O avanço do crime organizado na região de floresta.
Comando Vermelho (CV) atua em 01 em cada 04 cidades da Amazônia Legal ou 286 cidades (mais de 1/4 da região). Ao todo, de 772 municípios, 344 (44,6%) têm sinais da presença de organizações criminosas, o que transcende os grandes centros urbanos.
A região Norte do país é considerada estratégica, um “narcogarimpo”. Isso, devido 1) a possibilidade de importar rapidamente cargas de cocaína e skunk de nações vizinhas, como Peru e Colômbia, além de 2) permitir que as mesmas rotas sejam usadas para crimes como o garimpo ilegal.
Depois de dominarem a “rota caipira”, que liga a fronteira da Bolívia a Estados do Sudeste, a facção tem buscado se estabilizar na Amazônia Legal. Ao todo, só por lá, há 17 facções criminosas. O que constitui um dos principais desafios à segurança pública, à governança territorial e à soberania nacional na Amazônia. Observa-se, nos últimos anos, um processo de interiorização e diversificação das dinâmicas criminais, com a consolidação de rotas estratégicas para o tráfico de drogas, armas, minérios e madeira, conectando a região aos mercados nacional e internacional.
A região mais do que nunca se tornou estratégica não apenas para o tráfico na Amazônia, mas para o tráfico internacional de drogas. Em geral, as cidades listadas entre as mais violentas da Amazônia Legal são estratégicas para o tráfico. Seja para a entrada de cargas de drogas ou para a exportação dessa droga. A atuação de grupos como CV e PCC afeta também comunidades indígenas. Afinal, para a droga ser transportada por essa região, cortada pela floresta e pelos rios, é comum que as facções utilizem especialmente das populações indígenas e das terras indígenas como pontos de passagem, como estrutura para sua logística.
Novas rotinas envolvem drogas
mais fortes que o crack, como o óxi, e até no surgimento de “microcolândias” em
cidades da região. Famílias já sofrem com a perda do controle de seus filhos
muito jovens sendo recrutados para o consumo e para a pequena criminalidade a
ele associada. Entre 12 e 16 anos, jovens ticunas são cooptados pelo tráfico;
festas “jovens” já quebram tradições. A maior parte dos furtos e pequenos
roubos nas cidades é atribuída a dependentes químicos que buscam sustentar o
vício, alimentando um ciclo de insegurança de baixa intensidade, mas de alta
frequência, que gera medo e altera o modo de vida nas cidades.


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