As redes sociais transformam a mesquinhez da exibição na nobreza da partilha. Significado mole em palavra dura.
Alguém que compartilha a fotografia de um pão não oferece nada aos outros. Quem compartilha uma foto do seu carro novo não dá carona a quem vê. Quando alguém compartilha imagens das suas férias, normalmente até ganha dinheiro com isso, porque uma agência de viagens, uma companhia aérea ou um hotel estão pagando. Esse dinheiro também não é compartilhado.
As palavras perderam o sentido nas redes sociais. Uma novilingua cruel em operação. A esmagadora maioria é um festival de exibição. Fora quem precisa divulgar o seu negócio, vender o próprio peixe ou dividir algum ensinamento sério e verdadeiro, o resto é só futilidade, mentiras, emburrecimento e alienação coletivas.
Dentro e fora das redes sociais, extremista-direita nunca se assume como tal. Alguns dizem ser conservadores, quando na verdade são reacionários ou fascistas. Fascistas também nunca se consideram fascistas. No Brasil, fascista não assumidos tentaram divulgar que nazismo era esquerda. Não era burrice ou ignorância, mas estilo fascista de tentar confundir incautos.
Luz e cafuné para os oprimidos. São muitas
as injustiças da vida contemporânea, como escolher sempre o pior sentido. Essa
é a linguagem da sociedade do espetáculo e do simulacro – miséria linguística! As
contradições das redes insaciáveis são expostas visceralmente. Hoje significam
quase tudo de ruim que nos restou das interações ditas sociais.
As palavras só têm significado mais ou menos precisos. O mundo digital tem uma semântica própria. Lá, as palavras significam o contrário do que querem dizer na vida real.
Exemplos:
1.
Conteúdo: “ausência de
conteúdo”, produzir vácuo;
2.
Amigo: nutrir
sentimento por pessoas que nem conhecemos.
3.
Seguidor: pessoa que nos
observa porque tem interesse na nossa queda. Pessoas que vão atrás pretendendo
dá uma rasteira.
4. Compartilhar: exibir.
Enfim, o alambique das redes sociais
transforma a mesquinhez da exibição na nobreza da partilha.
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