuração em curso de André Janones (Avante-MG) é alvo de processo no Conselho de Ética da Câmara, sob suspeita de “rachadinha” em seu gabinete. A acusação de quebra do decoro parlamentar foi levantada pelo PL. Dois ex-assessores (Cefas Luiz Paulino e Fabrício Ferreira de Oliveria) do parlamentar afirmaram que ele cobrava funcionários lotados em seu gabinete na Câmara a repassar parte dos seus salários (60% dos vencimentos e até 13º). O caso é investigado pela PF e o relator é o Guilherme Boulos (PSOL-SP), que justificou que as acusações são anteriores ao exercício do mandato dele, que se iniciou em 2023, ou seja, que eram suspeitas de conhecimento público desde 2021. Assim, Boulos vota para arquivar caso ou contra cassação de Janones. “Não há justa causa para o presente feito. A representação do PL traz fatos antes do representado ser deputado federal. O Judiciário fará seu trabalho” (Boulos). Janones atuou informalmente como estrategista da campanha digital de Lula. Lula é o principal aliado de Boulos na corrida pela prefeitura de São Paulo. “Tudo isso não passa de uma grande armação, não sou réu em nenhum processo judicial” (Janones). Em áudios divulgados pelo site "Metrópoles", o deputado diz que os servidores deveriam usar uma fatia dos salários recebidos da Câmara para pagar dívidas de campanha. O parlamentar alega que o pedido revelado na gravação foi feito antes de se eleger, em 2018, para pessoas que ainda não trabalhavam em sua equipe. Janones diz ainda que não colocou a sugestão em prática. 

·       “O PT está condenado a envelhecer e se perder em meio a alianças cada vez mais exigentes e perigosas”.

- Velhas ideias para situações inéditas.

- Desafio de transferência de votos do bolsonarismo sem a rejeição. A passagem de bastão.

- Política é para quem tem suporte psicológico e um passado mais ou menos.

- Pare de tratar golpistas, que defendem ditadura e tortura, como participantes do sistema democrático! Isso é absurdo!!!

- Qual é a estratégia da Globo? Bolsonaro não ficou inelegível? Pronto! Coloca ele ao lado de Lula, forma a dupla dos mais medíocres e piores líderes de todos os tempos, e deixa ambos morrerem afogados. Aposta numa nova chapa (Tarcísio/Michelle), promove a transferência de votos sem a rejeição (que vem do radicalismo e do extremismo).

 

Bolsonaro

 

 

Lula

·        No poder, negaria enchentes no RS, e as chamaria de “chuvazinha”, afirmaria que menos chuvas cairiam na região e declararia que a evacuação das áreas inundadas seria completamente desnecessária e atrapalharia a economia, declararia guerra a Eduardo Leite por tentarem resgatar vítimas da enchente, não visitaria os desabrigados, não choraria pelos mortos, faria piada imitando um gaúcho se afogando, diante da indignação popular diria que não é salva-vidas, afirmaria que os afogados deviam ter algum problema de saúde preexistente;

·       Divulgaria teorias da conspiração sobre como a China causou a enchente;

·       O Brasil passou por uma das maiores crises da história contemporânea sem poder contar com nada que pudesse ser chamado de governo;

·       Até mais do que pelo golpe, Bolsonaro deveria ser preso pelos vários Maracanãs cheios de brasileiros que vocês deixaram morrer se debatendo por oxigênio.

 

·       Na pandemia, seguiria as recomendações dos cientistas, compraria vacina e cooperaria com governadores;

·       O epidemiologista estimou em 95 mil as mortes que teriam sido evitadas;

Por trás das manifestações desenfreadas do carnaval populista, está o trabalho árduo de ideólogos e, cada vez mais, de cientistas e especialistas do Big Data, sem os quais esses líderes nunca teriam chegado ao poder.

O PT:

·       Foi o grande vencedor de eleições presidenciais da Nova República;

·       Produziu seu líder mais popular;

·       Representa as vitórias e derrotas do Brasil no período.

·       Virou o bode expiatório dos defeitos do sistema para parte do público brasileiro.

·       A trajetória da mais amada e mais odiada de nossas agremiações políticas

·       As possibilidades e os limites da experiência da sociedade brasileira, uma democracia de alta desigualdade, com viés conservador.

 

Os engenheiros do caos. O grande enigma político de nossa era – Como “os ditadores do medo” governa(ra)m? Como podem os ditadores sobreviver em uma era de modernidade cada vez mais profunda? Por que esse novo tipo de ditadura surge, como funciona, quais são as ameaças que esses regimes representam e qual é a melhor maneira de o Ocidente reagir a eles?

·       Por meio de repressão brutal.

·       Impondo ideologias oficiais.

·       Isolando seus Estados do mundo exterior.

·       A face da ditadura mudou. Uma nova geração de homens-fortes bem-vestidos e versados em mídia tem redesenhado o governo autoritário para um mundo mais sofisticado e globalmente conectado. Em vez de julgamentos de fachada e campos de prisioneiros, esses líderes controlam seus cidadãos manipulando informações e falsificando procedimentos democráticos. Assim como os assessores políticos nas democracias, eles manipulam as notícias para obter apoio.

·       Os mestres da repressão tecnológica.

·       Métodos menos violentos, mais encobertos e mais eficazes de monopolizar o poder, cultivando uma imagem de competência, praticando censura oculta e usando instituições democráticas para minar a democracia, enquanto aumentavam o envolvimento internacional em prol de benefícios financeiros e de reputação pessoal.

·       Os ditadores sempre contaram mentiras… Os ditadores também usaram com frequência o terror… Mas o equilíbrio entre mentir e matar mudou...

·       Para a maioria dos autocratas modernos, a mentira importa mais.

·       Uma perspectiva sociocientífica sobre a mecânica dos novos autocratas e a sua visão comum do mundo.

·       A nova geração de líderes autoritários, quer de pleno direito, quer ainda aspirantes, explora normalmente as aparentes alavancas da política democrática, mas utilizam formas mais discretas de manipulação para alargar o seu domínio. Em vez de cancelarem eleições, as manipulam; em vez de proibirem os meios de comunicação da oposição, os marginalizam; antes de instalar um gulag, impõem restrições ao Google.

·       Os ditadores mais sofisticados estavam reformando-se a si próprios, e a lição que interiorizaram não era a necessidade de serem democráticos – que, afinal, ia contra quem eles eram –, mas a necessidade de parecerem democráticos.

·       “Uma mentira pode dar a volta ao mundo no mesmo tempo que a verdade leva para calçar seus sapatos.” (Mark Twain).

·       Os líderes populistas autoritários:

- Aos olhos dos seus eleitores, as *deficiências* se transformam em qualidades;

- sua inexperiência demonstra que não pertencem ao círculo da “velha política”.

- sua incompetência é uma garantia da sua autenticidade.

- As tensões que causam em nível internacional são vistas como mostras de sua independência;

- e as fake News , marca inequívoca de sua propaganda, evidenciam sua liberdade de pensamento;

- No mundo de Donald Trump, Boris Johnson, Matteo Salvini e Jair Bolsonaro , cada dia traz sua própria gafe, sua própria polêmica, seu próprio golpe brilhante.

- Por trás das manifestações desenfreadas do carnaval populista, está o trabalho árduo de ideólogos e, cada vez mais, de cientistas e especialistas do Big Data, sem os quais esses líderes nunca teriam chegado ao poder.

- anos 2000, o movimento populista global, hoje em pleno curso, dava seus primeiros passos na Itália. O resultado é uma galeria de personagens variados, quase todos desconhecidos do público em geral, mas que vêm mudando as regras do jogo político e a face das nossas sociedades.