O mundo se distrai com guerras, tentativas de golpes, brigas ideológicas e outras crises, enquanto as políticas públicas e a transição verde são negligenciadas. Tipo, não é que não precisem ser encaradas, mas existem outras prioridades!
O Brasil foi bem sucedido na declaração final do G20 ao incluir uma menção à taxação de grandes fortunas, uma cooperação tributária progressiva e internacional e a criação da Aliança Global Contra a Fome como mecanismos para a redução de desigualdades.
Todavia, não houve um resultado concreto na taxação de super-ricos que garanta que indivíduos de patrimônio líquido ultra-alto sejam efetivamente tributados. Os esforços são válidos, mas para ter efetividade precisaria de padrões comuns em todo o mundo, porque senão não funciona. Por exemplo, teria de ter ficado estabelecido um imposto mínimo (tipo, 15% para todo mundo). Ou uma tributação padronizada clara para as multinacionais, com um firme acordo de adesão através de sifras diretas já depositadas em caixa. Cadê?
Enfim, é no mínimo razoável um modelo no qual as pessoas ou empresas que ganham mais paguem mais impostos. Porém, não basta ganhar adesão, a aliança precisa se concretizar em implementação eficaz. O problema é que, para o mercado, qualquer investimento só vale se tiver retorno. Caso contrário, é gasto. É por isso que não temos resoluções efetivas para muitos problemas, como o da fome, pois, em vez de soluções, viram negócios lucrativos.
Alguns argumentos para capturar os magnatas: Por que Banco Mundial, FMI e outras instituições multilaterais de desenvolvimento devem dedicar recursos para nutrição?
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A
fome e a pobreza são uns dos elementos mais críticos do desenvolvimento, e a
nutrição tem os melhores retornos em termos de investimentos. Se você investir
US$ 1 em nutrição, isso retornará pelo menos 23 vezes;
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Tanto
a desnutrição quanto a obesidade são obstáculos ao capital humano, à
produtividade econômica e a um mundo justo e próspero. Os benefícios econômicos
das intervenções nutricionais superam em muito os custos da inação;
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Nutrição
não se traduz apenas em termos de comida, mas também boa saúde e boa educação.
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As
mudanças na administração americana afetam diversos setores globais. Há
incertezas sobre o futuro do combate às mudanças climáticas e da Lei de Redução
da Inflação (o Dólar está encostando no Euro). Sem incentivos de investimentos
verdes, teremos mais alimentos processados e menos orgânicos da agricultura
familiar. Aliás, os EUA não têm agropecuária forte para isso, logo, tentará
revitalizar sua tradicional indústria de comprar matérias primas baratas e
vender ultraprocessados (que já causam 6 mortes por hora no País). Mata
enquanto lucra muito, à moda antiga (camuflada) dos EUA. Por fora, ainda tem as
políticas migratórias restritivas e seus impactos econômicos e a possível saída
dos EUA da Otan, que causarão gastos militares consideráveis à Europa.
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A
guerra encarece e dificulta os alimentos. A da Ucrânia, por exemplo, afetou
dramaticamente não apenas europeus, mas o mundo inteiro. Ela gerou inflação
elevada há dois anos, levando bancos centrais a aumentar as taxas de juros. Os
efeitos ainda persistem, com a economia mundial aguardando a redução desses
juros.
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O
Brasil, sob Lula, tem avançado muito ao reduzir o desmatamento e investir em
energia limpa, como hidrogênio e solar. Apesar do nosso esforço brasileiro, a
atenção global permanece dispersa e compromete a prioridade essencial de
combater a mudança climática. Afinal, a responsabilidade integracional mais
importante é cuidar da comida e do planeta, pois não há um “planeta B” (embora
estejam atrás dele’s).
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