Quem sou eu

Minha foto
São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
Obrigado pela visita!
Deixe seus comentários, e volte sempre!

"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

Arquivos do blog

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Dezembro – um golpe de marketing.

Dezembro é um mês de baixo astral travestido de “boas festas e feliz ano novo”. Vende-se um clima festivo, leva-se uma gincana insalubre.

Herdamos uma pandemia e um pesado processo eleitoral polarizado, com outro que já se anuncia. Relações de muita embalagem e pouco conteúdo, muito ódio e zero empatia. Compromissos colidindo em cadeia como em um engavetamento no trânsito: encurralados por dívidas, ressacas, engarrafamentos e uma lista de tarefas que bate todos os recordes, presos em uma fila interminável.

Dezembro é vermelho, e a cor aqui tem o mesmo significado do semáforo. Por quê? Porque convencionalmente é uma linha de chegada ofegante, onde quem consegue cruzar é forçado a fazer um balanço mental e emocional de tudo o que passamos. Isto é, nos submete a perdas e danos. Depressivos ficam mais depressivos, culpas e ressentimentos ficam mais realçados, vazios ficam mais escavados. Preencher com o quê? Um presente com verniz apenas para o comércio vender mais? Nada autêntico.

O mês de dezembro é uma farsa ornada por neve artificial, árvore verde, mas cortada, e luzes piscantes. Todo mundo cisma de se encontrar contra a vontade, como se fosse preciso amar à força, como se não houvesse um apocalíptico ano que vem. E é aí que o desejo de “boas festas” tem outra semântica. Não é a de celebrar, planejar, concluir metas e preservar tradições. É se reconfortar no calvário que criamos e que nos torna cansados e sobrecarregados.

Tudo isso prova empiricamente que o processo não está bom. Afinal, dezembro é um produto evasivo. Por isso há recusa de participar de amigos ocultos, há quebra de correntes natalinas no WhatsApp e na vida real, aquela desculpa esfarrapada do “ano que vem eu resolvo”, com o “ano que vem” sorrindo ironicamente logo ali. Então a gente chega de mãos abanando na ceia, porque esse se torna o melhor presente de Natal que você poderia se dar, quando não acontece aquela desculpa para furar prazos e confraternizações.

Talvez dezembro seja a época mais propícia do ano para simplesmente desistir. Desistir disso tudo que ele terrivelmente representa. Encará-lo de dentro. Porque é lá de dentro que resiste a VIDA.

Enfim, talvez a única coisa merecida de celebrar no Natal seja a sobrevivência da minha mãe e a minha. E essa consciência ainda de pé sobre esse mundo cruel, desumano e digitalmente cretino. Ah, e tem também a vitória do Lula...

Feliz Natal e um Feliz Ano Novo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário