Quem sou eu

Minha foto
São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
Obrigado pela visita!
Deixe seus comentários, e volte sempre!

"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

Arquivos do blog

terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Violência faz desacreditar na Democracia.

Logo, toda essa onda de insegurança lá fora não é por acaso...

A promessa da “mão forte” que restaurará ordem, mesmo ignorando o devido processo legal, ganha força ao capitalizar o medo popular. Quem está insatisfeito com a democracia tende a aprovar mais a justiça com as próprias mãos.

A violência representa uma ameaça singular aos regimes democráticos. Quando bens públicos são testados (economia, saúde, combate à corrupção, etc.), apenas a segurança pública é capaz de fazer com que cidadãos abram mão de eleições livres e justas.

No Brasil, onde a violência urbana atinge níveis alarmantes, essa dinâmica já se manifesta. Entre aqueles com familiares vítimas de violência nos últimos meses, a insatisfação com a democracia aumenta. A pessoa é empurrada para a promessa da “mão forte” que restaurará a ordem, mesmo ignorando o desvio processo legal.

A sensação de insegurança opera de forma gradual, mas consistente. Entre os que se sentem muito inseguros, a insatisfação com a democracia ganha força. Já entre os muito seguros, essa descrença no regime cai. Desacreditar na capacidade da Justiça de punir criminosos eleva a insatisfação democrática. Não é apenas a violência em si, mas percepção de impunidade que corrói a legitimidade do regime.

O que torna a insegurança tão letal para a democracia é que ela ataca a articulação entre a dimensão formal do regime (instituições, eleições, divisão de Poderes) e sua dimensão substantiva (concretização de direitos e bem-estar). Diferentemente da insatisfação com economia e saúde – que geram descontentamento com governos específicos. Assim, a experiência traumática com a violência transforma frustração com uma política pública em desconfiança difusa no próprio arranjo democrático.

Os cidadãos estão dispostos a sacrificar não apenas eleições, mas sobretudo liberdades civis e controles institucionais quando isso significa viver num país mais seguro. Essa hierarquia de concessões ajuda a entender o apelo de discursos autoritários.

A desconfiança difusa paralisa a capacidade estatal de resposta. O ceticismo limita a formação de consensos para implementar políticas de longo prazo em segurança e justiça, criando uma espiral descendente; a ineficácia estatal reforça a desconfiança da sociedade, que perpetua a ineficácia. Tudo isso faz da violência ser hoje o problema que mais preocupa a população brasileira, e que será usado fortemente nas campanhas eleitorais de 2026, para o bem e para o mal. 

Enfim, o que está em jogo não é apenas satisfação com governos específicos, mas a legitimidade do regime democrático no Brasil. E essa vulnerabilidade é universal, isto é, é uma evidência internacional e nacional. No contexto brasileiro, onde níveis críticos de violência se combinam com percepção disseminada de impunidade, a democracia está refém de uma espiral que só pode ser revertida com políticas efetivas de segurança pública – não como mera pauta governamental, mas como questão de sobrevivência do próprio regime.

Violência corrói bases da democracia. Segurança pública é seu alicerce!

Nenhum comentário:

Postar um comentário