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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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segunda-feira, 28 de outubro de 2024

09 Contribuições do legado filosófico grego.

 Bases e princípios fundamentais para a formação do pensamento e das instituições das sociedades ocidentais (graças à Filosofia):

1.     Um conhecimento não é algo que alguém impõe a outros e sim algo que deve ser demonstrado por meio de provas e compreendido por todos, graças a argumentos, debates e provas racionais.

- o conhecimento verdadeiro deve encontrar as leis e os princípios universais e necessários do objeto conhecido e deve demonstrar sua verdade por meio de provas ou argumentos racionais;

- precisa ser assim, porque a razão ou a capacidade de pensar e conhecer é a mesma em todos os seres humanos;

- um conhecimento só é verdadeiro quando explica racionalmente o que é a coisa conhecida, como ela é e por que ela é.

- EXEMPLOS: A) ninguém impõe aos outros que o círculo é uma figura geométrica em que todos os pontos são equidistantes do centro, pois essa definição simplesmente ensina que onde quer que haja uma figura desse tipo, ela será necessariamente um círculo; B) ninguém impõe aos outros que o triângulo é uma figura geométrica em que a soma dos ângulos internos é igual à soma de dois ângulos retos, pois essa definição simplesmente mostra que onde houver uma figura com tal propriedade ela será necessariamente um triângulo. CONCLUSÃO: é por isso que a Matemática é considerada um conhecimento racional verdadeiro, pois ele define racionalmente seus objetos, e não os impõe sem antes demonstrá-los por meio de provas (os teoremas) fundadas em princípios racionais verdadeiros (os axiomas e os postulados).

2.     A natureza segue uma ordem necessária e universal (fundamento da origem da Filosofia - Cosmologia).

- uma lei natural é necessária porque nenhum ser natural, no universo inteiro, escapa dela nem pode operar de outra maneira que não desta;

- uma lei da natureza é universal porque é válida para todos os seres naturais em todos os tempos e lugares.

- tal ideia fez nascer a primeira expressão filosófica conhecida = cosmologia (conhecimento racional da ordem universal).

- foi graças aos primeiros filósofos gregos que o século XVII aflorou as ciências.

- EXEMPLOS: A) Galileu Galilei deu novo impulso à física ao estudar o movimento dos graves ou “pesados” (estabelecendo as leis da queda dos corpos) e demonstrar as leis naturais do movimento uniforme e do movimento uniformemente variado; B) Isaac Newton estabeleceu as leis matemáticas da física, a demonstrar as três leis do movimento e a “lei da gravitação universal”: toda partícula de matéria atrai toda outra partícula com uma força que varia na razão direta do produto de suas massas e na razão inversa do quadrado das distâncias entre elas; C) Albert Einstein estabeleceu uma lei válida para toda a matéria e energia do universo: E = mc2 (energia é igual a massa vezes a velocidade da luz ao quadrado).  

3.     Leis necessárias e universais da natureza podem ser plenamente conhecidas pelo nosso pensamento, sem apelar para revelação divina.

- não são conhecimentos misteriosos e secretos, mas conhecimentos que o pensamento humano, por sua própria força e capacidade, pode alcançar.

4.     A razão ou o pensamento também ele próprio opera obedecendo a princípios, leis, regras e normas universais e necessárias.

- com os quais podemos distinguir o verdadeiro do falso;

- por sermos racionais, nosso pensamento é coerente e capaz de conhecer a realidade porque segue leis lógicas de funcionamento.

- EXEMPLOS: A) nosso pensamento diferencia uma afirmação de uma negação. Na afirmação, atribuímos alguma coisa a outra coisa (“Sócrates é um ser humano”, atribuímos humanidade a Sócrates); e na negação, retiramos alguma coisa de outra (“Este caderno não é verde”, estamos retirando do caderno a cor verde); B) Identidade = afirmar que uma coisa é idêntica a si mesma (“Sócrates é Sócrates”), pois, se negarmos sua identidade, estaremos retirando dela ela própria. Graças à afirmação da identidade, o pensamento pode distinguir e diferenciar os seres (Sócrates é diferente de Platão e ambos são diferentes de uma pedra); C) Contradição = é impossível afirmar e negar ao mesmo tempo a mesma coisa de uma outra coisa (“O infinito é ilimitado e não é limitado”); D) Alternativa = ou a afirmação será verdadeira e real e a negação será falsa ou vice-versa (“Ou haverá guerra ou não haverá guerra”).

CONCLUSÃO: A descoberta de que a razão ou o pensamento obedece à lei da identidade, da diferença, da contradição e da alternativa é de fundamental importância para estabelecer a diferença entre ILUSÃO e VERDADE. Basta que nos lembremos como nos contos de fadas, nos mitos religiosos e nas lendas populares as narrativas são maravilhosas justamente porque nelas não funcionam essas distinções.

5.     O agir humano exprime a conduta de um ser racional dotado de vontade e de liberdade (e não por imposições misteriosas ou incompreensíveis feitas por forças secretas ou divinas).

- as práticas humanas, a ação moral, a política, as técnicas, as artes dependem da vontade livre, da deliberação, da discussão, de uma escolha passional (emocional) ou racional, de nossas preferências e opiniões, motivadas ou por valores e padrões estabelecidos pela natureza ou pelos próprios seres humanos (e não forças invisíveis e impossíveis de serem conhecidas).

6.     Possibilidade do acaso, do acidental. Isto é, os acontecimentos naturais e humanos são necessários, mas, também, sujeitos a circunstâncias e condições (que também não são desprovidas de uma lei natural).

- embora os acontecimentos possam ser apreendidos justamente porque obedecem a leis naturais ou da natureza humana que podem ser apropriadas por nossa razão, não se descarta a influência do acidental. Afinal, agimos ora por livre arbítrio (escolhas e deliberações nossas), ora em condições determinadas.

- O que é o “acaso”? O acaso é o encontro acidental de duas séries de acontecimentos necessárias (Aristóteles). EXEMPLO: A) Uma pedra lançada ao ar cai necessariamente por conta da lei natural da gravitação; B) Há capacidade natural de locomoção humana graças às leis anatômicas e fisiológicas que regem nosso corpo. C) Ocorre o “acaso”, o “acidental”: se uma pedra, ao cair (necessário), atingir a cabaça (acidental) de um passante (necessário).

- A lei natural do acaso é, portanto, o encontro acidental de coisas que em si mesmas são necessárias.

- O que altera e difere a lei natural é o possível ou a escolha livre do ser humano. A ação humana tem o poder de introduzir o possível no mundo, isto é, o que pode acontecer ou deixar de acontecer, dependendo de uma escolha voluntária e livre. EXEMPLOS: 1) É verdade que é por uma necessidade natural ou por uma lei da natureza que ando. Mas é por deliberação voluntária que ando para ir à escola em vez de andar para ir ao cinema; 2) É verdade que é por uma lei necessária da natureza que os corpos pesados caem, mas é por uma deliberação humana e por uma escolha voluntária que fabrico uma bomba, coloco-a num avião e a faço despencar sobre Hiroshima.

7.     A diferença entre o necessário e o contingente (e dentro deste: acaso ≠ possível).

- NECESSÁRIO: o que não pode ser senão como é. É o que não está em nosso poder escolher, pois acontece e acontecerá sempre, independentemente de nossa vontade. EXEMPLO: não depende de nós que o Sol brilhe, que haja dia e noite, que a matéria se transforme em energia quando sua velocidade é o quadrado da velocidade da luz.

- CONTINGENTE: o que pode ser ou não ser, o que pode ser de uma maneira ou da maneira oposta. É o que pode ou não acontecer na natureza ou entre os homens.

- ACASO: é a contingência nos acontecimentos da natureza. Também é o que não está em nosso poder escolher, como no necessário. EXEMPLO: não escolho que aconteça uma tempestade justamente quando estou fazendo uma viagem de navio ou de avião, nem escolho estar num veículo que será destruído por um outro, dirigido por um motorista embriagado.

- POSSÍVEL: é a contingência nos acontecimentos humanos. Ao contrário do necessário e do acaso, é exatamente o que temos poder de escolher e fazer, é o que está em nosso poder.

8.     Evitar o fatalismo e o possibilismo.

- “Fatalismo”: achar que tudo é necessário, que temos que nos conformar com o destino e nos resignar com o nosso fado.

- “Possibilismo”: a ilusão de que podemos tudo quanto quisermos, pois a natureza segue leis necessárias que podemos conhecer (sendo que nem tudo é possível, por mais que o queiramos).

9.     Naturalmente aspiramos conhecimento verdadeiro, justiça e felicidade.

- pois somos seres racionais, dotados de vontade livre e de emoções e desejos.

- não vivemos nem agimos cegamente, nem somos comandados por forças extranaturais secretas e misteriosas.

- nós mesmos somos capazes de nos instituir valores pelos quais dão sentido às nossas vidas e às nossas ações. 

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