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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

sábado, 24 de fevereiro de 2024

A estupidez humana.

 

O que realmente ameaça a Humanidade não é a IA ou outra invenção qualquer. É a estupidez humana!

Os seres humanos mentem bem em qualquer língua. Aliás, a mentira é muito mais antiga do que a Humanidade. É tão antiga quanto a vida. Uma borboleta abre as asas, onde estão desenhados dois olhos enormes e redondos, e logo se transforma numa coruja. Com esta mentira, extraordinariamente realista, a borboleta afugenta os pássaros que a iriam comer (a mentira para o bem de um). Também existem muitas plantas e animais que fazem o oposto: mentem para atrair comida (a mentira para o mal de outros). Talvez a mentira tenha começado por ser apenas uma estratégia de sobrevivência (camuflagem e mimetismo) – e depois aperfeiçoou-se (as fake news profissionais).

Diante disso, o mundo de Darwin nem é mais dos espertos; o mundo é dos céticos. Há pássaros que fugirão da borboleta, acreditando que é uma coruja (os pássaros ingênuos). Outros comerão a borboleta mesmo assim (os pássaros céticos). Acontece algo semelhante entre as pessoas. Em todos os tempos e em todas as culturas sempre existiram pessoas mais céticas, e pessoas mais ingênuas. Quais morrem de fome?

Se o ceticismo bota a mesa e a ingenuidade a retira, logo os céticos possuiriam alguma vantagem evolutiva. A dúvida, a pergunta, a indagação podem por fim às borboletas mentirosas. Mas, não é isso que se verifica, ao menos em nossa espécie. Por quê? Porque ao longo dos séculos, as mentiras foram-se adaptando e sofisticando, servindo-se das tecnologias de cada época e de cada civilização para melhor se propagarem. E a quantidade de pessoas que acreditam em mentiras de fundo político, em logros e rumores, tem-se mantido constante ao longo da História; a percentagem de mitômanos também.

Veja a discussão sobre a IA e o perigo deste novo instrumento ser utilizado para criar e disseminar mentiras. Os vídeos falsos de animação produzidos por ela poderão enganar muitas pessoas ao longo dos próximos anos. Os novos bonecos animados que simulam a realidade, no fundo, não é novidade. É apenas moda e barateamento, todo mundo entrando na onda de criar uma simulação de si e chamar de sua. O avatar é uma mentira sobre nós, para esconder nossa aparência e capturar nossa subjetividade. É por isso que odeio jogar on-line com pessoas fantasiadas de avatares. É como se estivesse assistindo ao programa da Ivete Sangalo na Globo, os mascarados do The Masked Singer Brasil. Aliás, a televisão já fazia isso há muito tempo e muito melhor, afinal, todos os vídeos são animações, incluindo os hiper-realistas.

A pitada de inovação é estupidamente encantadora e barata. Os longas de animação que utilizam técnicas tradicionais tendem a ser incrivelmente caros, envolvendo dezenas de desenhistas e de outros profissionais, e levando por vezes muitos anos para serem concluídos. No imediato, os novos recursos chegaram para produzir cinema de animação não realista ao preço da chuva.

Se Karl Marx ou Paulo Freire ainda vivessem e tivessem que adaptar seus pensamentos ao mundo digital, todos céticos, talvez dissessem que a pequena elite que domina e a grande massa de dominados se transformaram em uma pequena classe de inteligência humana, que cria e manipula por detrás de todo esse processo, e outra grande massa (des)conectada a essa realidade. Os poderosos das Big Techs  sugando as mentes das massas de trabalhadores, consumidores e desapropriados. 

Ou ninguém mais se lembra dos alertas do poder da Matrix e de Avatar? Essa Matrix ou “mãe” ou útero ou órgão das fêmeas dos mamíferos onde o embrião e o feto se desenvolvem. O molde e circuito de codificadores e decodificadores de cores primárias e sons. A rede de entrada e saída de elementos lógicos. Ali onde a vida real é “uterina” e a imaginária é forjada pelos circuitos.  Um novo poder mais sofisticado que passou a usar e controlar a inteligência humana para dominar o mundo, criando uma realidade virtual ou uma falsa realidade na qual todos acreditam. Ela subsiste sugando o sistema nervoso central dos humanos. É o computador gigantesco que escraviza os homens, usando a mente deles para controlar as próprias percepções, sentimentos e pensamentos, fazendo-os crer que o aparente é real. A Matrix tem centros artificias programados para impedir a libertação e a verdadeira liberdade humana. Estão todos aprisionados numa simulação de vida, borboletas prontas para ser alimento dos céticos. Novos meios, velhas mentiras. 

Enfim, acusar as invenções humanas em si de serem grandes perigos para a nossa existência é outra grande mentira, pois, se repararmos bem, a questão é secundária. Não são os produtos da criação humana que nos ameaçam. O que ameaça a humanidade é a humanidade. A estupidez humana.

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