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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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segunda-feira, 7 de abril de 2025

Ensinar ciências, sem celular?

 

Estudos apontam que o uso irrestrito dos dispositivos compromete a concentração dos alunos, reduz a interação social e dificulta a atividade docente.

·       A Lei 15.100/2025 proíbe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis nas escolas, mas estimula a adoção de tecnologias digitais com a mediação de docentes, o que pode trazer experiências mais envolventes e eficazes.

·       O desafio para tal é oferecer infraestrutura e valorizar o professor.

·       Os celulares saem da sala de aula, mas a mediação do professor se torna ainda mais essencial.

·       Como docentes podem utilizar tecnologias digitais, cinema e animês para inovar no ensino de ciências, ao criar práticas colaborativas que só são efetivas quando seu papel na escola é devidamente reconhecido.

·       Para o sucesso dessa estratégia, é preciso valorizar o professor e oferecer infraestrutura.

·       A Lei foi sancionada por causa da preocupação com a distração e o impacto das telas no aprendizado.

·       A proposta da lei não visa a eliminação da tecnologia da sala de aula, mas garantir que seu uso seja alinhado aos projetos políticos e pedagógicos das escolas e mediado por professoras e professores. Em vez da dependência dos celulares individuais, a legislação estimula a adoção de tecnologias por outros caminhos.

·       A restrição ao uso de celulares pode contribuir para a recolocação do papel do professor como curador e orientador dessas atividades.

·       A Lei 15.100/2025, na verdade, é uma reorganização do espaço escolar, estimulando usos qualificados da tecnologia e fortalecendo a atenção compartilhada em sala de aula.

·       Longe de ser um retrocesso, a nova regulamentação abre espaço para outras formas de integração de tecnologias ao ensino. Ferramentas como lousas digitais, simuladores interativos e programas de modelagem podem novamente estar integrados ao ensino em atividades de colaboração, diálogo e compartilhamento de vínculos.

·       A atenção compartilhada é a capacidade de duas ou mais pessoas focarem, ao mesmo tempo, em um mesmo objeto ou evento, reconhecendo mutuamente essa concentração conjunta. Essa habilidade é fundamental para o desenvolvimento humano. Ela colabora na aprendizagem, na comunicação e na construção de vínculos sociais desde a infância, e vai ajudar a nos definir como adultos.

·       Crianças e adolescentes passaram a utilizar telas por períodos prolongados; a educação ficou restrita ao mundo desses dispositivos e, em grande parte, com uso de celulares.

·       É óbvio que o ensino das ciências não escapou desse arrastão durante a pandemia. Além disso, as feridas de desigualdade social no Brasil ficaram ainda mais expostas, com o celular aparecendo como a única forma de grupos menos favorecidos conseguirem participar das atividades escolares.

·       Podemos redirecionar a forma de usar tecnologias para que continue a ser uma aliada do ensino.

·       Explorar tecnologias que transformam o aprendizado em uma experiência mais envolvente.

·       Em vez de apenas consumir informações de forma passiva, estudantes podem interagir com lousas digitais, explorar programas de modelagem e análise de dados, e colocar a ciência em ação com kits experimentais e sensores digitais.

·       Essas ferramentas não são apenas acessórios modernos, mas portas de entrada para um ensino que privilegia a investigação. Com a mediação do professor, a sala de aula pode retornar como verdadeiro laboratório de ideias, em que testar hipóteses, resolver problemas e fazer descobertas volta a ser o grande destaque do aprendizado. Afinal, ciência é um diálogo entre teoria e prática!

·       A Lei 15.100/2025, na verdade, cria um terreno fértil para experiências de aprendizado intencional, em que a tecnologia passa a ser guiada pelos professores. Em vez de os alunos ficarem dispersos em buscas individuais no celular, a legislação cria um canal para que sejam incentivadas atividades coletivas, como projetos de pesquisa em plataformas colaborativas.

·       Propor que soluções em grupo sejam formuladas. Formas dinâmicas de entender os conteúdos. A turma pode analisar dados de desmatamento, usando bancos de dados científicos.

·       Em simulações interativas, como as que recriam reações químicas em laboratórios virtuais, os alunos testam hipóteses, ajustam variáveis e veem os resultados, sempre com a supervisão docente.

·       Em uma aula sobre física, atividades com simuladores, como o ambiente do PhET (projeto da Universidade de Colorado Boulder que oferece simulações interativas gratuitas de ciências e matemática), podem ser usadas para explorar conceitos de energia e movimento.

·       Conectarem os experimentos virtuais aos fenômenos do mundo.

·       As tecnologias digitais vão estimular atividades colaborativas que fortaleçam a atenção compartilhada no ensino de ciências.

·       Imagine uma aula em que os alunos, guiados pelo professor, simulam juntos os impactos do aquecimento global em um ecossistema virtual, ajustando variáveis como temperatura e umidade. Plataformas interativas, como o Padlet, permitem a construção coletiva de mapas conceituais sobre cadeias alimentares ou ciclos biogeoquímicos, enriquecidos com textos, imagens e vídeos.

·       Podemos voltar a aprender sobre buracos negros com Interestelar, desvendar os mistérios da genética com Gattaca, ou explorar a evolução das espécies com Evolução. Filmes despertam a curiosidade, criam conexões emocionais e podem colaborar no aprendizado, sem precisar checar o TikTok a cada dois minutos!

·       Dr. Stone, por exemplo, é praticamente um manual de ciência; as aventuras de Senku nos falam desde a produção de pólvora até a criação de antibióticos. Já FullMetal Alchemist leva os alunos a um mundo onde a alquimia mistura ética, ficção e ciência, abrindo espaço para reflexões sobre leis da física e transformações químicas.

·       E, para quem quer olhar para o céu e entender de uma vez por todas os movimentos da Terra, O Orbe faz isso com uma narrativa visual envolvente. Tudo isso sem distrações do WhatsApp, mas com muito estímulo à imaginação, além de combustível para projetos incríveis!

·       Quando falamos em substituir o uso individual dos celulares por outros recursos tecnológicos, precisamos considerar que, para muitos estudantes, o celular não é apenas um objeto de distração, mas a única ferramenta disponível para acessar conteúdos digitais. Ignorar essa realidade seria reforçar desigualdades e criar barreiras ainda maiores para aqueles que já enfrentam dificuldades de acesso ao conhecimento.

·       Para reconstruir um ensino de ciências colaborativo, é essencial garantir equidade na oferta de recursos. Isso significa investir em computadores, laboratórios virtuais e outros dispositivos acessíveis dentro das escolas, sem depender exclusivamente da posse de tecnologia pessoal. Além disso, políticas públicas devem garantir conectividade adequada e a formação contínua para que professores possam integrar e usar esses novos recursos.

·       Outro ponto crítico é o tempo e as condições de trabalho dos professores. Para que novas metodologias sejam realmente implementadas, é preciso que os docentes tenham espaço e tempo para pensar, planejar e testar abordagens inovadoras. No entanto, a realidade da maioria dos profissionais da educação no Brasil é de sobrecarga, precisando atuar, muitas vezes, em várias escolas para garantir um salário digno.

·       A valorização do professor não pode se limitar à propaganda; é preciso garantir melhores salários, formação contínua e, principalmente, a incorporação do planejamento como função essencial e remunerada dentro da carga horária docente. Sem isso, qualquer proposta pedagógica inovadora corre o risco de ser engolida pela rotina exaustiva da sala de aula.

·       Por fim, se a Lei 15.100/2025 deseja ser realmente um dispositivo para aprimorar a educação e não apenas uma medida disciplinar, é fundamental que sua implementação venha acompanhada de investimentos concretos na estrutura escolar e na valorização dos professores. A tecnologia pode ser uma grande aliada no ensino de ciências, mas seu impacto só será positivo se for acessível a todos e se os docentes tiverem as condições necessárias para mobilizá-la de forma criativa e independente.

·       A escola pública não pode ser um espaço de exclusão digital, nem um ambiente para oportunas privatizações, onde inovações pedagógicas sejam viabilizadas pela precarização do trabalho docente. Se queremos uma educação realmente transformadora, precisamos começar garantindo que ninguém fique para trás, nem quem aprende, nem quem dedica a vida ao ensino.

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