A tarefa de um organizador, alguém que não fosse um educador, é conseguir alcançar uma meta da melhor forma possível e ponto. Busca e quer saber o melhor meio de lidar com aquela situação. A tarefa de um organizador não é educar as pessoas como consideração prioritária. Sua tarefa é realizar uma meta limitada e específica (e não que isso não seja maravilhoso ou que não tenha valor). Apenas que há uma diferença entre organizar e educar.
Do ponto de vista progressista, um educador não deve nunca se tornar um especialista. Já um organizador, muitas vezes, descobre que essa é sua maior vantagem, ser um especialista. Educador: “Minha especialidade é saber não ser um especialista, perito ou um líder carismático”. Ou seja, um professor de verdade não quer que um especialista lhes diga o que fazer. Ele quer que o especialista lhes diga os fatos e deixe que eles decidam o que fazer. Há uma grande diferença em dar informação e em dizer às pessoas como usar essa informação.
Não tenho problemas em usar a informação que os especialistas oferecem, desde que eles não digam “isso é o que vocês têm que fazer”. Eles não têm o direito de tirar o poder das pessoas de tomarem decisões. O limite do especialista é o ponto em que ele não diz às pessoas o que fazer. O problema é que até hoje são muito poucos os especialistas que sabem onde é o limite. Isso significa que quem é dependente de um especialista irá chamar outro e mais outro especialista quando precisar de ajuda. Isso é perda de poder. Isso é submissão.
Talvez, como resultado disso, possa haver um sucesso da organização, mas não há transmissão de poder para as pessoas, nenhum aprendizado. Você não tem o direito de antecipar nada porque isso tira a dinâmica de aprender a lidar com os problemas e o sentido de responsabilidade. A gente aprende fazendo aquilo que deve fazer e não há nenhuma transmissão de poder que possa resultar disso.
Quem educa não ensina a passar os seus problemas para um especialista. Isso não é educar, é fazer terapia. Quem educa ensina a trabalhar a informação em sua própria mente para ser capaz de usá-la quando precisar. Quem educa ensina a lidar com seus problemas, encará-los, enfrentá-los e resolvê-los. Se você lhes nega o direito de fazer que essa informação seja sua, a informação não poderá nunca ser parte de sua experiência, de sua experiência de aprender, nunca será sua realmente.
Enfim, se eu sou um
especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou
em saber como acho que especialistas devem ser utilizados.
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