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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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segunda-feira, 6 de novembro de 2023

A falta de boas lideranças políticas.


“Não existe democracia representativa forte sem partidos fortes. E não há partidos fortes sem conteúdo programático vivo e sem a permanente formação de novas lideranças”.

A falta de boas lideranças de esquerda no Brasil expressa a crise de suas formações políticas e públicas. De quem é o dever de capacitar e desenvolver essas lideranças?

Existe no Brasil uma série de entidades, bancadas com dinheiro público, que podem e devem fazer muito mais pela formação de novas lideranças políticas. São as fundações e os institutos vinculados aos partidos políticos, que, por lei, recebem ao menos 20% dos recursos do Fundo Partidário.

Segundo a legislação eleitoral, todo partido político deve ter uma fundação ou instituto de direito privado destinado ao estudo e pesquisa, à doutrinação e à educação política. Tal disposição legal expressa uma aspecto fundamental da natureza dos partidos políticos. Eles não são meras agremiações de pessoas. Devem ter um ideário e um conteúdo programático e, para tanto, precisam ser um espaço de pesquisa e foro de reflexão sobre os assuntos públicos. Mas não apenas isso. As legendas devem, como parte essencial de sua missão, formar pessoas – atrair e formar novas lideranças políticas.

Esse trabalho de reflexão, debate e formação de pessoas é fundamental para a democracia. Não basta haver Constituição e leis. Não basta ter sofisticação das estruturas burocráticas. Para que o regime democrático funcione é necessário ter pessoas bem formadas, com cultura política, com visão madura de país e de sociedade, com um olhar acurado sobre os problemas, os desafios e as oportunidades nacionais. Por isso, também em função da pluralidade que deve existir no cenário público, é natural que cada partido invista recursos na formação de seus quadros e lideranças.

No ano passado (2022), o valor total destinado às legendas por meio desse fundo foi de R$ 986 milhões. Ou seja, essas entidades receberam, só em 2022, cerca de R$ 200 milhões dos cofres públicos. O montante não seria tão expressivo se não fosse relevante para a Democracia. Ingenuidades à parte, pois se existem muitos recursos destinados a essas entidades, como eles são gastos ou investidos nessa direção de cursos e outros eventos formativos? É preciso transparência, controle e, a depender do caso, a devida responsabilidade jurídica.

Uma genuína renovação política passa necessariamente pelos partidos – e as fundações e institutos (que já existem, não precisa inventar nada) são fundamentais nesse processo. Basta agir certo e fazer o que deve ser feito, isto é, fazer acontecer.

Ora, os Sindicatos poderiam ser mantidos e fomentados com recursos públicos, tais como os partidos políticos. Por que o trabalhador precisa pagar contribuição sindical e os partidos não? Afinal, os partidos políticos são entidades privadas que devem ser mantidas por contribuições de seus associados e dos entusiastas do seu ideário. No entanto, se existe, no sistema partidário, uma destinação apta a merecer verba estatal em função de sua relevância pública, essa finalidade são as fundações e institutos de estudo, pesquisa e formação vinculados aos partidos. Entretanto, está estampada aí a crise.

Em suma, as fundações de partidos são mantidas com recursos públicos e têm a obrigação de formar suas novas lideranças políticas. Uma genuína renovação da política passa necessariamente pelas legendas. O desinteresse das pessoas em entrar de forma espontânea na vida pública e política é geral. Será que esse desinteresse é fabricado? Será que o esculacho da mídia e das redes aos líderes não é intencional?

Enfim, precisamos formar e valorizar mais os nossos líderes de hoje e amanhã. Sobretudo, os bons! Tudo bem que os melhores sejam forjados no fogo, na brasa e na labuta da vida engajada, calejados e lapidados pela história pessoal e coletiva de luta. Vez ou outra surge um ali ou outro acolá, mas são raros. Não podemos ficar à mercê do espontaneísmo histórico.

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