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“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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domingo, 13 de abril de 2025

Esquerda Fascista?

 

Se for pesada ou exagerada a expressão “esquerda fascista” aceite pelo menos então uma “esquerda” liberal prostrada e oportunista.

A “esquerda” não pode alimentar a direita!

Um avanço não pode ser contido justamente por quem o promove. 

A menos que seja uma “esquerda fascista”

ou esteja passando por um dramático processo de degeneração política e teórica. 

“A cadela do fascismo está sempre no cio” (Bertold Brecht).

Mas, se a linguagem contratual é um típico instrumento de mercado, característico das relações comerciais e que tem moldado o Estado à imagem e semelhança de uma empresa, precisaremos ir além dos contratos. Esses que servem, na verdade, de blindagem aos interesses privados. Aos que defendem direitos, precisam transpor a sua luta apenas aos órgãos públicos competentes para também os seus acionistas, exigindo prestação de contas e uma efetiva ampliação e melhoria do serviço.

O confronto direto com a classe proprietária destes grupos financeiros seria, portanto, condição necessária para que a luta dos setores populares seja capaz de restaurar, em alguma medida, o poder político-institucional em favor do enfrentamento das desigualdades e da efetivação de direitos. Trata-se de uma estratégia incontornável para que se avance, de forma efetiva, na construção de um poder político comprometido com a classe trabalhadora e não com o grande poder privado.

“Voltar às bases” será, sim, prioritário, mas tendo a clareza contra o quê e porquê lutar.

 

A constatação de que há uma crise na esquerda não é nova.

·       Qual seria a sua principal explicação: o distanciamento e o descolamento em relação aos setores populares e à organização das lutas sociais;

·       As estratégias da esquerda sempre se pautaram pela (falta de) compreensão da dinâmica da acumulação capitalista e suas correlatas formas de dominação política em cada momento histórico. Isso se perdeu?

·       Há um processo de institucionalização dos setores progressistas. O que isso significa? Significa um descolamento das “bases”, mais efeito do que causa do emparedamento da esquerda. A crise no campo progressista é, antes, uma crise de horizonte, de projeto político. O “voltar às bases” depende, inicialmente, do reconhecimento dessa falta de horizonte.

·       Ninguém ignora que são várias as formas atuais de revolta, mais ou menos organizadas, das grandes massas exploradas no Brasil. Contudo, tais manifestações de revolta precisam ganhar um sentido político maior, na direção do questionamento das estruturas de dominação e exploração.

·       A carência de horizonte político se relaciona diretamente com a falta de clareza, de entendimento mesmo, sobre as formas atuais da dominação capitalista.

 

Se a política está sendo tomada pela economia, a recuperação do horizonte político da esquerda? O horizonte da luta social não pode mais se limitar a incidir somente sobre o aparato estatal (que vem assumindo cada vez mais uma feição empresarial). O horizonte político precisa se alargar, no sentido de abarcar a grande propriedade capitalista, ou seja, a contestação e o controle social devem alcançar, diretamente, a classe proprietária dos grupos financeiros.

Como o capitalismo está organizado na contemporaneidade? Precisamos de clareza e de entendimento das suas formas atuais de dominação.

Uma coisa é certa no Capitalismo: continuar sustentado na intensa exploração do trabalho. Mas, esse modus operandi passou por profundas transformações na passagem do século XX para o XXI.

1.     A hipercentralização da propriedade capitalista em agentes financeiros;

2.     Uma força na direção de desfazer a separação, forjada pelo próprio capitalismo, entre economia e política, mercado e Estado;

3.     Uma absorção, quase que total, da política pela economia, em que, de um lado, o Estado capitalista se estrutura e age como empresa e, de outro, grandes grupos privados assumem, abertamente, “poder de Estado”.

Consequências disso:

·       A atuação de grupos financeiros na prestação de serviços públicos essenciais privatizados, como nos casos da educação, saúde, saneamento, energia, transporte, previdência etc.

·       A definição da taxa básica de juros, que tem estrangulado há décadas o investimento público, pauta-se por projeções feitas por esses mesmos agentes financeiros.


O que seria uma “esquerda fascista”?

Uma “esquerda” no poder que não negocia se não for para engordar ou sobreviver.

·       Acha justificável a matança policial (na Bahia sair vitoriosa em sua competição com o Estado do Rio de Janeiro);

·       Chancela cortes no BPC de idosos e deficientes carentes;

·       Faz vista grossa à privatização de escolas públicas (PPP’s) com dinheiro do BNDES em São Paulo, em parceria com os companheiros bolsonaristas;

·       Fica sentada vendo, lendo ou só discutindo o povo sucumbir calado.

·       Convive nos tristes trópicos, com o aumento do terrorismo de Estado e a degeneração das condições de vida, tidos como velhos conhecidos, e vai levando sem qualquer vislumbre de diminuição das taxas de lucro, estas tidas como “aceitáveis”.

·       Encara como coerente com seus princípios, permitir a captura unilateral do direito ao FGTS da classe trabalhadora pelos bancos transnacionais, em nome do endividamento que os trabalhadores serão incentivados a fazer para garantir necessidades constitucionais?

·       Dá de ombros quando o vice-presidente nacional do PT promete como política de segurança em Maricá (RJ), que em seu mandato “bandido vai pra vala”, com direito a trilha sonora do filme Tropa de elite?

·       Julga anti-fascista um novo Teto de gastos versão PT, que torna as novas PPP’s o maior plano de privatização do investimento público da história industrial do Brasil, paralelo ao avanço de todos e cada um dos dispositivos da reforma trabalhista contra o povo?

·       Tem até senador da república, Fabiano Contarato (PT-ES), cobrando do governo do seu partido, o endurecimento da política nacional de segurança, propondo inclusive, “aumento do tempo de internação de jovens infratores”?

·       Naturaliza o aumento da musculatura das novas e velhas elites agrárias reacionárias, através de um Plano Safra anti-povo, que prioriza o agronegócio da direita e conduz ao aumento dos preços da cesta básica?

·       Tolera a demagogia mais oportunista sobre a tragédia palestina, enquanto chama imperialistas otanistas genocidas como Macron de “companheiro”, permite negócios entre a Petrobrás e o sionismo, e não move uma palha para revogar os abomináveis acordos militares entre Brasil e o “Estado” de Israel?

·       Que se vê contemplada por um orçamento público que mata por inanição os ministérios que concernem às demandas femininas, pretas e indígenas, proporcionando o sequestro destas pautas pela direita chamada de direita?

·       Admite transar com as ambições do mais profundo obscurantismo religioso, inaugurando templos e fomentando a expansão dos projetos políticos do neopentecostalismo de extrema direita que se prolifera velozmente?

·       Não reage diante da transformação dos brasileiros em cobaias humanas de incontáveis substâncias químicas industriais, proibidas mundo afora, mas toleradas pela ANVISA, dada a mais completa submissão cúmplice deste governo?

·       Que apoia a privatização de presídios? Mas não só isso, que fecha os olhos diante da transformação do encarceramento de pretos (as) e pobres no Brasil em empresa privada com dinheiro do BNDES? (Presídio de Erechim, RS, em 2023, entre outros). E que diante do inadmissível, se limita a repetir o surrado mantra de Breno Altman de que “é isso ou a volta da extrema direita, dada a atual correlação de forças”?

·       Não acredita que veremos novos 2013, novos 2017, com milhões de trabalhadores e estudantes mobilizados, tomando novamente as grandes avenidas do país, como sempre fizeram ao longo da história, já que o povo jamais sucumbiu calado.

 

O que a “esquerda raiz” ainda pode fazer?

·       Abandonar o discurso vitimista de que se trata simplesmente de “ódio ao PT” ou de “fazer o jogo da direita”;

·       Não acreditar que o problema é apenas a reconfiguração do mundo do trabalho e menos ainda uma suposta falta de combatividade do povo.

·       Acreditar que novos 2013 virão, novos 2017, com 40 milhões de trabalhadores (as) e estudantes (as) mobilizados inundando as grandes avenidas de nossas capitais. Foi ontem! E virão por uma simples razão: porque eles sempre vêm! Porque o povo jamais sucumbiu calado, não há precedente.

·       Impedir que a “esquerda” liberal prostrada e oportunista siga dominando os tatames onde lutamos, consumindo a pauta e a vontade de luta das massas capazes de recrutamento, em nome de uma esperança puramente eleitoralesca, abstrata e farsante.

·       Construir uma frente realmente popular por espaços concretos e crescentes de poder contra o capitalismo dependente, abolir as ilusões e impedir que os encantadores de serpentes encham o povo de medo é a nossa tarefa. É urgente superar o dualismo direita tradicional versus cosplay de esquerda, ou liberalismo tradicional versus “liberalismo de esquerda”.


Enfim, estamos diante da aceleração implacável de contradições imanentes à reprodução histórica do capitalismo, tais como endividamento generalizado e superprodução de mercadorias ou subconsumo. Diante disto, qualquer governo que se limite ao cínico debate de separar os banqueiros bons dos maus, deve ser combatido sem vacilação.

O velho Marx, olhando pra trás, dizia que a história se repete primeiro como tragédia e depois como farsa. Já tivemos as duas, e agora?

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