“Nenhuma verdade é possível
sem a tranquilidade da alma”.
“Eu bem que avisei que os idiotas com diploma invadiriam o mundo do
pensamento público”.
É a inquietação – a incapacidade
animal de não escapar à sua agitação, perturbação, ansiedade, aflição. É ela
porque a inquietação destrói a possibilidade da tranquilidade da alma, sem a
qual nenhuma verdade é possível.
Parabéns à capacidade
humana de recolher-se em si mesmo (ensimesmamento) e escapar do “olho do mundo”.
O animal humano pode fugir do mundo porque tem a si mesmo. Só quem não aprendeu
a dar essas escapulidas sofre, sofre muito. Sofre por não ter um si mesmo capaz
de protegê-lo da inquietação infinita que é a existência no mundo e na natureza
(uma besta fera devoradora de seres vivos).
Mas, o que é esse “si
mesmo”? Não! Não é o universo dos traumas psicológicos, mas nossa capacidade de
ver o mundo através do pensamento que nos prepara para a ação nele. O clássico
par da filosofia e da espiritualidade: “contemplação
e ação”. O pensamento organizado é o que importa,
fruto desse recolhimento em si mesmo, uma conquista cotidiana, não um dom. O
homem não é um animal racional. Alguns tornam-se racionais à custa de muito
esforço. O risco é não se tornar racional e acabar por realizar a “rebelião das
massas”. A expressão parece bonita, mas não é aquela insurgência popular
revolucionária dos trabalhadores. É outra...
Seja gente comum sem
formação escolar, ou ainda pior, pessoas formadas nas escolas e universidades e
que, por terem diplomas ou sucessos profissionais em suas áreas, passam a achar
que entendem de tudo, essa arrogância vaidosa é o movimento moderno, na direita
e na esquerda. Do porteiro do prédio ao tiozão da internet e sua família
inteira, todos querem dar opinião sobre assuntos que não dominam para opinar.
Que nome damos a isso? “Dramatismo”.
Dramatismo é perder-se enquanto possibilidade. E o animal é dramático por
natureza. E o homem pode ser esse animal dramático. Seu drama é sempre estar
correndo o risco de se entregar à inquietação, à submissão ao mundo, nas suas
diversas formas de atribulação.
CONCLUSÃO: a
modernização tem uma dimensão destrutiva em curso, imersa no ridículo do ruído
da massa disforme. Isso tem um nome: inquietação. E essa inquietação destrói a
possibilidade da tranquilidade da alma, sem a qual nenhuma verdade é possível.
Assim, nem são as
pessoas, é essa agitação de saber o que não se sabe
a nossa dinâmica moderna. Bem que ela poderia ser trocada pela tranquilidade de aprender o que não se sabe. Verdade e
tranquilidade estão vinculadas. Só na tranquilidade você pode chegar a ter
algum ponto de vista que preste!
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