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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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terça-feira, 29 de outubro de 2024

O recado das urnas para a esquerda.

 

Por que está havendo rejeição dos ex-eleitores de esquerda? Esses eleitores precisam ser escutados seriamente e suas (des)motivações analisadas com cuidado. Se forem rotulados e atacados como incapazes de discernimento ou como neofascistas, não vai ajudar. Afinal, grupos socialmente vulneráveis acham que têm discernimento, acham que fazem escolhas deliberadas, ponderando alternativas e considerando valores. Mas, é um achismo perigoso. Eles estão se sentindo melhor, porque o governo Lula é melhor, mas a direita quer dissociar isso.

Estamos lidando com a alma corrompida pelo fascismo, o coração levado pelo capitalismo, a mente possuída por pastores, pela desinformação e pelos algoritmos das plataformas.

A mensagem que a esquerda recebeu nas eleições municipais é preocupante: sua relação com uma parte significativa dos eleitores vem se perdendo. Quando o PT se alia a outro partido de esquerda, como em São Paulo, não expande o eleitorado, mas o reduz. Aconteceu isso em muitas Federações. Em vez de unir, fragmentou e enfraqueceu.

Além da culpa das emendas parlamentares, da "normalização" das candidaturas aberrantes, do antipetismo promovido pela mídia etc. Há outro elemento: a relação da esquerda com os pobres vem sendo azedada pela direita – seja capturada pela "elite fascista" e suas crises identitárias de racismo, machismo, homo e transfobia. Não se pode mesmo ignorar o poder das mídias sociais, das igrejas neopentecostais, nem o massacre midiático que sofremos durante anos consecutivos, a força das fake. Cobra-se demais da esquerda, quando a responsabilidade não é só dela, pois todos os setores da sociedade estão sendo afetados. Ainda há a questão das emendas parlamentares que fortalecem o centro e a direita.

A maioria dos eleitores vem sendo convencida de que apresenta problemas morais e cognitivos, supostas falhas reproduzidas na mídia. E ainda temos o problema grave dos efeitos da fome: quem come três refeições por dia vota racionalmente, quem tem déficit proteico age e vota com mais dificuldade. Digamos acuados pelas circunstâncias – fome, ignorância e mando. Não é fácil!

Tudo o que a direita deseja é fazer a esquerda desacreditar em si mesma, abandonar a luta e o povo. Eles dizem: “A esquerda tem que lavar as mãos e deixar o povo sangrar com a direita. Nenhuma conquista é permanente”. O que significa que a fila do osso espera o povo, e isso precisa ser lembrado para ele. Autocrítica, mudança de direção, o guru Lula não é eterno. Precisamos formar novas lideranças, fortalecer o sindicalismo, insistir na melhoria das condições de vida para os brasileiros.

A direita deseja ressentimento e entrega ao seu plano de austeridade, na rancorosa expressão “a população precisa sentir na pele para aprender”. Vai ter sofrimento, direitos triturados, políticas públicas enterradas, filas do osso e os empreendedores precarizados vão perceber que dependem da classe média com emprego e renda, o que a direita e seu projeto de fazendão com igrejas não entrega. O risco é virarmos terra arrasada outra vez.

Ciclos de bonança e prosperidade favorecem doutrinas liberais, a ilusão do protagonismo individual, da ascensão social pelo mérito próprio. Porém, as vacas gordas não duram pra sempre e o precarizado só tem o Estado malvadão pra intervir por ele. A onda rosa da América Latina é o resultado das políticas neoliberais dos anos 90. Uma nova onda de liberalismo se aproxima, e seus resultados também virão. Precisamos nos prevenir.

Enfim, seguimos tentando entender "por que galinhas votam em raposas?" ou "que contradição é essa, um ‘pobre de direita’?".


Movimentos da política nacional.

·       Enquanto a população fica na expectativa de que os políticos vencedores cumpram parte dos compromissos assumidos em campanha.

·       O PT se deu mal nas urnas, agora se desentende sobre os motivos. “Em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão”. O partido está na zona de rebaixamento. O PT paga o preço por ter um governo de coalizão: muitos aliados no plano nacional são rivais no plano local.

·       O Centrão, que se deu bem, está de olho nos próximos presidentes da Câmara e do Senado.

·       Desempenho dos partidos (PSD, MDB, PL, União, PP, Rep.): o Centro para a Direita têm mais municípios e população para administrar. O PT aparece em 7º lugar na população e na quantidade de prefeitos (252): em 10º lugar.

·       Dominância do Centrão e encolhimento da esquerda.

·       A população optou pela moderação e equilíbrio (boas propostas para a cidade). As questões ideológicas, a polarização e a nacionalização não prevaleceram. Dialogue com as pessoas e apresente boa gestão!

·       O prefeito ajuda a fazer o deputado federal. E este é importante para os partidos porque é a bancada de deputados federais e um pedaço do Senado que se calcula o dinheiro do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário.

·       De cada 10 prefeitos que disputaram a reeleição, 08 se reelegeram.

·       Nas capitais, dos 20 que tentaram, 16 conseguiram: índices altos de aprovação e opção pela continuidade.

·       Houve crescente abstenção: 3 em 10 eleitores.

·       Uma abstenção que mudou de padrão. Mostrou isso na pandemia e persistiu.

·       Eleição de continuidade, baseada principalmente em campanha rica de recursos, do fundo eleitoral e das emendas parlamentares. Destinadas em maior volume aos aliados de quem controlou esse processo: os partidos do Centrão.

·       Encolhimento da esquerda que não é trivial: ela já é minoritária no Congresso, nos governos estaduais, está na Presidência, mas na capilaridade tem muito pouco terreno para pisar hoje em dia.

·       Uma direita fortalecida, mas sem um dono claro. Vários partidos nesse espectro se fortaleceram na eleição, mas não dá para dizer que tem um líder para conduzir esse processo.






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