De 1990 a 2025, o número de pessoas em extrema pobreza caiu de 2,3 bilhões para 800 milhões: a mortalidade infantil despencou e a expectativa de vida avançou como nunca. Sem dúvidas, essa foi a maior conquista moral do mundo moderno: a redução da extrema pobreza.
Desde a Revolução Industrial, a combinação de tecnologia, abertura comercial, produtividade e representatividade política fizeram reduzir os miseráveis de 90% da população mundial para 8%. Entretanto, a sombra da miséria pode voltar a assustar com força. A previsão é a de que nos próximos 15 anos, a extrema pobreza passe por uma fase de estagnação e, depois, volte a crescer. O que não é uma boa notícia, pois a humanidade está perdendo o impulso que a arrancou da miséria ancestral.
Embora existam recursos em excesso, faltam instituições sólidas e incentivos produtivos nas bases. Em outras palavras, o mundo está rasgando esse roteiro de sucesso:
1. Retrocesso da globalização: o
protecionismo volta a ser vendido como patriotismo econômico, apesar de suas
consequências: menos produtividade, mais inflação, cadeias fragmentadas.
2. Degradação institucional: Estados
frágeis, sistemas políticos excludentes e economias sem competição. O problema
é a diminuição do Estado, sua captura.
3. Má priorização: Investimentos em
nutrição e saúde infantil, educação básica ou pesquisa e desenvolvimento
agrícola oferecem benefícios sociais gigantescos e custam uma fração dos
subsídios distribuídos a setores privilegiados, mas seguem eclipsados por
agendas de prestígio, favores políticos e lobbies corporativistas.
4. Extremismos de direita não funcionam: tarifaços, protecionismos, negação do multilateralismo, ambição empresarial, privatizações, inércia ou encolhimento do Estado de bem-estar social. Enclausuram economias, punem consumidores, frustram a inovação e alimentam tensões geopolíticas. Em suma, empobrecem todos, mas principalmente os mais pobres.
A pobreza não é destino. É fruto dá má distribuição de renda e das desigualdades sociais, aliadas a incentivos ruins, privatizações gananciosas e equivocadas que primam pelo produzir, inovar e abrir portas, mas deixa de longe a repartição igualitária e equitativa.
Enfim, como se nota, o progresso não foi
fruto de sorte, mas da agricultura familiar, de políticas públicas para o campo
e instituições inclusivas – poderes na dose certa, governos representativos e
regras claras. É preciso fortalecer as instituições inclusivas, garantir
segurança jurídica e democrática, Estado forte, priorizar política sociais,
reabilitar a agenda de integração comercial, diversificar cadeias, ampliar
acordos comerciais... Tudo isso faz gerar oportunidades, incentivar
investimentos, promover o crescimento sustentável e primar o esforço e a
inovação, batendo na imoralidade da miséria para que nunca mais ela cresça ou se
desenvolva.
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