Quando a esquerda é mais adversária do que a oposição.
Você que é professor/a sabe muito bem da distância que muitas vezes há entre aqueles que dão lindas palestras sobre educação e a realidade da sala de aula que você assume. Nesse aspecto, uma coisa é a teoria, outra, a prática. Isso também vale para a política.
Vô Lula tem uma base formada por 14 partidos, mas isso não significa fidelidade total. Deputados do PSOL (Sâmia, SP; Boulos, SP e Tarcísio RJ), por exemplo, têm jogado contra o governo pela inexperiência de achar que estar no poder é suficiente para garantir a taxação de super-ricos e controlar o arcabouço fiscal – e ainda manter-se no poder.
Aliás, em 2003, por discordarem da Reforma Previdenciária no primeiro mandato de Lula, Luciana Gerno, Heloísa Helena, Babá e João Fontes deixaram a sigla para dar início ao Partido Socialismo e Liberdade (o PSOL). Achou ruim, depois veio o governo Michel Temer e Bolsonaro, e vejam só no que deu!?
Quando vô Lula fez jogo com o Centrão para aprovar na Câmara o projeto que prevê a taxação dos "super-ricos" (aquele que resultou na demissão do presidente da Caixa para acomodar o aliado do presidente da Câmara), as “traições” da base foram imediatas! Entre os partidos que integram a base de Lula, 29 deputados se opuseram a proposta, enquanto 38 se abstiveram. Por irônico que pareça, já na oposição, o cenário se inverteu: 38 parlamentares votaram com o governo, enquanto 18 se abstiveram na proposta que atende os interesses do presidente. Na maior bancada da Casa, a do inelegível (o PL soma 29% de adesão à pauta governista), 12 deputados se manifestaram a favor.
Mas, não acredite que a
oposição esteja com vô Lula. Ainda assim, PP, MDB, União Brasil, Republicanos e
PSD – que, juntos, somam 9 ministérios – têm 23 deputados que votaram contra o
governo em 75% das ocasiões.
Na esquerda, a afinidade parece se restringir ao campo ideológico, mas se distancia das agendas reais. Na direita, há muitos nomes que se distanciam do núcleo duro bolsonarista e que, sim, votam com o governo em determinadas ocasiões. Negociação e muito jogo! Pensar política é uma coisa, fazer política é quase outra. Há muitos interesses em jogo e a realidade neoliberal também pesa muito.
“A
base do governo é enorme, e uma parte está rachada; alguns apoiando Lula e
outros não. Mas nem todo mundo está com Bolsonaro ou Lula. Tem aqueles que,
dependendo da pauta, do que está sendo negociado por trás, vão com um dos
lados. A articulação tem sido suada, difícil, mas o governo tem conseguido
aprovar suas pautas”.
Pelo menos até aqui já deu para compreender que "Fogo Amigo" é uma expressão eufêmica utilizada politicamente no que tange os aspectos de ataques "aliado a aliado", ou "inimigo a inimigo".
Vejamos algumas porcentagens gerais:
·
82% - Percentual de fidelidade do PSDB nas pautas econômicas.
Reconhecidos opositores, os tucanos entregaram mais nas votações do que
psolistas.
·
O PL de Jair Bolsonaro soma 29% de adesão à pauta
governista.
·
PP, MDB, União Brasil, Republicanos e PSD – que,
juntos, somam 9 ministérios – têm 23 deputados que votaram contra o governo em
75% das ocasiões.
·
Apenas o Novo, com 3 deputados, posiciona-se
completamente avesso à gestão Lula.
· Cidadania, Patriota, PL, Podemos, PSC e PSDB é de 75%.
Enfim, no campo das negociações reais, nem sempre as agendas fecham com as ideias que temos. Às vezes, nem é Lula que é pessimista. A realidade, a telinha e seus membros é que são péssimos mesmo!
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