POLÍTICA MEDIEVAL (30-1515).
Teoria política moldada pela teologia cristã (o Cristianismo e o Islã). A igreja não só deu um basta nas ideias da Antiguidade Clássica, mas as alterou, absorveu e incorporou a seu modo e interesse (a fé engoliu o conhecimento), promovendo a ascensão do poder político da Igreja e do papado.
A Europa Medieval foi governada pela Igreja Católica de modo mais fechado e também houve uma forte influência política-religiosa do islã, uma religião com um propósito imperialista, porém de modo mais aberto. Ambas foram influenciadas pelo pensamento político secular reeditado (como as ideias adaptadas de Platão e Aristóteles).
Tudo estava indo bem até o Cristianismo tomar conta... O Império Romano cresceu em força no século I a.C. (toda Europa, África mediterrânea e Oriente Médio) e se expandiu no século II, chegando ao ápice do seu poder. A cultura imperial romana tinha ênfase na prosperidade e na estabilidade. Ela ameaçava substituir os valores eruditos e filosóficos associados às repúblicas de Atenas e Roma. O Império Romano simplesmente não tinha muito tempo para filosofia e teoria (era pagão). Mas... Ao mesmo tempo, uma nova religião se arraigava dentro do império: o Cristianismo.
No milênio seguinte, o pensamento político foi dominado pela Igreja na Europa, e a teoria política foi moldada pela teologia cristã. As ideias da Antiguidade Clássica foram negligenciadas (no sentido de alteradas e incorporadas)! Um fator primordial na substituição de ideias era a ascensão do poder político da Igreja e do papado. A Europa medieval foi, de fato, governada pela Igreja, uma situação que acabou sendo formalizada em 800 com a criação do Sacro Império Romano sob Carlos Magno (coroado imperador de Roma).
Na Europa, a educação se tornou prerrogativa do clero e a estrutura da sociedade foi prescrita pela Igreja, não havendo muito espaço para discórdia. Agostinho de Hipona interpretou as ideias de Platão à luz da fé cristã, para examinar questões tais como a diferença entre as leis divinas e humanas, bem como se poderia haver algo como uma guerra justa. Já Tomás de Aquino tentou integrar as ideias de Aristóteles à teologia cristã, levantando questões que haviam sido evitadas sobre assuntos como o direito divino dos reis e o debate sobre a lei secular x a lei divina e definindo as “virtudes cardeais e teologais”, fazendo uma distinção entre a lei natural, humana e divina.
Quem levou ideias novas para uma Europa mais fechada foi a influência islâmica. Na Espanha, as duas fés coexistiram. A introdução do pensamento secular na vida intelectual teve um profundo efeito no Sacro Império Romano. Vários estados-nação afirmaram sua independência, e os governantes entraram em conflito com o papado. A autoridade da Igreja nos assuntos civis foi posta em xeque, e filósofos como Egídio Romano e Marsílio de Pádua tiveram de escolher um lado ou outro.
Novas nações desafiaram a autoridade da Igreja e o povo também passou a questionar o poder de seus monarcas. A Idade Média chegava ao fim:
A) Na Inglaterra, o rei
João foi forçado por seus barões a ceder parte de seus poderes;
B) Na Itália, dinastias tirânicas foram substituídas pelas repúblicas, como a de Florença, onde começou o Renascimento (foi lá que Nicolau Maquiavel, um forte símbolo do pensamento renascentista, chocou o mundo ao produzir uma filosofia política totalmente pragmática em sua moralidade). Assim, o pensamento de Maquiavel é produto e transição da política medieval – um forte símbolo do pensamento renascentista (uma filosofia política totalmente pragmática em sua moralidade). Com “O príncipe” ele deu início, de fato, à ciência política moderna.
Extras:
·
De
acordo com a tradição católica, São Pedro torna-se
o primeiro bispo de Roma, e seus sucessores passam a ser conhecidos como
papas.
·
Constantino I torna-se o primeiro imperador cristão do Império Romano.
·
O
imperador Teodósio I estabelece o cristianismo como a religião oficial de
Roma.
·
Plotino,
filósofo romano, resgata as ideias de Platão (movimento neoplatônico) e
influencia os primeiros pensadores cristãos;
·
No
começo da Europa cristã, o pensamento político estava subordinado ao dogma
religioso, e as ideias da Antiguidade clássica foram negligenciadas. Um fator
primordial para isso (substituição de ideias) era a ascensão do poder político
da Igreja e do papado.
· O islã se abriu ao pensamento político secular, encorajado por uma ampla educação e o estudo de pensadores não islâmicos (Arábia, Maomé). Aliás, foi o Maomé que escreveu a “Constituição de Medina”, estabelecendo o primeiro governo islâmico. Estudiosos integraram as ideias de Platão e Aristóteles à teologia islâmica. Cidades como Bagdá se transformaram em centros de aprendizado, e estudiosos como al-Kindi, Al-Farabi, Ibn Sina (Avicena), Ibn Rushd (Averróis) e Ibn Khaldun surgiram como teóricos políticos. Na “Cidade virtuosa”, Al-Farabi usa as ideias de Platão e Aristóteles para imaginar um Estado islâmico ideal.
As leis evitam o abuso de poder.
“O papel do governo é prevenir a injustiça” (Ibn Khaldun).
“Um governo sem justiça
nada mais é do que um bando de ladrões” (Agostinho de Hipona).


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