Como seria um conflito nuclear hoje? De alta possibilidade e baixo potencial.
“Ao todo, 09 países (EUA, Rússia, China, Paquistão, Índia, Reino Unido, Israel, França e Coreia do Norte) possuem 12.121 ogivas, das quais 9.585 estão em estoques militares. Dessas, 3.904 estão implantadas em mísseis e bombardeiros. Cerca de 2.100 ogivas (de EUA, Rússia, Reino Unido e França) estão em alerta máximo e podem ser utilizadas em um curto espaço de tempo”.
Ao mesmo tempo em que o mundo bate recorde de conflitos ativos, os países atômicos iniciam uma nova corrida nuclear ao atualizar seus arsenais e deixá-los pronto para uso imediato – ogivas instaladas em mísseis ou disponíveis para serem utilizadas rapidamente, diferentemente das ogivas armazenadas, que exigem tempo para serem preparadas. Nunca estivemos tão perto da destruição da humanidade!
A nova corrida armamentista nuclear acontece num momento em que a diplomacia perde espaço para novos conflitos cada vez mais destrutivos. Em 2023, o número de guerras interestatais atingiu o recorde de 59 (ante 55 do ano anterior).
O número de mortes em combate no ano passado caiu para 154 mil (foram 310 mil no ano de 2022, ano mais letal desde o genocídio de Ruanda, em 1994). A queda é atribuída ao fim do conflito na Etiópia, até então considerada a pior guerra do mundo.
Risco Global?
Um conflito nuclear hoje com certeza não seriam disparos generalizados de grandes ogivas que levariam a imensas nuvens de cogumelos (como se imaginava durante a Guerra Fria). O mundo entrou na doutrina da destruição mútua assegurada, que parte do princípio de que uma guerra nuclear causaria a destruição total e deveria ser evitada. Logo, as armas nucleares tornaram-se ativos de dissuasão.
Na Guerra Fria, as bombas estavam na casa dos megatons. A bomba de Hiroshima tinha entre 15 e 20 quilotons e foi capaz de matar mais de 150 mil pessoas em poucos minutos. Hoje, porém, as bombas são diferentes. Existem ogivas de menor capacidade explosiva, atualmente armas com menos de um quiloton ou até variar como um dial. Porém, embora menores, as armas de hoje ainda possuem grande capacidade destrutiva, por isso mesmo se tornaram mais tentadoras de utilizar. Ter armas com rendimento tão baixo pode torná-las mais utilizáveis em uma crise, porque elas não são um sistema bélico que destrói cidades. Ainda assim, causariam muito destruição, mas bem menos que antes.
Enfim, o atual risco nuclear global é alto em
possibilidade e baixo em potencial.
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Potências
mundiais renovam arsenais ou mergulham na primeira corrida nuclear do
pós-Guerra Fria: EUA, Rússia, China, Paquistão, Índia,
Reino Unido, Israel, França e Coreia do Norte – vêm aumentando o número
de ogivas implantadas.
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Países
com capacidade atômica renovam arsenais e investem em bombas táticas com
capacidade explosiva menor, que poderiam ser usadas sem causar tanta
destruição. Não vemos armas nucleares desempenharem papel tão proeminente nas
relações internacionais desde a Guerra Fria.
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Embora
a quantidade de ogivas armazenadas tenha caído em razão do desmantelamento dos
arsenais de EUA e Rússia da época da Guerra Fria, o que dá a impressão de que
as coisas estão indo bem, mas não estão.
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Graças
a acordos de controle, houve uma redução das mais de 70 mil ogivas que existiam
no ápice da Guerra Fria.
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A
China enxerga a questão nuclear como vital para seu poder de dissuasão.
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