Um diretor
poeta; um filme poesia. O objetivo é encontrar beleza no banal e no pequeno,
isto é, com o mínimo, o máximo. Por mais que alguém insista em dizer que “esse
só foi mais um dia igual aos outros”, ainda assim, será diferente. E se você
quiser ser o autor dessa diferença, basta escrever uma crítica ou transformar cada
dia de sua vida em poemas belíssimos. Mas, como? Ora, observando as caixas de
fósforos ao lado do fogão ou o ar que se desloca com a sua passagem, e transformando
tudo em frases limpas, estrofes pensativas, miudezas repletas de sentimentos
imensos. A poesia é botar sentimento na prosa. A poesia é arrancar delicadeza em
um mundo que se tornou violentamente indelicado.
Muito pode
ser encontrado no nada. O nada pode ser surpreendente pelo nível de camadas e
reflexões, mas apenas um artista muito hábil e com uma visão delicada (isso é
um clamor à sensibilidade) é capaz de encontrar conteúdo e ideias em algo
aparentemente inexistente. Pouco acontece no cotidiano de Paterson (uma trama
de 7 dias fixa em uma rotina: o dia começa, Paterson dirige seu ônibus, almoça,
escreve poesias, retorna para casa para jantar, leva o cão para passear e
termina a noite com uma cerveja num bar próximo, o fim de um dia e o início do
próximo – “Todo dia é um novo dia”), em uma rotina aparentemente repetitiva,
mas salva pela paixão do protagonista em escrever poesias sobre os pequenos
detalhes de sua vida.
Se for
verdade que não há nada melhor do que um dia após o outro, então um dia deve
ser vivido de cada vez, saboreado em seus pormenores. Essa parece ser a
intenção do diretor – fazer-nos artistas: levar o espectador a buscar algo novo
em uma rotina monótona e sem surpresa. Não seria essa a própria função do
artista? Então, não espere surpresas ou reviravoltas drásticas na trama. Busque
junto com Paterson uma conversa distinta entre passageiros aleatórios, pequenas
surpresinhas em um bar, alguma manifestação artística em um estranho, conversas
aleatórias, gêmeos vistos em diferentes ângulos e idades, uma garotinha disposta
a compartilhar seu poema...
O protagonista
e dócil, inofensivo, educado e com um genuíno
interesse e admiração por aqueles ao seu redor, disponível a causar um humor
discreto e sutil. Um exemplo vem da informação desconhecida pelo protagonista:
a cena em que nos explica por que diabos a caixa de correio de Paterson sempre
está torta, mesmo com o sujeito diariamente a ajeitando, encaixando uma reação
cômica/curiosa do cachorro Marvin – e sua reação a dois determinados incidentes
que chacoalham seu cotidiano.
Paterson é
um belo e delicado filme sobre as coisas pequenas. Sobre as variações sutis e
belas que uma rotina aparentemente monótona e sem acontecimentos é capaz de
oferecer, e como a Arte é uma forma libertadora de encontrar um novo olhar sobre
o mundano e o já conhecido.
Interessante como nas pequenas coisas da vida, do nosso cotidiano, pode haver poesia e não somente a monotonia que embaça a visão para o que é belo. O filme muito nos provoca a desembaçar a nossa visão para enxergar as coisinhas miúdas que vivenciamos de uma forma poética. É muito interessante como o filme nos instiga que é importante que cada um de nós possa escrever as suas próprias poesias, de modo que possamos tentar captar a sutileza das pequenas coisas como um belo poema. E nada melhor do que um papel em branco em nossas mãos: somos os protagonistas de nossas vidas.
ResponderExcluirInteressante como nas pequenas coisas da vida, do nosso cotidiano, pode haver poesia e não somente a monotonia que embaça a visão para o que é belo. O filme muito nos provoca a desembaçar a nossa visão para enxergar as coisinhas miúdas que vivenciamos de uma forma poética. É muito interessante como o filme nos instiga que é importante que cada um de nós possa escrever as suas próprias poesias, de modo que possamos tentar captar a sutileza das pequenas coisas como um belo poema. E nada melhor do que um papel em branco em nossas mãos: somos os protagonistas de nossas vidas.
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