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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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sexta-feira, 11 de abril de 2025

PINÓQUIO

Criança teimosa, crédula e seduzida pelo prazer.

A verdadeira natureza sombria de uma das histórias infantis mais violentamente suavizadas.

“A história original de Pinóquio não é sobre diversão ou magia. É sobre desobediência e punição, culpa e redenção. A madeira viva representa o instinto bruto, egoísta e infantil. A humanidade é um prêmio concedido não por bondade inata, mas por sofrimento, disciplina e sacrifício. Pinóquio é um conto sombrio, brutal e moralista, que fala mais aos adultos do que às crianças. Um reflexo de uma Itália ferida, de uma sociedade que acreditava que só a dor educava. E mesmo hoje, mais de um século depois, ele continua a nos lembrar que nem toda transformação é bela – e que a inocência perdida às vezes precisa morrer para que nasça o caráter”.

- foi um símbolo de rebeldia, castigo e transformação moral através da dor;

- nasceu com o propósito de educar através do choque – e não do encanto;

- foi publicando originalmente em 1881, e a Itália recém-unificada enfrentava pobreza, analfabetismo e desigualdade.

- Carlo Collodi, conhecedor das falhas sociais e morais da época, transformou Pinóquio num espelho torto da infância abandonada e da pedagogia punitiva.

- Um pedaço de madeira grita quando um velho marceneiro (Mestre Cereja) tenta talhá-lo. Ele é entregue a um homem pobre e mal-humorado (Geppetto), que deseja construir uma marionete para ganhar dinheiro como artista ambulante. Ao esculpi-lo, ele toma vida (Pinóquio) e debocha do seu criador (que é preso pela polícia). Sozinho em casa, Pinóquio encontra o Grilo Falante (“Meninos desobedientes e ingratos terão fim trágico”). Mata o grilo com uma martelada (a cena representa o assassinato simbólico da consciência moral – e início da jornada caótica). Sozinho, faminto, queima os pés ao se aproximar do fogo. Geppetto retorna da prisão, encontra o filho descalço e arrependido. O perdoa. E compra um abecedário. Mas o boneco troca a escola por um teatro de marionetes. E é capturado pelo diretor Mangiafuoco, que ameaça queimá-lo. O boneco o comove com sua história e ganha 5 moedas de ouro. Surgem aí 02 dos personagens mais traiçoeiros da literatura infantil: 1) a Raposa manca: estelionato 2) o Gato cego: exploração da inocência. Eles convencem Pinóquio de que há um “Campo dos Milagres”, onde se ele enterrar suas moedas, crescerá uma árvore de dinheiro. Pinóquio cai no golpe, tenta resistir ao roubo e acaba sendo enforcado numa árvore. Ele termina balançando, com a língua para fora, à beira da morte – um final trágico.

- O público pressiona Collodi a continuar a narrativa. Bem: Pinóquio é salvo por uma misteriosa “Fada de Cabelos Azuis”. Mas, mente para ela e seu nariz cresce grotescamente. A Fada pune, desaparece, testa, “morre”, volta, mente, repreende – é o símbolo da moral punitiva e mutável. E promete: se Pinóquio for bom, tornar-se-á um menino de verdade. Mas a promessa é condicionada a obediência total. O boneco tenta mudar, mas se junta a um amigo (Lucignolo) e vai para o “País dos Brinquedos”, onde as crianças vivem sem regras. O preço? Se transformar em burros – literais (metáfora do embrutecimento moral). Pinóquio/burro é vendido para um circo, espancado e forçado a fazer truques. É jogado ao mar, a carne do burro é devorada e sobrevive a forma de marionete. Pinóquio finalmente muda (trabalha, ajuda os outros, estuda). Somente então, ao demonstrar compaixão real e esforço honesto, ele acorda humano. Sua forma de madeira é jogada no canto (inerte, vazia). O boneco morreu e o menino nasceu.  

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