“Votar é preciso e descolonizar o voto é ainda mais preciso” (Pompeu).
Cada vez mais, temos observado a influência das religiões no resultado das urnas.
Há candidatos a prefeito e a vereador que usam de maneira ostensiva sua identidade religiosa (alta de 225% nos últimos 24 anos).
Há, também, certa lenda urbana a nos convencer de que no Brasil todas as religiões convivem em perfeita harmonia. De que extremismo religioso só existe no Oriente Médio. Não! Mas a intolerância étnico-religiosa ocorre por aqui desde a chegada do colonizador, que traçou uma inequívoca estratégia de hegemonia religiosa.
Povos originários, africanos escravizados, asiáticos e até europeus não cristãos foram e ainda são gravemente discriminados por sua fé, em que pese todo o arcabouço jurídico regulatório existente.
Hoje, 5 séculos depois, ainda se disputa um eleitorado por sua orientação religiosa.
Dogmas religiosos são usados para interferir na gestão pública.
Precisamos de políticos “terrivelmente” religiosos para governar? Qual o limite entre política e religião?
Mundo afora, inclusive aqui, muito esforço foi necessário para delimitar as fronteiras entre religião e Estado. A laicidade, instituída no Brasil por meio do Decreto 119-A, de 1890, um ano antes da primeira Constituição republicana, é uma pérola da democracia. Uma cláusula a favor de todos, independentemente dos ventos que soprem.
Na democracia, grupos sociais podem e devem se fazer representar. Porém não lhes cabe comprometer a laicidade, sufocar a diversidade nem atender a propósitos de dominação neocoloniais.
Enfim, nossa população precisa estar
atenta e nossas instituições precisam ser fortes o bastante para não sucumbir à
tentação nem aos interesses de uma teocracia.
Fé no voto! Não ao voto de fé!!!
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