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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

segunda-feira, 1 de maio de 2017

PATERSON: uma lupa no cotidiano mundano.

Um diretor poeta; um filme poesia. O objetivo é encontrar beleza no banal e no pequeno, isto é, com o mínimo, o máximo. Por mais que alguém insista em dizer que “esse só foi mais um dia igual aos outros”, ainda assim, será diferente. E se você quiser ser o autor dessa diferença, basta escrever uma crítica ou transformar cada dia de sua vida em poemas belíssimos. Mas, como? Ora, observando as caixas de fósforos ao lado do fogão ou o ar que se desloca com a sua passagem, e transformando tudo em frases limpas, estrofes pensativas, miudezas repletas de sentimentos imensos. A poesia é botar sentimento na prosa. A poesia é arrancar delicadeza em um mundo que se tornou violentamente indelicado.

Muito pode ser encontrado no nada. O nada pode ser surpreendente pelo nível de camadas e reflexões, mas apenas um artista muito hábil e com uma visão delicada (isso é um clamor à sensibilidade) é capaz de encontrar conteúdo e ideias em algo aparentemente inexistente. Pouco acontece no cotidiano de Paterson (uma trama de 7 dias fixa em uma rotina: o dia começa, Paterson dirige seu ônibus, almoça, escreve poesias, retorna para casa para jantar, leva o cão para passear e termina a noite com uma cerveja num bar próximo, o fim de um dia e o início do próximo – “Todo dia é um novo dia”), em uma rotina aparentemente repetitiva, mas salva pela paixão do protagonista em escrever poesias sobre os pequenos detalhes de sua vida.

Se for verdade que não há nada melhor do que um dia após o outro, então um dia deve ser vivido de cada vez, saboreado em seus pormenores. Essa parece ser a intenção do diretor – fazer-nos artistas: levar o espectador a buscar algo novo em uma rotina monótona e sem surpresa. Não seria essa a própria função do artista? Então, não espere surpresas ou reviravoltas drásticas na trama. Busque junto com Paterson uma conversa distinta entre passageiros aleatórios, pequenas surpresinhas em um bar, alguma manifestação artística em um estranho, conversas aleatórias, gêmeos vistos em diferentes ângulos e idades, uma garotinha disposta a compartilhar seu poema...

O protagonista e dócil, inofensivo, educado e com um genuíno interesse e admiração por aqueles ao seu redor, disponível a causar um humor discreto e sutil. Um exemplo vem da informação desconhecida pelo protagonista: a cena em que nos explica por que diabos a caixa de correio de Paterson sempre está torta, mesmo com o sujeito diariamente a ajeitando, encaixando uma reação cômica/curiosa do cachorro Marvin – e sua reação a dois determinados incidentes que chacoalham seu cotidiano.

Paterson é um belo e delicado filme sobre as coisas pequenas. Sobre as variações sutis e belas que uma rotina aparentemente monótona e sem acontecimentos é capaz de oferecer, e como a Arte é uma forma libertadora de encontrar um novo olhar sobre o mundano e o já conhecido.

2 comentários:

  1. Interessante como nas pequenas coisas da vida, do nosso cotidiano, pode haver poesia e não somente a monotonia que embaça a visão para o que é belo. O filme muito nos provoca a desembaçar a nossa visão para enxergar as coisinhas miúdas que vivenciamos de uma forma poética. É muito interessante como o filme nos instiga que é importante que cada um de nós possa escrever as suas próprias poesias, de modo que possamos tentar captar a sutileza das pequenas coisas como um belo poema. E nada melhor do que um papel em branco em nossas mãos: somos os protagonistas de nossas vidas.

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  2. Interessante como nas pequenas coisas da vida, do nosso cotidiano, pode haver poesia e não somente a monotonia que embaça a visão para o que é belo. O filme muito nos provoca a desembaçar a nossa visão para enxergar as coisinhas miúdas que vivenciamos de uma forma poética. É muito interessante como o filme nos instiga que é importante que cada um de nós possa escrever as suas próprias poesias, de modo que possamos tentar captar a sutileza das pequenas coisas como um belo poema. E nada melhor do que um papel em branco em nossas mãos: somos os protagonistas de nossas vidas.

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