É preciso cortar os recursos da mentira e investir nas fontes de informação confiável.
US$ 6 bilhões em verbas publicitárias globais continuam a ser desviados, muitas vezes sem que empresas percebam, para sustentar sites, redes e operadores especializados na produção de desinformação (Fonte: European Digital Media Observatory, 2025). O que isso significa?
Significa que o problema deixou de ser apenas comunicacional ou cultural. Trata-se de uma economia clandestina, profissional e altamente lucrativa, que opera como engrenagem financeira transnacional dedicada à fabricação sistemática de narrativas tóxicas.
O financiamento desses grupos sectários e operadores ocultos para capturar afetos, distorcer percepções, moldar comportamentos e monetizar audiência. Essa comunicação que circula hoje nos ecossistemas digitais, sem curadoria moral, sem critérios de precisão e sem responsabilidade pública, carrega esse viés propagandístico. São conteúdos que se apresentam como informação neutra, opinião independente ou análise técnica, mas que funcionam como dispositivos de manipulação emocional e cognitiva. São mensagens que não se declaram, não se identificam, não assumem finalidade pública e atuam por infiltração, não por transparência.
A razão é substituída pela reação.
Essa propaganda corrompida nasce das máquinas de desinformação, das máfias da comunicação criminosa e das relações não públicas, de grupos que transformam a esfera digital em campo permanente de batalha simbólica. Ela opera com amplificação algorítmica, fabricação de inimigos, exploração de medos, simplificações morais e produção incessante de narrativas de suspeição contínua. O resultado é um ambiente em que a razão é substituída pela reação, o diálogo pela guerra interpretativa, a análise pela adesão emocional instantânea.
A propaganda, produzida de forma contínua e industrial, espalha-se como neblina densa, contaminando conversas e enfraquecendo a credibilidade das instituições e o tecido social.
Como combater isso? Além de vigiar o discurso criminoso, é urgente secar o dinheiro que irriga essas estruturas clandestinas de manipulação. Não se combate desinformação apenas com técnica; combate-se estrangulando os fluxos financeiros que a sustentam e fortalecendo os ecossistemas que produzem informação confiável: imprensa democrática, instituições públicas responsáveis, centros de pesquisa, think tanks e universidades comprometidas com a transparência e o interesse público.
Enfim, a defesa da clareza e da
confiança depende, cada vez mais, dessa dupla frente: cortar recursos da
mentira, e isso as empresas podem fazer, e apoiar e robustecer as instituições
que trabalham na produção da informação confiável.
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