A extrema direita se faz de vítima, e alega/reivindica sua suposta legitimidade criminosa pela via da liberdade de expressão. Não permitir seus abusos e excessos seria censura, cerceamento, autoritarismo, perplexidade.
Para isso, ataca o poder de polícia estatal que alega sempre a busca pela ampliação de seu controle sobre a sociedade. Essa falácia não se sustenta porque a Constituição veda os abusos e os excessos, ou seja, perante a Carta Maior a liberdade de expressão não é um direito absoluto.
Para corromper as democracias, a extrema direita os tem adjetivado como sendo “democracias liberais” em detrimento da “democracia social”. Qual é a jogada? A estratégia do excesso, isto é, saturar e transbordar o debate público. Você exagera na liberdade de expressão, você exagera na piada, e daí você implode o sistema – o mundo será governado por tolos não pela capacidade (que não têm), mas pela quantidade – eles são muitos.
É verdade que as democracias genuínas não são tribunais de ideias, mas laboratório. Entretanto, desde que aplicaram a alcunha da adjetivação liberal, as democracias foram perdendo pelo excesso – paradoxal. Os excessos de retórica (de piadas de mau-gosto a atitudes esdrúxulas), a desinformação e a manipulação algorítmica de dados, a teatralização macabra do debate aberto, a banalização da loucura, o deboche à Justiça e o desdém às leis, tudo vem corrompendo e minguando a esfera do debate público sob o pretexto de democracias “liberais”.
Enfim, é preciso resgatar e fazer operar
bem o sistema de freios e contrapesos e devolver o equilíbrio e a racionalidade
às democracias sociais. O caminho é o resgate da justa-medida ao debate
público.  
 
 
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