Recompra da Refinaria de Mataripe?!

 

A estratégia de reaquisição é por uma espécie de “IPO privado” – lançar ações em Bolsa. Assim, seriam recompradas pela Petrobras mais de 51% dessas ações da unidade, reincorporando o ativo em seu patrimônio e voltando a refinaria ao controle estatal.

Mataripe responde por pouco mais de 10% da capacidade de refino do Brasil e foi a maior entre as 4 unidades que foram vendidas pela Petrobras no antigo programa de ativos da companhia, arrematada em leilão em 2021 pelo Mubadala, fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, na gestão do inelegível.

A tese infeliz de vender as refinarias para gerar concorrência não deu certo! Pode, por exemplo, uma refinaria de Porto Alegre competir com a da Bahia na própria Bahia? Claro que não! Quem tem que suprir a Bahia é a refinaria local ou quem conseguir importar o que a refinaria local não puder suprir ou se ela exagerar no preço. A regulação é própria. Não é fábrica de calçado! Refinaria não é assim, tem área de influência, e isso está provado! Vender uma refinaria no meio de um mercado que tem uma área de influência bem definida não faz diferença em termos de preços.

O Mubadala pagou US$ 1,8 bilhão por 100% das ações.

Ressalvas:

¶ A ideia em estudo ainda precisa passar por aprovação dos conselhos de administração das empresas;

¶ Ainda haverá a contratação de uma empresa de avaliação para definir o preço, que levará em conta análises do fluxo de caixa, com estudo da perspectiva de crescimento da unidade, do setor e os futuros investimentos;

¶ Não está descartada a entrada de um novo sócio. Porém, o percentual de participação deverá ser majoritário, com ou sem esse outro sócio, garantindo a ideia de recuperar a liderança da estatal na operação;

¶ Os estudos indicam que Mataripe poderia ser isolada em uma Sociedade De Propósito Específico (SPE), que passaria por uma operação de venda para a estatal;

¶ As negociações estão sendo feitas diretamente entre o presidente da Petrobras (Jean Paul Prates) e o comando do Mubadala no exterior (o CEO do Mubadala Investment Company e presidente do Conselho de Administração do Mubadala Capital, Waleed Al Mokarrab Al Muhairi);

¶ Embora a refinaria tenha sido rebatizada de Mataripe, Prates ainda a chama de Rlam (Refinaria Landulpho Alves, nome usado nas últimas décadas);

¶ A nova configuração societária e operacional está prevista para esse primeiro semestre de 2024;

¶ A Petrobras está lançando uma nova tecnologia (o Hisep) que faz a separação de água e óleo com reinjeção de gás carbônico no fundo do oceano (descarbonização). O equipamento deve ser instalado em 2025 na área de Mero, no pré-sal da Bacia de Santos. O investimento é de US$ 1,7 bilhão. Hoje, 25% do gás carbônico reinjetado no mundo (em campos de petróleo) é da Petrobras.

¶ O pagamento de royalties pela indústria de extração de petróleo e gás no país totalizou R$ 53,6 bilhões em 2023, cerca de 9,2% a menos do que no ano anterior. O valor transferido diretamente aos estados foi de R$ 14,37 bilhões, enquanto os municípios receberam R$ 18,15 bilhões (Dados da ANP). O pagamento dos royalties é dividido de acordo com o quanto cada cidade contribuiu para a produção nacional. Ranking dos municípios mais bem pagos em royalties (2023):