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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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segunda-feira, 23 de setembro de 2024

(I) Aplaudido ou Cancelado?

 

“A missão da Arte é fazer com que as pessoas apreciem estar vivas pelo menos um pouco”

(Kurt Vonnegut).

Devemos condenar o trabalho de um artista porque ele não é uma pessoa moralmente exemplar?

Uma resposta menos autoritária e mais sensata é NÃO! Não é a vida do artista que está (ou não deveria estar) em foco, mas sua arte. Arte que tem passagem tanto para nos acalmar com beleza ou incomodar com emoções e ideias.

Só falsos moralistas e adeptos a movimentos de “caça às bruxas”, hoje atualizados para o termo ‘cancelamento’, que muito esconde os preconceitos coletivos dissimulados, condenam o artista pela peça ou o autor pela obra. Com a polarização da sociedade e o aumento das forças conservadoras, a tendência tem sido censurar, condenar e voltar as armas da Justiça contra o criador. Aliás, não é o que fazem com Deus por ter criado criaturas imperfeitas que não se enxergam como tal?

Logo, a condenação é muito mais um linchamento coletivo do que um veredicto individual racional. Grupos organizados por paixões apressadas que pregam o boicote a artistas e ainda atacam a parte do público que não segue a diretriz. Já vimos muito isso na história, como os movimentos higienistas. Assim, quando a questão da separação entre artista e obra escapa do âmbito da decisão individual e é manipulada para fins ideológicos, o que se tem é a paranoia autoritária. Sobretudo quando essa obra é politicamente crítica.

Está inscrito na história da humanidade: a obra artística transcende seu ator. E qualquer forma de censura e perseguição só serve aos porões medievais do fanatismo. O que vem de lá é que insiste em misturar a vida privada com a pública, o pessoal com o profissional. Difícil! Por que razão a vida e a obra têm que se misturar? Há um elemento dogmático ou religiosa nessa questão? Imagine só se as empresas passassem a exigir, além do currículo profissional, um “antecedente de vida exemplar”, atestado por pelo menos duas testemunhas, também moralmente impecáveis? Quem serão essas testemunhas imaculadas e de vidas perfeitas? Pastores? Padres?

Ultimamente cresceu uma mania nefasta de encontrar algum jeito de esculhambar os “movimentos identitários”. O exagero do tema sobre o mérito da reflexão vem construindo uma nova inquisição. E o problema deixa de ser o objeto analisado e passa a virar um julgamento parcial. Afinal, é isso que é o cancelamento – a sobreposição do interesse político de um grupo. É por isso que precisamos desconfiar de quem é intolerante à divergência. E a Lei está aí para respaldar.

A caminhar nessa direção, a humanidade estará condenando sua própria evolução e possibilidade de crescimento e civilidade. Um colapso da vida e do pensamento. Quando a criação é colocada em cheque por causa do criador, e vice-versa, é a morte da inteligência e do direito humano que está em cheque. 

Fiquemos de pé! Obras que tratam de questões existenciais, como o amor e a morte, ou que tenham tempero político, como crítica e participação, não devem ser censuradas só porque nos ajudam a enfrentar essas aflições milenares de humanidade. Seu autores, com humor e beleza, devem ser aplaudidos de pé.

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