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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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domingo, 5 de maio de 2024

Instituições com políticas de qualidade.

 

 “Sobre o episódio de racismo ocorrido na escola Vera Cruz com a filha da atriz Samara Felippo”.

 

Foi se o tempo do ensino remoto e da gestão virtual das escolas, felizmente. Com a retomada do presencial pós-pandemia, a escola, mais do que nunca, deve retomar suas atividades coletivas complementares.

É no debate sério e profundo no coletivo escolar que se constroem políticas de gestão administrativa e pedagógica de qualidade, fortalecendo a instituição escola através de regulamentações imparciais e pouco influenciadas pelas guerras culturais, causadoras de ressentimentos e ódios. Afinal, questão séria e profunda não pode mais ser reduzida a redes sociais. Quando o debate cede lugar ao “Fla-Flu” das redes sociais sobre expulsão, por exemplo, se compromete o acolhimento, a identificação dos responsáveis e a chamada para assumir responsabilidades.

Outro ponto importante é a comunicação com as famílias. A expulsão é a sanção mais extrema que pode ser adotada pela escola e é uma opção quando deixamos de acreditar na possibilidade de transformação dos sujeitos envolvidos ou na possibilidade de cura da vítima diante da maneira como a ação sofrida a atingiu.

Então, como a escola tem lidado com o assédio e as críticas? Qual é a política antirracista da escola? 1) a dor da vítima é nossa também; 2) a dor da mãe/família é nossa também; 3) lamentamos a exposição pública do caso, inclusive envolvendo menores; 4) proteger e envolver, não expor; 5) não reduzir o trabalho sério a um “Flá-Flu” das redes sociais; 6) a escola precisa ter uma política humanística (porque aí não precisará ter uma política específica para cada problema – antirracista, antixenófoba, antihomofóbica, antimachista, etc.). Aliás, e ingênua a suposição de que uma escola que se propõe a um programa de educação antirracista estará automaticamente livre do racismo, ao contrário, torna-se ambiente onde as manifestações racistas podem ser nomeadas e não silenciadas, onde os agredidos encontram espaço de proteção e, o que é mais importante, de autoafirmação racial.

Não é assistindo a palestras que se dá o letramento racial da comunidade escolar, mas, sim, com cada um se defrontando com seu próprio racismo, quando a instituição diminui o racismo institucional e aumenta a convivência inter-racial. O caminho é se autoquestionar em relação aos nossos valores. Não é uma simples questão de opinião. Pessoas, coletivos, escolas e instituições precisam sair mais fortalecidos desses dolorosos processos. Um dos sinais disso é quando ocorrem organizações autônomas para discutir coletivamente essas situações.

Algumas dicas:

·       Rediscutir práticas pedagógicas e novas abordagens;

·       O projeto pedagógico tem que ser geral, com caráter humanístico, sem partidarizar um tipo específico de preconceito, mas as discriminação de um modo geral no ambiente escolar;

·       Quando pensamos em seres delicados, como crianças e adolescentes, punições mais rígidas tendem a não ser eficazes no aspecto educativo. A punição não vai resolver o problema. Vai ser uma experiência duplamente traumática para as meninas brancas e as pessoas negras. A expulsão da escola pode sinalizar a todos que isso não é permitido, que é muito grave, mas a função educativa da escola tem de se pautar por conscientização e reparação;

·       A primeira coisa é escuta e acolhimento, sem ter a dor minimizada. Não se pode passar pano ou perguntar o que ela fez para aquilo acontecer (tentativa de culpar ainda mais a vítima). “Se pensar que a lei antirracista é agir contra o racismo estrutural, um encaminhamento adequado seria a punição legal dos pais e da escola. Racismo não é escolha individual”;

·       Entrar em contato com o que nossos alunos já são capazes de dizer e de pensar sobre isso. “Quando você começa a trabalhar desigualdades, se não tiver um bom trabalho com conflitos, as tensões da violência que era naturalizada passam a não ser mais. Todos estão mais atentos. No final das contas, tem de defender as escolas nesse fortalecimento; e não atacá-las”.

·       Não adianta a escola só ficar fazendo palestra. São necessárias atividades duradouras, como leitura de livros de histórias sobre princesas negras (resenha sobre livros ou pesquisas sobre brinquedos, formação de professores). Isto é, fazer uma ação rotineira por certo tempo na escola, com atuação mais sistêmica. 

·       A verdade é que não dá para você tirar de uma vez todos os racistas das instituições. Logo, é preciso focar o trabalho de construção de políticas de equidade porque a dificuldade de a alguém vítima conviver com agressores e persistente. Vai ser difícil, porque se vive todo dia. Mas, essa convivência é importante. É um trabalho desafiador de construção de políticas de equidade.

Enfim, é preciso ser solidários com as dores de todos.


Racismo nas escolas é desafio para pais e educadores. Como lidar com o problema?

O racismo é em geral invisível quando as vítimas são negros pobres da periferia. Crianças e jovens são alvos frequentes de humilhação hedionda em razão de cor da pele, religião, características físicas ou intelectuais. Não se pode esquecer que a legislação brasileira pune esses atos como crimes e que, perante a lei, os pais são responsáveis pelo que seus filhos fazem.

Educadores não têm o poder de manter o racismo, a intolerância religiosa e outros preconceitos fora das instituições de ensino. Porém, a pior das decisões é tentar apenas agradar ao tribunal das redes sociais ou dos grupos de mensagens quando o horror vem à tona. Assim, é possível:

1.     Fazer um trabalho contínuo de prevenção;

2.     Criar canais de denúncia eficientes;

3.     Acolher e cuidar das vítimas e de suas famílias;

4.     Identificar jovens agressores e tomar medidas corretivas;

5.     O ato não pode ser tratado com leveza;

6.     Transformar os agressores em cidadãos incapazes de cometer o mesmo crime.

Enfim, tudo isso sem atropelo. Lembra que a escola é um ambiente que quer formar cidadãos.


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