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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

"Esse eu conheço!"

 Leis e costumes deveriam ser coerentes, mas no Brasil o costume costuma prevalecer e muitas leis são inúteis. É a expressão notória do “esse eu conheço” que traz de volta o condenado, apesar de sua desonestidade ou incompetência.

O igual diferenciado. O Brasil não é um país para amadores e tampouco para principiantes. É uma peculiar democracia republicana em que todos são iguais perante a Lei, porém alguns são claramente mais iguais do que os outros. O igual diferenciado não hesita em dar a carteirada definidora com o intimidador: "Você sabe com quem está falando?". Os desatinos e as incongruências nacionais como o fenômeno da fila, evidenciador do pseudoigualitarismo nacional.

Brasileirismo” é como o carnaval. É um “conhecer cultural” inscrito no nosso inconsciente. Outra coisa escondida é a hierarquia das nossas relações sociais, e o modo como as vivenciamos. Nossa aversão à impessoalidade chega às raias da repulsa. De tal modo que a regra universal é tida como desgraça ou castigo. É uma “naturalidade” seguir esses costumes, mas achar absurdo cumprir leis que são formalidades reguladoras de costumes, como as normas de trânsito ou as regras de comensalidade ou de controle financeiro. Como não arrotar, roubar o Erário ou, exceto no carnaval, mijar na rua.

Sobre o campo dos privilégios abusivos das elites, elas imaginam não cometer crimes e, se criticadas, sentem-se vítimas de mentiras, tramoias, má-fé ou “mancomunações”.

A sensação de um ambiente contaminado por negacionistas tem custo enorme para a reputação brasileira e afasta empresas e investidores sérios do país. Negacionistas são feitas nas sombras justamente para ficarem longe do escrutínio público.

Essa cultura indiferente ao impessoal faz o Brasil cair 10 posições em ranking contra corrupção. Numa escala em que zero é o cenário menos e 100 o mais corrupto, o Brasil ficou com 36 pontos. Caiu 10 posições, para o 104º lugar entre 180 países (lista de percepção de corrupção feita pela ONG Transparência Internacional). Precisamos de mecanismos institucionais mais eficientes que a Lava-Jato para disciplinar a fome das empresas sobre o Estado e não só. Precisamos sobrepor às leis aos costumes que, tal como o uso do cachimbo, deixa a boca torta.

Enfim, no Brasil, ser “conhecido” daquele “eu” que é o dono dos donos do poder, aponta como não conseguimos escapar das repetições que uma estúpida polarização formaliza. E, de quebra e lambuja, desmascara quem são as eminências e excelências que – à direita e à esquerda, em cima e embaixo, reinam entre nós. 

Do mandão geral que não erra e de quem todos puxam o saco, naquele cordão que jamais termia. 


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