“Raros são os camponeses que, ao serem ‘promovidos’ a capatazes, não se tornam mais duros opressores de seus antigos companheiros do que o patrão mesmo” (Paulo Freire).
O fenômeno dos “pobres de direita” é mundial. Essa gente se deixa levar pela sedução barata de cafajestes como Bolsonaro, Trump e Milei, hábeis em oferecer-lhes ilusões vãs por meio das redes sociais.
Aqui no Brasil, a origem do “pobre de direita” está no vazio deixado pelo fim das Comunidades Eclesiais de Base nas periferias a partir do final dos anos 1970, que acabaram gradativamente preenchidas pelos evangélicos, sem falar do tráfico e das milícias, donos dos territórios, enquanto a esquerda passou a pregar apenas para si.
Vivemos tempos em que tudo se transforma em premissa não pelas regras do silogismo, mas pelo estardalhaço das proposições materializadas nas telinhas e nas redes sociais. Isso vem ajudando na “institucionalização” desse “pobre de direita”.
A gigantesca categoria do “pobre de direita” sempre existiu, mas só agora se tornou fenômeno. Ela é o ponto de referência capaz de dar indicações a quantas anda a relação com aquele que o oprime, e a quem quase sempre almeja ser. Também por conta das últimas eleições e a ameaça do fascismo no Brasil, seus resultados têm apresentado dados objetivos de como os brasileiros vêm se comportando ideologicamente e, tristemente, desfavorável para a democracia. Estados e regiões que eram de esquerda, hoje se tornaram de direita, e vice-versa (quando se observa os desenhos dos Legislativos estaduais e federais, é flagrante o perfil mais à direita de ambos, uma tendência que cresceu nos últimos anos).
Há saída?
·
Cabe
à classe trabalhadora, organicamente, impor reflexões nacionais-populares e
críticas capazes de gerar um nível de “consciência de sujeito”, o sujeito
histórico (que antagoniza com o “pobre de direita”), claro, capaz de
influenciar as instituições burguesas no trato da educação (Gramsci).
· O elemento essencial é a organização dos trabalhadores, que se faz sentir na educação e na cultura, e independe do maior grau de analfabetismo e do pouco acesso a direitos básicos. Alguma “consciência de classe” só poderá vir da “organização” (Paulo Freire e Myles Horton).
O comportamento conservador do brasileiro pobre é um mecanismo de defesa contra o “racismo” e as “humilhações do dia a dia”. Esse perfil, cada vez mais escravo das mentiras veiculadas pelas redes sociais, passou a apoiar governos fascistas de olhos fechados, os mesmos que lhes arranca os direitos básicos e ainda lhe impõe políticas neoliberais capazes de destruir o Estado de bem-estar social.
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