AMAZÔNIA DOMINADA: “o grande negócio” – uma das atividades mais lucrativas do planeta.
A missão é perigosa e as condições são péssimas.
Cidades colombianas abrigam cartéis que usam os riso brasileiros como corredor para levar cocaína à Europa.
“O laboratório de refino está em pleno funcionamento. Ao lado dele, há plantações de coca a perder de vista. Toneladas de cocaína vão sair dessa ‘fazenda’ e ingressar no Brasil em pequenos aviões, escondidas em fundos falsos de barcos ou disfarçadas em botijões de gás e outros meios (em uma cebola pequena, cabem 50 ou 60 gramas de droga, mas imagina num saco de 20 quilos de cebola. Agora estão também recheando tambaqui com cocaína e armazenando em frigoríficos. Congelado, não tem cão farejador que descubra). A droga vai percorrer grandes distâncias até chegar aos portos e aeroportos, de onde, sem maiores problemas, embarcará para seu destino final, a Europa”.
A fragilidade da vigilância e fiscalização das forças de segurança transformou a região na rota perfeita para os grandes cartéis escoarem sua produção com o mínimo risco. Afinal, as apreensões de droga na região representam apenas 10% do que é efetivamente traficado.
Passaram
pela floresta brasileira, somente no ano passado (2024), 430 toneladas de
cocaína. 1 quilo da droga custa aos compradores europeus o equivalente a 260
000 reais. O faturamento dos cartéis ultrapassou os 110 bilhões de reais. Essa
cifra impressionante uniu na Amazônia brasileira poderosos cartéis colombianos,
organizações mafiosas europeias e o que hoje existe de mais deletério no
submundo do crime nacional: as facções. É um novo desafio que precisa ser
urgentemente enfrentado.
Vistos de cima, o tapete verde formado pela copa das árvores da floresta às vezes não permite avistar um único centímetro do solo e muito menos antever o fluxo de pessoas e embarcações que trafegam pelos rios, incluindo as que são usadas para transportar madeira, ouro, animais em extinção e nos últimos anos, principalmente cocaína. O tráfico, o contrabando, o garimpo, a exploração clandestina de madeira e a pesca ilegal se misturam na floresta.
Pintando a Amazônia como uma “Zona do Perigo”: tríplice fronteira amazônica – Brasil, Colômbia e Peru. Uma área de 4.600 Km de extensão – gigante, coberto por vegetação densa, desabitado e inóspito (é o Vale do Javari e os principais municípios da fronteira: Tabatinga, Atalaia do Norte, Benjamin Constant e Letícia). Esse “Alto Solimões” reúne as fronteiras seca e fluvial do Brasil com os vizinhos Colômbia e Peru, é duas vezes maior que Portugal. Quem é responsável pela vigilância na divisa é o Exército, que se desdobra com 9500 soldados na região (proporção de 1 homem para cada 72 Km2 de área de fronteira). As 7 cidades que ficam na fronteira contam com inacreditáveis 150 policiais militares para cuidar da segurança de uma área de 213 000 Km2 – uma região do tamanho da Inglaterra e da Escócia somadas (e uma única lancha blindada, uma cota mínima de combustível e um estoque de munição que não resiste a um rápido tiroteio). É impossível. Falta braço para a polícia reprimir de forma séria o negócio. Também não há cães farejadores para tanta demanda. As vistorias, quando ocorrem, são apenas por amostragem. Por 60 gramas de ouros (20 000 reais) é possível contratar uma aeronave para transportar qualquer coisa. Elas voam baixo e pousam em pistas clandestinas que, sem nenhuma vigilância ostensiva, são abertas na floresta da noite para o dia.
Pelo lado dos traficantes, a situação é oposta. Eles usam armas capazes de abater um helicóptero, dispõem de embarcações à prova de balas, fuzis de última geração e até submarinos improvisados. Não é raro detectar drones dos grupos criminosos sobrevoando e mapeando a movimentação das forças de segurança, inclusive do Exército. Enfim, seria necessária uma ação nacional para enfrentar essas quadrilhas! Execuções de rivais fazem parte da rotina entre elas. Nas brigas de facções, os mortos acabam desmembrados e jogados no rio para apagar os vestígios. Sem condições de se contrapor aos novos comandantes que vêm ampliando suas conexões e poderio, as autoridades, às vezes, precisam contar com a sorte.
Os traficantes preferem usar as estradas pluviais para entrar no Brasil. Alguns dos afluentes dos rios navegáveis nascem na Colômbia e no Peru e chegam aos estados do Amazonas e do Acre. No período das chuvas (dezembro a junho), as cheias produzem ramificações que ficam completamente cobertas pela vegetação. São milhares de pequenas estradas que nem sequer constam nos levantamentos cartográficos, o que dificulta a vigilância que já inexiste.
Combater o crime na floresta é um desafio. Como é impossível colocar um policial em cada metro da fronteira, enfrentamos os criminosos com inteligência – é preciso tirar do papel o “Centro de Cooperação Policial Internacional”, que reunirá em Manaus investigadores dos 9 países que compõem a Amazônia Legal. Mais delegacias, usar informações de satélite para tentar localizar laboratórios, acionar as FA para abater aviões de traficantes e dar apoio logístico às operações... Ainda assim, as marcas de balas por lá não deixa os fiscais da Funai, os policiais e os soldados do Exército esquecerem que os criminosos que cruzam o rio costumam atirar primeiro.
A droga transportada pela chamada “hidrovia do crime” na Amazônia atravessa o país em direção aos portos e gera lucros estratosféricos para as facções organizadas, as mesmas que espalham o terror hoje pelas grandes metrópoles do Brasil. Será preciso uma esforço inédito para enfrentar de verdade essa chaga no meio da floresta.
Há plantações de coca a perder
de vista...
·
430
toneladas de droga (cocaína) cruzam os rios da região por ano, antes de chegar
a outros países;
·
Labirinto
e vigilância: a mata fechada e rios com seus milhares de braços dificultam o
patrulhamento e facilitam o crime.
·
Quem
controla os principais portos?
·
“Rota Solimões”: um emaranhado de
rios navegáveis em terras brasileiras em terras brasileiras que transformou a
maior floresta tropical do mundo numa imensa trilha de passagem das drogas
produzidas pelos grandes cartéis da Colômbia.
·
Explorado
pelos maiores cartéis do Hemisfério Sul;
·
Envolve
bilhões de dólares;
·
Movimenta
toda uma estratosfera de crimes conexos;
·
Conta
com a parceria de facções nacionais.
·
Em
comunidades ribeirinhas, jovens desassistidos pelos governos, são aliciados por
traficantes. À espera de ordens superiores, o bando, formado em sua maioria por
rapazes que não aparentam mais que 20 anos de idade, treina tiro ao alvo entre
as árvores.
· Folhas de coca são protegidas para o início do processo de maceração (o laboratório de refino está em pleno funcionamento).
Existe uma jogada empresarial na floresta Amazônica. Estão dizendo que o tráfico transformou a Floresta na principal rota de exportação de cocaína. E que a culpa é do Governo, que não tem forças de segurança suficientes diante do poderio do narcotráfico. Ora, não parece uma tentativa de abrir portas para a intervenção de outros países onde soberanamente não são chamados? O neocolonizador gosta de abrir uma crise como álibi para nela entrar e gerir o território (e todos os seus recursos).
Porém, não deixa de ser uma fragilidade. Problemas na Amazônia realmente existem. Mas, é por aí que a exploração adentra com a promessa de solução.
Imensidão e debilidade.
- É uma imensa área de 4.600 km de
extensão.
- Que precisa ser vigiada por militares
e forças policiais.
- Mas, falta pessoal, munição e até
combustível.
- Quem detém o monopólio do transporte
das “hidrovias do crime” são facções, como o CV (Comando Vermelho). Com
ramificações em 24 estados da federação, estima-se que a facção movimente algo
em torno de 30 bilhões de reais por ano.
- Principal rota de passagem da cocaína.
Destino principal: a Europa.
- A droga por onde passa vai deixando um
rastro de destruição. A tríplice fronteira vive uma realidade que nós todos
brasileiros olhamos de costas.
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