“O mito narra a origem das coisas por meio de lutas, alianças e relações sexuais entre forças sobrenaturais que governam o mundo e o destino dos homens. Os mitos sobre a origem do mundo são genealogias: cosmogonias e teogonias. (...) Assim, a cosmogonia é a narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas. (...) A teogonia é, portanto, a narrativa da origem dos próprios deuses a partir de seus pais e antepassados” (Chaui, p. 36).
Um mito é uma palavra sagrada porque uma revelação divina (por isso assume um status de ser incontestável e inquestionável). Logo, é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa. Seu narrador teria testemunhado diretamente o que aconteceu ou teria recebido a narrativa de alguém que viveu os acontecimentos (o poeta-rapsodo era considerado um escolhido dos deuses). Assim, “a verdade” do mito está na autoridade ou confiabilidade da/na pessoa do narrador.
As 03 maneiras do Mito:
1. Ele encontra ou faz o Pai e a Mãe das/os coisas/seres
– os antepassados.
- tudo o que
existe decorre de relações sexuais entre forças divinas pessoais;
- essas relações
geram os demais deuses;
- Titãs:
semi-humanos e semideuses;
- Heróis: filho
de um deus mais humano;
- Genealogia:
narração da origem ou geração das coisas, seres, qualidades...
2. Ele encontra uma aliança ou rivalidade entre os
deuses que fazem surgir alguma coisa no mundo.
- o mito narra
ou uma guerra ou uma aliança entre as forças divinas para
provocar alguma coisa no mundo dos homens.
- na guerra
entre troianos e gregos, os deuses estavam divididos entre os dois lados. O
lado tomado por Zeus em dado momento era vitorioso.
- a causa da
guerra foi uma rivalidade entre as deusas (a mulher sempre a fonte da discórdia
kkk). As deusas aparecem a Páris (príncipe troiano) oferecendo seus dons, e ele
escolheu logo Afrodite (deusa do amor). As outras deusas, enciumadas, o fizeram
raptar a grega Helena, mulher do general grego Menelau, e isso deu início à
guerra entre os humanos.
3. Ele encontra as recompensas ou castigos que os
deuses dão a quem lhes desobedece ou a quem lhes obedece.
- fogo, sem ele, o que seria da humanidade? Não seria. O fogo é essencial: com ele, os humanos se diferenciam dos animais, porque tanto passam a cozinhar os alimentos, a iluminar caminhos na noite, a se aquecer no inverno, como podem fabricar instrumentos de metal para o trabalho e para a guerra. Enfim, por isso que na mitologia grega o fogo era possuído apenas pelos deuses. O titã Prometeu que roubou uma centelha e entregou aos humanos. Ambos foram punidos: um acorrentado e os outros com a caixa de Pandora – a curiosidade quis dar maravilhas e acabou entregando todas as desgraças (doenças, pestes, guerras, morte, males no mundo... A bomba atômica).
Bem, ao surgir, a Filosofia não é uma cosmogonia e sim uma cosmologia, ou seja, uma explicação racional sobre a origem do mundo e sobre as causas das transformações e repetições das coisas. A pergunta então é: a cosmologia nasce de uma transformação gradual dos mitos ou de uma ruptura radical com os mitos? A Filosofia continua ou rompe com a cosmogonia e a teogonia?
Duas respostas:
1.
Ruptura radical: reino otimista
dos poderes científicos e capacidades técnicas do homem. A primeira explicação
da realidade tem de ser científica (século XIX-XX). Não
sonha, passa a raciocinar logo.
2.
Mudança vagarosa
e gradual:
os mitos estão profundamente entranhados nos modos de pensar e de sentir de uma
sociedade, e são importantes na organização social e cultural das sociedades
(século XX). Primeiro sonha, e depois se vai
racionalizando esse sonho...
- repare que aqui, os próprios gregos, como qualquer outro povo, acreditavam em seus mitos e a própria Filosofia nasceu, vagarosa e gradualmente, dos próprios mitos, como uma racionalização deles.
Uma saída atual: conclusão.
Reformular e criar outra coisa nova e diferente. As duas respostas anteriores são exageradas. A Filosofia, percebendo as contradições e limitações dos mitos, foi reformulando e racionalizando as narrativas míticas, transformando-as numa outra coisa, numa explicação inteiramente nova e diferente. Tipo, “O Fantástico Mundo de Bobby” ou a polêmica IA (Inteligência Artificial). Como conduzir inicialmente nossas crianças? Com telas ou interações físicas? Que tal ambientes educativos mistos, múltiplos e saudáveis.
Enfim, Mito e Filosofia: transformação
ou ruptura? Recriação!
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