Quem sou eu

Minha foto
São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
Obrigado pela visita!
Deixe seus comentários, e volte sempre!

"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

Arquivos do blog

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

SUSP – Sistema Unificado de Segurança Pública.

 

Ministério da Justiça quer desenvolver um Sistema Nacional Unificado e Padronizado de Informações de Segurança Pública (SUSP), como boletins de ocorrência, atestados de antecedentes criminais e mandados de prisão.

O objetivo é dar um direcionamento organizado ao enfrentamento da criminalidade, integrandos as Forças de Segurança Pública, que local, nacional e transnacional.

A proposta está em discussão, passará pelas Casas e será agregado à Constituição, se aprovado.

Balanço da Economia Baiana.

Bahia tem posição de destaque no desempenho econômico de 2024.

A economia baiana tem crescimento de 2,4% (comprado com o mesmo período/2023). O PIB do estado atingiu R$ 239,6 bi no primeiro semestre. Salvador, RMS e Oeste apresentam os principais crescimentos, destacando também Feira de Santana e Vitória da Conquista (Dados do SEI).

Só a agropecuária que não tem previsão de crescimento este ano (redução de 6,8% no volume dos grãos sobre a estimativa prevista, devido seca e perdas de animais). Apesar da retração, o setor foi responsável por 28,4% do PIB da Bahia, totalizando R$ 35 bilhões (segundo trimestre).

·       A economia baiana tem mostrado força rumo a 2025. Os setores econômicos do estado em 2024 mostram bom desempenho e dados favoráveis para iniciar o novo ano: um cenário favorável aos municípios baianos.

- a diversificação das atividades econômicas;

- o maior aproveitamento dos recursos naturais;

- o trabalho dos baianos;

- investimentos;

- a projeção de novos investimentos;

- incrementos na geração de postos de trabalho;

- aumento no consumo e na arrecadação de impostos.  

·       A indústria da Bahia registra resultados que superam a nacional.

·       Setor de serviços segue crescendo e tem 4º maior resultado entre os estados.

·       O Oeste baiano com a semeadura de soja.

·       A fruticultura no estado é pujante na região do São Francisco.

·       Com a aproximação do fim do ano, clima é de otimismo no comércio lojista da Bahia.

·       O desafio é produzir com sustentabilidade, comprometimento com as pessoas e retornos significativos para o Município, o Estado e o País.

·       A Bahia tem o 6º melhor saldo do país e está em 1º lugar na criação de novos postos de trabalho entre os estados nordestinos (só em Feira e Conquista foram 81.096 postos de trabalho).

·       Criação de muitas empresas comerciais.

·       Destaque para a chegada da Inpasa, biorrefinaria de etanol de grãos (será construída em Luís Eduardo Magalhães, a cidade que mais cresce na Bahia e a 5ª economia do Estado, com perspectiva de gerar 2.500 empregos), entre outros empreendimentos. A Inpasa é originária do Paraguai e um modelo de agroindústria: etanol de grãos, utiliza milho e sogro na produção de biocombustíveis, DDGS, óleos vegetais, bioeletricidade e biogás. “Não estaremos mais produzindo e exportando apenas grãos, mas também produtos com valor agregado”.

·       Importante também indústrias citrícolas, com instalações de empregas esmagadoras de frutas para exportação. Afinal, é importante levar o desenvolvimento econômico para o interior, descentralizando as atividades de Salvador e região metropolitana.

·       Bahia tem 08 municípios entre os 100 destaques do agronegócio nacional de 2023. Veja o mapa dos 08 municípios e a posição de cada um entre os 100 nacionais.

Alguns exemplos de trabalho e prosperidade:

1.     Ponte Salvador-Itaparica (está em fase de pesquisas). Está com mais de 30% das etapas de sondagem concluídas, obtendo ainda amostras do fundo do mar em 102 pontos onde serão construídos os pilares da ponte, iniciado em janeiro deste ano. Nesse segmento, são 17 empresas baianas contratadas e 300 empregos diretos e indiretos (investimento de R$ 160 milhões). A obra segue um modelo de PPP (Parceria Público-Privada), entre o Governo da Bahia e um consórcio chinês. A obra deve fomentar o desenvolvimento econômico com atração de novos empreendimentos em áreas como logística, indústria, comércio, serviços e mercado imobiliário. Assinado em novembro de 2020, o contrato estabelece uma concessão de 35 anos para construção, operação e manutenção do equipamento.

2.     A Fenagro é considerada a vitrine do agronegócio. Ela movimenta o setor. Há exposição de maquinários e animais para concurso e vendas, seminários, palestras e rodadas de negócios, também terá espaço para produtos da agroindústria, gastronomia e shows musicais.

- Abapa (Associação Baiana dos Produtores de Algodão) e a cotonicultura (cultivo de algodão).

- UPB (União dos Municípios da Bahia), um movimento municipalista.

3.     Pontos de referência dos sabores e da cultura no semiárido. Exemplo: Coreto, em Jacobina.

4.     Fruticultura irrigada. Exemplo: a Aiba (Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia).

5.     Facine (Festival de Cinema Ambiental da Chapada Diamantina): Está na 2ª edição e vai movimentar a região exibindo 28 filmes com foco nas temáticas socioambientais (produções brasileiras, nordestinas e baianas, e obras internacionais).

6.     Funceb (Fundação Cultural da Bahia): promove o Projeto do VII Seminário de Criação em Dança, com mostras artísticas. Já passou por 11 municípios, com mira em 6 macroterritórios do estado e 6 territórios de identidade distintos.

7.     Há projetos em municípios voltados para o Tombamento Histórico e Patrimônio Cultural.

8.     Projetos de fortalecimento da Agricultura Familiar.

9.     Projetos de Turismos de Eventos.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

O recado das urnas para a esquerda.

 

Por que está havendo rejeição dos ex-eleitores de esquerda? Esses eleitores precisam ser escutados seriamente e suas (des)motivações analisadas com cuidado. Se forem rotulados e atacados como incapazes de discernimento ou como neofascistas, não vai ajudar. Afinal, grupos socialmente vulneráveis acham que têm discernimento, acham que fazem escolhas deliberadas, ponderando alternativas e considerando valores. Mas, é um achismo perigoso. Eles estão se sentindo melhor, porque o governo Lula é melhor, mas a direita quer dissociar isso.

Estamos lidando com a alma corrompida pelo fascismo, o coração levado pelo capitalismo, a mente possuída por pastores, pela desinformação e pelos algoritmos das plataformas.

A mensagem que a esquerda recebeu nas eleições municipais é preocupante: sua relação com uma parte significativa dos eleitores vem se perdendo. Quando o PT se alia a outro partido de esquerda, como em São Paulo, não expande o eleitorado, mas o reduz. Aconteceu isso em muitas Federações. Em vez de unir, fragmentou e enfraqueceu.

Além da culpa das emendas parlamentares, da "normalização" das candidaturas aberrantes, do antipetismo promovido pela mídia etc. Há outro elemento: a relação da esquerda com os pobres vem sendo azedada pela direita – seja capturada pela "elite fascista" e suas crises identitárias de racismo, machismo, homo e transfobia. Não se pode mesmo ignorar o poder das mídias sociais, das igrejas neopentecostais, nem o massacre midiático que sofremos durante anos consecutivos, a força das fake. Cobra-se demais da esquerda, quando a responsabilidade não é só dela, pois todos os setores da sociedade estão sendo afetados. Ainda há a questão das emendas parlamentares que fortalecem o centro e a direita.

A maioria dos eleitores vem sendo convencida de que apresenta problemas morais e cognitivos, supostas falhas reproduzidas na mídia. E ainda temos o problema grave dos efeitos da fome: quem come três refeições por dia vota racionalmente, quem tem déficit proteico age e vota com mais dificuldade. Digamos acuados pelas circunstâncias – fome, ignorância e mando. Não é fácil!

Tudo o que a direita deseja é fazer a esquerda desacreditar em si mesma, abandonar a luta e o povo. Eles dizem: “A esquerda tem que lavar as mãos e deixar o povo sangrar com a direita. Nenhuma conquista é permanente”. O que significa que a fila do osso espera o povo, e isso precisa ser lembrado para ele. Autocrítica, mudança de direção, o guru Lula não é eterno. Precisamos formar novas lideranças, fortalecer o sindicalismo, insistir na melhoria das condições de vida para os brasileiros.

A direita deseja ressentimento e entrega ao seu plano de austeridade, na rancorosa expressão “a população precisa sentir na pele para aprender”. Vai ter sofrimento, direitos triturados, políticas públicas enterradas, filas do osso e os empreendedores precarizados vão perceber que dependem da classe média com emprego e renda, o que a direita e seu projeto de fazendão com igrejas não entrega. O risco é virarmos terra arrasada outra vez.

Ciclos de bonança e prosperidade favorecem doutrinas liberais, a ilusão do protagonismo individual, da ascensão social pelo mérito próprio. Porém, as vacas gordas não duram pra sempre e o precarizado só tem o Estado malvadão pra intervir por ele. A onda rosa da América Latina é o resultado das políticas neoliberais dos anos 90. Uma nova onda de liberalismo se aproxima, e seus resultados também virão. Precisamos nos prevenir.

Enfim, seguimos tentando entender "por que galinhas votam em raposas?" ou "que contradição é essa, um ‘pobre de direita’?".


Movimentos da política nacional.

·       Enquanto a população fica na expectativa de que os políticos vencedores cumpram parte dos compromissos assumidos em campanha.

·       O PT se deu mal nas urnas, agora se desentende sobre os motivos. “Em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão”. O partido está na zona de rebaixamento. O PT paga o preço por ter um governo de coalizão: muitos aliados no plano nacional são rivais no plano local.

·       O Centrão, que se deu bem, está de olho nos próximos presidentes da Câmara e do Senado.

·       Desempenho dos partidos (PSD, MDB, PL, União, PP, Rep.): o Centro para a Direita têm mais municípios e população para administrar. O PT aparece em 7º lugar na população e na quantidade de prefeitos (252): em 10º lugar.

·       Dominância do Centrão e encolhimento da esquerda.

·       A população optou pela moderação e equilíbrio (boas propostas para a cidade). As questões ideológicas, a polarização e a nacionalização não prevaleceram. Dialogue com as pessoas e apresente boa gestão!

·       O prefeito ajuda a fazer o deputado federal. E este é importante para os partidos porque é a bancada de deputados federais e um pedaço do Senado que se calcula o dinheiro do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário.

·       De cada 10 prefeitos que disputaram a reeleição, 08 se reelegeram.

·       Nas capitais, dos 20 que tentaram, 16 conseguiram: índices altos de aprovação e opção pela continuidade.

·       Houve crescente abstenção: 3 em 10 eleitores.

·       Uma abstenção que mudou de padrão. Mostrou isso na pandemia e persistiu.

·       Eleição de continuidade, baseada principalmente em campanha rica de recursos, do fundo eleitoral e das emendas parlamentares. Destinadas em maior volume aos aliados de quem controlou esse processo: os partidos do Centrão.

·       Encolhimento da esquerda que não é trivial: ela já é minoritária no Congresso, nos governos estaduais, está na Presidência, mas na capilaridade tem muito pouco terreno para pisar hoje em dia.

·       Uma direita fortalecida, mas sem um dono claro. Vários partidos nesse espectro se fortaleceram na eleição, mas não dá para dizer que tem um líder para conduzir esse processo.






segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Eleições 2º turno: lições.

- O eleitor prefere a moderação, e rejeita os discursos radicais. De centro, contra as polarizações. 

Abstenção, violência e reeleição.

·       15 capitais e outras 36 cidades brasileiras: 2º turno. 34 milhões de eleitores habilitados.

·       No segundo turno, região Norte com reduto bolsonarista forte, acabou manifestando derrota de candidatos bolsonaristas nas urnas.

·       Quanto maior a distância, menor a possibilidade de virada.

·       A abstenção é um assunto no Brasil como um todo. Um retrato da sensação de não representatividade.

·       A violência é uma marca da Campanha 2024: foram mais de 300 episódios. Pelo menos 30 deles atentados consumados.

·       Chegou no 2º, mas não conseguiu se impor.

·       Ano de reeleição... Por que isso aconteceu? 10 prefeitos (1º turno). Em capitais... 06 capitais foram para o 2º turno.

·       Novo mapa do poder no país.

·       Desfecho das Eleições 2024. 

·       Vai obrigar o debate duro na esquerda;

·       Boulos enfrenta rejeição à esquerda na cidade;

·       Disputa não reproduziu polarização ideológica nacional;

·       Ainda há uma forte preferência/atração pelo discurso mais radicalizado. Por causa do Marçal, PRTB.  

·       Apelo de candidatos à direita de perfil antipolítico (uma aliança de siglas de centro e centro-direita). Que, com Nunes, incorporou até o PL de Bozo. Uma plataforma liberal mais diluída.

·       Prevaleceram forças partidárias mais organizadas e inseridas na institucionalidade.

·       Nenhum grupo de despontou como potência eleitoral.

·       Os esforços do psolista para avançar entre votantes de outras inclinações começaram por afastar-se de bandeiras de seu partido.

Marcas do 2º turno pelo Brasil.

“Em casa [na cidade], sou mais conservador. Fora de casa [no Estado e na União], arrisco mais”.

- No plano NACIONAL, desde a volta das eleições diretas para presidente, o país teve 9 votações: em 4 delas (1989, 1994, 1998 e 2018) a vitória foi de candidatos de centro ou de direita. Em outras 5 disputas (2003, 2006, 2010, 2014 e 2022), a esquerda levou o Palácio do Planalto. Há equilíbrio nessa divisão, que também se repete com governadores de Estado.

- Nas cidades (plano LOCAL), há 40 anos, o Brasil prefere o Centro e a Direita;

- No plano LOCAL, de 1988 até hoje foram 10 eleições para prefeitos e vereadores. O PT, principal partido de esquerda, nunca liderou o ranking de eleitos. A melhor posição petista foi em 2012, num modesto 3º lugar. Agora, em 2024, o PT conseguiu a eleição de 252 prefeitos e está na 9ª colocação.

- O brasileiro se comporta de forma diversa quando faz escolhas locais e nacionais/estaduais.

- o grande número de prefeitos reeleitos;

- as vitórias de partidos de Centro e de Direita.

- 16 dos 20 prefeitos que tentaram a reeleição nas capitais se mantiveram no cargo;

- PSD e MDB foram os grandes vencedores das Eleições.

- Fortaleza foi a única capital conquistada pela esquerda (PT);

- O número de abstenções em SP foi maior do que a quantidade de votantes em Boulos.















09 Contribuições do legado filosófico grego.

 Bases e princípios fundamentais para a formação do pensamento e das instituições das sociedades ocidentais (graças à Filosofia):

1.     Um conhecimento não é algo que alguém impõe a outros e sim algo que deve ser demonstrado por meio de provas e compreendido por todos, graças a argumentos, debates e provas racionais.

- o conhecimento verdadeiro deve encontrar as leis e os princípios universais e necessários do objeto conhecido e deve demonstrar sua verdade por meio de provas ou argumentos racionais;

- precisa ser assim, porque a razão ou a capacidade de pensar e conhecer é a mesma em todos os seres humanos;

- um conhecimento só é verdadeiro quando explica racionalmente o que é a coisa conhecida, como ela é e por que ela é.

- EXEMPLOS: A) ninguém impõe aos outros que o círculo é uma figura geométrica em que todos os pontos são equidistantes do centro, pois essa definição simplesmente ensina que onde quer que haja uma figura desse tipo, ela será necessariamente um círculo; B) ninguém impõe aos outros que o triângulo é uma figura geométrica em que a soma dos ângulos internos é igual à soma de dois ângulos retos, pois essa definição simplesmente mostra que onde houver uma figura com tal propriedade ela será necessariamente um triângulo. CONCLUSÃO: é por isso que a Matemática é considerada um conhecimento racional verdadeiro, pois ele define racionalmente seus objetos, e não os impõe sem antes demonstrá-los por meio de provas (os teoremas) fundadas em princípios racionais verdadeiros (os axiomas e os postulados).

2.     A natureza segue uma ordem necessária e universal (fundamento da origem da Filosofia - Cosmologia).

- uma lei natural é necessária porque nenhum ser natural, no universo inteiro, escapa dela nem pode operar de outra maneira que não desta;

- uma lei da natureza é universal porque é válida para todos os seres naturais em todos os tempos e lugares.

- tal ideia fez nascer a primeira expressão filosófica conhecida = cosmologia (conhecimento racional da ordem universal).

- foi graças aos primeiros filósofos gregos que o século XVII aflorou as ciências.

- EXEMPLOS: A) Galileu Galilei deu novo impulso à física ao estudar o movimento dos graves ou “pesados” (estabelecendo as leis da queda dos corpos) e demonstrar as leis naturais do movimento uniforme e do movimento uniformemente variado; B) Isaac Newton estabeleceu as leis matemáticas da física, a demonstrar as três leis do movimento e a “lei da gravitação universal”: toda partícula de matéria atrai toda outra partícula com uma força que varia na razão direta do produto de suas massas e na razão inversa do quadrado das distâncias entre elas; C) Albert Einstein estabeleceu uma lei válida para toda a matéria e energia do universo: E = mc2 (energia é igual a massa vezes a velocidade da luz ao quadrado).  

3.     Leis necessárias e universais da natureza podem ser plenamente conhecidas pelo nosso pensamento, sem apelar para revelação divina.

- não são conhecimentos misteriosos e secretos, mas conhecimentos que o pensamento humano, por sua própria força e capacidade, pode alcançar.

4.     A razão ou o pensamento também ele próprio opera obedecendo a princípios, leis, regras e normas universais e necessárias.

- com os quais podemos distinguir o verdadeiro do falso;

- por sermos racionais, nosso pensamento é coerente e capaz de conhecer a realidade porque segue leis lógicas de funcionamento.

- EXEMPLOS: A) nosso pensamento diferencia uma afirmação de uma negação. Na afirmação, atribuímos alguma coisa a outra coisa (“Sócrates é um ser humano”, atribuímos humanidade a Sócrates); e na negação, retiramos alguma coisa de outra (“Este caderno não é verde”, estamos retirando do caderno a cor verde); B) Identidade = afirmar que uma coisa é idêntica a si mesma (“Sócrates é Sócrates”), pois, se negarmos sua identidade, estaremos retirando dela ela própria. Graças à afirmação da identidade, o pensamento pode distinguir e diferenciar os seres (Sócrates é diferente de Platão e ambos são diferentes de uma pedra); C) Contradição = é impossível afirmar e negar ao mesmo tempo a mesma coisa de uma outra coisa (“O infinito é ilimitado e não é limitado”); D) Alternativa = ou a afirmação será verdadeira e real e a negação será falsa ou vice-versa (“Ou haverá guerra ou não haverá guerra”).

CONCLUSÃO: A descoberta de que a razão ou o pensamento obedece à lei da identidade, da diferença, da contradição e da alternativa é de fundamental importância para estabelecer a diferença entre ILUSÃO e VERDADE. Basta que nos lembremos como nos contos de fadas, nos mitos religiosos e nas lendas populares as narrativas são maravilhosas justamente porque nelas não funcionam essas distinções.

5.     O agir humano exprime a conduta de um ser racional dotado de vontade e de liberdade (e não por imposições misteriosas ou incompreensíveis feitas por forças secretas ou divinas).

- as práticas humanas, a ação moral, a política, as técnicas, as artes dependem da vontade livre, da deliberação, da discussão, de uma escolha passional (emocional) ou racional, de nossas preferências e opiniões, motivadas ou por valores e padrões estabelecidos pela natureza ou pelos próprios seres humanos (e não forças invisíveis e impossíveis de serem conhecidas).

6.     Possibilidade do acaso, do acidental. Isto é, os acontecimentos naturais e humanos são necessários, mas, também, sujeitos a circunstâncias e condições (que também não são desprovidas de uma lei natural).

- embora os acontecimentos possam ser apreendidos justamente porque obedecem a leis naturais ou da natureza humana que podem ser apropriadas por nossa razão, não se descarta a influência do acidental. Afinal, agimos ora por livre arbítrio (escolhas e deliberações nossas), ora em condições determinadas.

- O que é o “acaso”? O acaso é o encontro acidental de duas séries de acontecimentos necessárias (Aristóteles). EXEMPLO: A) Uma pedra lançada ao ar cai necessariamente por conta da lei natural da gravitação; B) Há capacidade natural de locomoção humana graças às leis anatômicas e fisiológicas que regem nosso corpo. C) Ocorre o “acaso”, o “acidental”: se uma pedra, ao cair (necessário), atingir a cabaça (acidental) de um passante (necessário).

- A lei natural do acaso é, portanto, o encontro acidental de coisas que em si mesmas são necessárias.

- O que altera e difere a lei natural é o possível ou a escolha livre do ser humano. A ação humana tem o poder de introduzir o possível no mundo, isto é, o que pode acontecer ou deixar de acontecer, dependendo de uma escolha voluntária e livre. EXEMPLOS: 1) É verdade que é por uma necessidade natural ou por uma lei da natureza que ando. Mas é por deliberação voluntária que ando para ir à escola em vez de andar para ir ao cinema; 2) É verdade que é por uma lei necessária da natureza que os corpos pesados caem, mas é por uma deliberação humana e por uma escolha voluntária que fabrico uma bomba, coloco-a num avião e a faço despencar sobre Hiroshima.

7.     A diferença entre o necessário e o contingente (e dentro deste: acaso ≠ possível).

- NECESSÁRIO: o que não pode ser senão como é. É o que não está em nosso poder escolher, pois acontece e acontecerá sempre, independentemente de nossa vontade. EXEMPLO: não depende de nós que o Sol brilhe, que haja dia e noite, que a matéria se transforme em energia quando sua velocidade é o quadrado da velocidade da luz.

- CONTINGENTE: o que pode ser ou não ser, o que pode ser de uma maneira ou da maneira oposta. É o que pode ou não acontecer na natureza ou entre os homens.

- ACASO: é a contingência nos acontecimentos da natureza. Também é o que não está em nosso poder escolher, como no necessário. EXEMPLO: não escolho que aconteça uma tempestade justamente quando estou fazendo uma viagem de navio ou de avião, nem escolho estar num veículo que será destruído por um outro, dirigido por um motorista embriagado.

- POSSÍVEL: é a contingência nos acontecimentos humanos. Ao contrário do necessário e do acaso, é exatamente o que temos poder de escolher e fazer, é o que está em nosso poder.

8.     Evitar o fatalismo e o possibilismo.

- “Fatalismo”: achar que tudo é necessário, que temos que nos conformar com o destino e nos resignar com o nosso fado.

- “Possibilismo”: a ilusão de que podemos tudo quanto quisermos, pois a natureza segue leis necessárias que podemos conhecer (sendo que nem tudo é possível, por mais que o queiramos).

9.     Naturalmente aspiramos conhecimento verdadeiro, justiça e felicidade.

- pois somos seres racionais, dotados de vontade livre e de emoções e desejos.

- não vivemos nem agimos cegamente, nem somos comandados por forças extranaturais secretas e misteriosas.

- nós mesmos somos capazes de nos instituir valores pelos quais dão sentido às nossas vidas e às nossas ações. 

O pobre de direita.

 “Raros são os camponeses que, ao serem ‘promovidos’ a capatazes, não se tornam mais duros opressores de seus antigos companheiros do que o patrão mesmo” (Paulo Freire).

O fenômeno dos “pobres de direita” é mundial. Essa gente se deixa levar pela sedução barata de cafajestes como Bolsonaro, Trump e Milei, hábeis em oferecer-lhes ilusões vãs por meio das redes sociais.

Aqui no Brasil, a origem do “pobre de direita” está no vazio deixado pelo fim das Comunidades Eclesiais de Base nas periferias a partir do final dos anos 1970, que acabaram gradativamente preenchidas pelos evangélicos, sem falar do tráfico e das milícias, donos dos territórios, enquanto a esquerda passou a pregar apenas para si.

Vivemos tempos em que tudo se transforma em premissa não pelas regras do silogismo, mas pelo estardalhaço das proposições materializadas nas telinhas e nas redes sociais. Isso vem ajudando na “institucionalização” desse “pobre de direita”.

A gigantesca categoria do “pobre de direita” sempre existiu, mas só agora se tornou fenômeno. Ela é o ponto de referência capaz de dar indicações a quantas anda a relação com aquele que o oprime, e a quem quase sempre almeja ser. Também por conta das últimas eleições e a ameaça do fascismo no Brasil, seus resultados têm apresentado dados objetivos de como os brasileiros vêm se comportando ideologicamente e, tristemente, desfavorável para a democracia. Estados e regiões que eram de esquerda, hoje se tornaram de direita, e vice-versa (quando se observa os desenhos dos Legislativos estaduais e federais, é flagrante o perfil mais à direita de ambos, uma tendência que cresceu nos últimos anos).

Há saída?

·       Cabe à classe trabalhadora, organicamente, impor reflexões nacionais-populares e críticas capazes de gerar um nível de “consciência de sujeito”, o sujeito histórico (que antagoniza com o “pobre de direita”), claro, capaz de influenciar as instituições burguesas no trato da educação (Gramsci).

·       O elemento essencial é a organização dos trabalhadores, que se faz sentir na educação e na cultura, e independe do maior grau de analfabetismo e do pouco acesso a direitos básicos. Alguma “consciência de classe” só poderá vir da “organização” (Paulo Freire e Myles Horton). 

comportamento conservador do brasileiro pobre é um mecanismo de defesa contra o “racismo” e as “humilhações do dia a dia”. Esse perfil, cada vez mais escravo das mentiras veiculadas pelas redes sociais, passou a apoiar governos fascistas de olhos fechados, os mesmos que lhes arranca os direitos básicos e ainda lhe impõe políticas neoliberais capazes de destruir o Estado de bem-estar social.

Enfim, precisamos diminuir ou erradicar os tripulantes bastardos dessa nave rumo ao fim do mundo.