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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

segunda-feira, 1 de abril de 2024

O que fazer com as memórias?

 

“1964 foi tramado nas nossas elites econômica, intelectual e militar, com amparo republicano de forças conservadoras e financeiras do imperialismo norte-americano. Contou com apoio significativo das classes médias urbanas e dos principais veículos de comunicação. O regime que dele resultou foi uma peruca transplantada por malvados estrangeiros e consentido por falsos patriotas com as cores do Brasil. Infelizmente, o bolsonarismo tem raízes sociais e históricas”.

Lula não quer perder tempo alimentando crises existenciais. Seu foco é governar – combater a fome, criar empregos e cuidar do povo e do meio ambiente. Está correto!

Não houve nem haverá um pedido estatal de desculpas pelas violações de direitos humanos da ditadura militar. “Não posso ficar remoendo o passado sempre” (Lula).

O governo não participou de atos de memória sobre os 60 anos do golpe de 1964. A motivação: não melindrar o que já está melindrado e escancarado – os quartéis. Aliás, não há um consenso nacional mínimo sobre essa parte sombria de nosso passado recente. Nosso próprio sistema de Justiça não produziu conclusões incontestáveis sobre isso, com os crimes e os nomes dos torturadores e assassinos inscritos em documentos judiciais. Bem que Dilma tentou, mas foi justamente isso o estopim do seu Impeachment.

O problema é que ficamos com o fantasma da impunidade nos rondando, navegando por águas turvas. As Forças Armadas continuam a batizar o golpe de Estado como revolução. Nas escolas militares, justifica-se o regime ditatorial. Nos dias 31 de março, ordens do dia quase celebram a ruptura da ordem democrática. Uma facção minoritária de generais e coronéis embarcou na trama golpista de Bolsonaro. Os quartéis, melindrados.

Tanto do lado da direita quanto na esquerda, houve engajamento na luta armada e muitas traições. Que reparação houve? A simbólica, apenas? Oposições aventureiras e inconsequentes tombam pessoas, algumas viram heróis da resistência e outras simplesmente tombam. E não se pode adentrar a fundo nesse ponto, pois pode parecer tendencioso. Censura? Evita-se a revisão crítica das estratégias das ações violentas “exemplares”. Será por que poucos se atrevem à defesa explícita em público das estratégias da luta armada? Convicção e subjetividade bastam? Ou o valor das liberdades políticas e do sistema democrático circunscreve-se à retórica oportunista para consumo interno?

Mas, em vez de ficar brigando e se gladiando internamente, é certo lembrar que a Casa Branca e a CIA ofereceram amparo ao golpe. Um golpe norte-americanizado e imperialista dos EUA com as cores do Brasil. Aliás, os republicanos conservadores estavam de conluio com Moro, a Lava-Jato e Bolsonaro. Dilma espionada. Portanto, existem interesses mais amplos do Capitalismo financeiro global por trás desses dilemas domésticos.

O problema é que revirar o passado pode avivá-lo. A memória nacional não é boa, e lembranças ruins causam mágoas, desgostos, desafetos e mais desentendimentos numa nação já altamente polarizada. Não que devamos negar a história, omitir ou fugir dela. Político e estrategicamente, cabe questionar se é o momento mais oportuno de levar o Brasil outra vez ao divã, como fez Bolsonaro. Consensos nacionais básicos já foram feitos sobre isso: as urnas aprovaram Lula.3, o país não quer armas, mas comida, trabalho e educação. Não desejamos escavar memoriais e viver olhando para o passado, desejamos construir coisas boas e olhar para o futuro. Não se trata de vício de conciliação por cima ou ofuscamento da história, mas de não alimentar estéreis guerras de narrativas que nos fazem perder a oportunidade de viver e ser feliz.

Logo, o mais sensato mesmo é investir em processos eleitorais não viciados nem viciosos, melhorar a educação e aprender a votar bem. Necessário para que não precisemos de dilemas como a luta armada, pois ações com gatilhos sob o pretexto da uma vanguarda em armas como faísca da revolta das massas podem acabar em emboscadas, como assaltos a bancos, sequestros de diplomatas e entrega de companheiros de luta. Na direita, genocídios; na esquerda, ensaios de guerrilha na selva como pretextos para o endurecimento da repressão estatal.

Enfim, o que fazer com as memórias? Ora, usá-las como aprendizado para governar o presente, conter o passado ruim e melhorar o futuro.

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