Quem sou eu

Minha foto
São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
Obrigado pela visita!
Deixe seus comentários, e volte sempre!

"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

Arquivos do blog

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Política Medieval: a fé engoliu o conhecimento (PARTE I).

 

POLÍTICA MEDIEVAL (30-1515).

Teoria política moldada pela teologia cristã (o Cristianismo e o Islã). A igreja não só deu um basta nas ideias da Antiguidade Clássica, mas as alterou, absorveu e incorporou a seu modo e interesse (a fé engoliu o conhecimento), promovendo a ascensão do poder político da Igreja e do papado.

A Europa Medieval foi governada pela Igreja Católica de modo mais fechado e também houve uma forte influência política-religiosa do islã, uma religião com um propósito imperialista, porém de modo mais aberto. Ambas foram influenciadas pelo pensamento político secular reeditado (como as ideias adaptadas de Platão e Aristóteles).

Tudo estava indo bem até o Cristianismo tomar conta... O Império Romano cresceu em força no século I a.C. (toda Europa, África mediterrânea e Oriente Médio) e se expandiu no século II, chegando ao ápice do seu poder. A cultura imperial romana tinha ênfase na prosperidade e na estabilidade. Ela ameaçava substituir os valores eruditos e filosóficos associados às repúblicas de Atenas e Roma. O Império Romano simplesmente não tinha muito tempo para filosofia e teoria (era pagão). Mas... Ao mesmo tempo, uma nova religião se arraigava dentro do império: o Cristianismo.

No milênio seguinte, o pensamento político foi dominado pela Igreja na Europa, e a teoria política foi moldada pela teologia cristã. As ideias da Antiguidade Clássica foram negligenciadas (no sentido de alteradas e incorporadas)! Um fator primordial na substituição de ideias era a ascensão do poder político da Igreja e do papado. A Europa medieval foi, de fato, governada pela Igreja, uma situação que acabou sendo formalizada em 800 com a criação do Sacro Império Romano sob Carlos Magno (coroado imperador de Roma).

Na Europa, a educação se tornou prerrogativa do clero e a estrutura da sociedade foi prescrita pela Igreja, não havendo muito espaço para discórdia. Agostinho de Hipona interpretou as ideias de Platão à luz da fé cristã, para examinar questões tais como a diferença entre as leis divinas e humanas, bem como se poderia haver algo como uma guerra justa. Já Tomás de Aquino tentou integrar as ideias de Aristóteles à teologia cristã, levantando questões que haviam sido evitadas sobre assuntos como o direito divino dos reis e o debate sobre a lei secular x a lei divina e definindo as “virtudes cardeais e teologais”, fazendo uma distinção entre a lei natural, humana e divina.

Quem levou ideias novas para uma Europa mais fechada foi a influência islâmica. Na Espanha, as duas fés coexistiram. A introdução do pensamento secular na vida intelectual teve um profundo efeito no Sacro Império Romano. Vários estados-nação afirmaram sua independência, e os governantes entraram em conflito com o papado. A autoridade da Igreja nos assuntos civis foi posta em xeque, e filósofos como Egídio Romano e Marsílio de Pádua tiveram de escolher um lado ou outro.

Novas nações desafiaram a autoridade da Igreja e o povo também passou a questionar o poder de seus monarcas. A Idade Média chegava ao fim:

A)   Na Inglaterra, o rei João foi forçado por seus barões a ceder parte de seus poderes;

B)    Na Itália, dinastias tirânicas foram substituídas pelas repúblicas, como a de Florença, onde começou o Renascimento (foi lá que Nicolau Maquiavel, um forte símbolo do pensamento renascentista, chocou o mundo ao produzir uma filosofia política totalmente pragmática em sua moralidade). Assim, o pensamento de Maquiavel é produto e transição da política medieval – um forte símbolo do pensamento renascentista (uma filosofia política totalmente pragmática em sua moralidade). Com “O príncipe” ele deu início, de fato, à ciência política moderna.

Extras:

·       De acordo com a tradição católica, São Pedro torna-se o primeiro bispo de Roma, e seus sucessores passam a ser conhecidos como papas.

·       Constantino I torna-se o primeiro imperador cristão do Império Romano.

·       O imperador Teodósio I estabelece o cristianismo como a religião oficial de Roma.

·       Plotino, filósofo romano, resgata as ideias de Platão (movimento neoplatônico) e influencia os primeiros pensadores cristãos;

·       No começo da Europa cristã, o pensamento político estava subordinado ao dogma religioso, e as ideias da Antiguidade clássica foram negligenciadas. Um fator primordial para isso (substituição de ideias) era a ascensão do poder político da Igreja e do papado.

·       O islã se abriu ao pensamento político secular, encorajado por uma ampla educação e o estudo de pensadores não islâmicos (Arábia, Maomé). Aliás, foi o Maomé que escreveu a “Constituição de Medina”, estabelecendo o primeiro governo islâmico. Estudiosos integraram as ideias de Platão e Aristóteles à teologia islâmica. Cidades como Bagdá se transformaram em centros de aprendizado, e estudiosos como al-Kindi, Al-Farabi, Ibn Sina (Avicena), Ibn Rushd (Averróis) e Ibn Khaldun surgiram como teóricos políticos. Na “Cidade virtuosa”, Al-Farabi usa as ideias de Platão e Aristóteles para imaginar um Estado islâmico ideal.

As leis evitam o abuso de poder. 

“O papel do governo é prevenir a injustiça” (Ibn Khaldun).

“Um governo sem justiça nada mais é do que um bando de ladrões” (Agostinho de Hipona).

Nenhum comentário:

Postar um comentário