Romper o círculo viscoso de degradação da legalidade é hoje nosso maior desafio. Sem o enraizamento do império da lei, dificilmente alcançaremos soluções para os outros enormes desafios que temos pela frente.
As campanhas chegaram...
·
Completa
falta de
cerimônia, manipulação ostensiva e
desrespeito à
legalidade têm aprofundado uma
perigosa sensação de anomia – de ausência de regras –, gerando um ambiente em
que prevalecem apenas as lógicas da
dominação, do arbítrio e do ardil;
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Festival
de deslealdades com o nosso combalido estado de direito (patrocinadas por
maiorias parlamentares, governadores de estado e até ministro do Supremo);
·
Desenraizamento
institucional ou o preocupante processo de degradação do ambiente institucional;
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Dificuldade
cada vez maior de a lei servir como instrumento de determinação de condutas e
estabilização de expectativas;
·
E
onde a lei não impera, prevalecem o arbítrio,
a violência, o oportunismo, o mandonismo
e uma perversa forma de extrativismo
institucional;
·
O
direito não tem força própria. Sua efetividade depende, primariamente, dum
delicado equilíbrio entre aqueles que têm poder na sociedade. Sem que os
poderosos se convençam de que é mais vantajoso resolver suas disputas e
conflitos por intermédio das regras do jogo, o estado de direito não para de
pé. Quando esse equilíbrio político não é alcançado ou se rompe, a vida social,
política e econômica se degradam. Sem que os detentores do poder vejam vantagem
em resolver seus conflitos de acordo com as regras do jogo, o estado de direito
não sobrevive.
·
A
efetividade do governo das leis também depende da disposição daqueles que
habitam as suas instituições em cumprir com suas responsabilidade de elaborar,
implementar e aplicar as leis de maneira correta e consistente. Quando as
instituições responsáveis pela produção e aplicação do direito não cumprem com
suas atribuições, o direito deixa de ser um instrumento crível para contribuir
com a coordenação pacífica da sociedade.
A fragilidade do Direito ou da Lei, e suas consequências:
·
Brutaliza
a vida das pessoas, especialmente daquelas que estão mais vulneráveis ao crime,
ao arbítrio e à negligência do Estado ou mesmo à ação predatória de algumas
poderosas corporações;
·
Deteriora
a eficácia das políticas públicas, das instituições democráticas e, por
consequência, a confiança na democracia;
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Reduz
a eficiência dos mecanismos de mercado, inibe investimentos e emperra processos
de desenvolvimento econômico e social mais sustentáveis e equitativos;
·
Aprofunda
a indecente e persistente desigualdade, a perversa “cordialidade” e o
patrimonialismo entre nós;
·
Desagua
na tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, como vimos no 8 de
janeiro de 2023;
·
Alguns
exemplos: resistência às câmeras policiais, implosão de acordos de delação,
jogos perversos de vetos, etc.
Enfim, por mais forte que seja o Direito
e suas Leis, defendê-los e garanti-los depende de uma jura. Eis o problema:
juras podem ser facilmente quebradas, o tempo todo!
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